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Amostras de leite para exame microbiológico: qual o tipo de amostragem utilizar?

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E ALESSANDRA MÓDENA ORSI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 25/06/2016

3 MIN DE LEITURA

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0
Alessandra Módena Orsi
Marcos Veiga


A cultura de amostras de leite tem sido usada para diagnóstico das causas da mastite há muito tempo. Essa metodologia permite o isolamento e identificação dos patógenos causadores de mastites, sendo considerada o “padrão ouro” para comparação de resultados quando se usam outros testes de diagnósticos. Sem conhecer os agentes causadores de mastite, a tomada de decisões para controlar o problema é dificultada, pois somente pode-se tomar medidas gerais e não específicas dentro do rebanho. Sendo assim, questionamentos sobre procedimentos e tipos de amostragens que podem ser utilizados são comuns, entre as quais quando e como coletar as amostras para enviar ao laboratório. As principais considerações e recomendações para os procedimentos de coleta são:

Amostras compostas: são amostras coletadas a partir de todos os quartos da vaca. Pode ser uma opção para reduzir o custo total da cultura utilizada para rastreamento inicial de vacas com mastite contagiosa, como por exemplo em rebanhos com suspeita de mastite causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Por outro lado, o uso de amostras compostas apresenta como limitações a maior possiblidade de contaminação durante a coleta, pois todos os tetos devem ser cuidadosamente higienizados antes da coleta e a possibilidade de menor chance de identificação do agente em razão da diluição do leite dos quartos sadios. Além disso, os resultados de amostras compostas podem apresentar mais de um agente causador, pois mais de um quarto pode estar infectado. 

Um ponto importante para ter bons resultados em fazendas de alta prevalência de S. aureus, é que este rastreamento deve ser baseado em mais de uma coleta, pois alguns agentes possuem padrão cíclico de eliminação de bactérias no leite das vacas infectadas. Desta forma, quando feita somente uma coleta, a sensibilidade da cultura para identificação de S. aureus é de cerca de 75%, já que o agente pode estar presente na glândula mamária em contagens insuficientes para a identificação no laboratório. Sendo assim, para rebanhos com elevada prevalência de S. aureus, recomenda-se realizar o rastreamento das vacas positivas por meio da coleta de 3 amostras de cada vaca, com intervalo entre as coletas de 7 dias. Quando a vaca é identificada como positiva, não há necessidade de fazer as três culturas da mesma vaca, pois um resultado positivo já é suficiente para a identificação. As culturas sequenciais devem ser feitas nas vacas que apresentam resultados negativos.

Amostras de quarto mamário: são amostras coletadas a partir de apenas um quarto mamário da vaca. Pode ser utilizada para coleta de vacas com mastite clínica, pois o quarto afetado já foi anteriormente identificado pelo ordenhador no teste da caneca. Para a coleta de amostras por quarto de vacas com mastite subclínica, diagnosticadas pelo teste de CCS, recomenda-se realizar o CMT dos quartos e coletas somente da amostra dos quartos com reação positiva. Nesta situação, após a realização da CCS mensal de todas as vacas em lactação, seleciona-se as vacas com alta CCS, para que sejam submetidas ao teste de CMT e a coleta das amostras de leite somente dos quartos positivos ao CMT.

Amostras de tanque: deve ser utilizada para monitoramento da presença de agentes contagiosos no rebanho, como Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, uma vez que a presença destes agentes em amostras de tanque é indicativo de que existem vacas infectadas por estes agentes no rebanho. Além disso, amostras de tanque podem ser utilizadas para avaliar as condições específicas de higiene da fazenda e podem auxiliar na identificação de problemas de higiene e limpeza de equipamentos, deficiências no manejo de ordenha e na preparação das vacas antes da ordenha. Em algumas situações, a causa de alta CBT no leite pode ser a alta prevalência de vacas infectadas com Streptococcus agalactiae, o que resulta em rebanhos com alta CCS e CBT ao mesmo tempo. As análises de cultura de tanque têm maior utilidade para monitoramento da situação de rebanhos que apresentam uma situação boa de controle, mas não permitem a tomada de decisão em nível de vaca, pois são informações gerais do rebanho.

Congelamento e envio: após a coleta e correta identificação, recomenda-se que as amostras de leite sejam congeladas em freezer doméstico. É comum em fazendas com uma rotina de amostragem estabelecida esperar ter um volume de amostras para enviar para o laboratório visando a redução de custos de envio. Durante o tempo de armazenamento, alguns cuidados devem ser tomados para evitar perdas, pois alguns patógenos como os coliformes podem ficar inviáveis para crescimento durante o tempo de congelamento. A recomendação é que as amostras de leite permaneçam congeladas por no máximo 45 dias, sendo o ideal um período menor do que 30 dias até a análise.

Todo planejamento de coleta e envio deve ser feito com antecedência levando em consideração os pontos citados para um melhor aproveitamento e confiabilidade dos resultados obtidos.

Fonte: Dohoo et al. . Journal Dairy Science 94:5515, 2011.
 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

ALESSANDRA MÓDENA ORSI

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ANDREA MARIA LAZZARI

OUTRO - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 14/05/2019

Caro Marcos.... li uma resposta sua a um dos leitores onde não recomendas a realização de antibiograma, pois não oferece bons resultados para escolha de antibióticos para a mastite. Fiquei bastante curiosa sobre esta sua recomendação. Poderias me esclarecer. Grata e aguardo.
JOÃO SOARES

SOLÂNEA - PARAIBA - ESTUDANTE

EM 28/04/2019

Prof. Marcos,
Quanto a coleta de amostras para realização da CCS é correto coletar, por exemplo, frações iniciais e finais de leite por quarto mamário ao invés de coletar após a extração total a cada quarto?
Agradeço.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/09/2016

Prezado Celso,

Eu somente recomendaria o uso de laboratórios veterinários e que têm rotina de cultura de leite, o que normalmente não ocorre nos laboratórios humanos (que são geralmente mais caros e emitem resultados que não são compatíveis com as bactérias causadoras de mastite).

Não sei qual seria a sua localização, mas nosso laboratório da FMVZ-USP (www.qualileite.org) pode enviar os tubos para coleta e realizamos as culturas. Se tiver interesse, entre em contato pelo site para maiores informações.

Atenciosamente, Marcos Veiga
CELSO CARLOS

SÃO GOTARDO - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 28/09/2016

Olá boa noite? Gostaria de saber como proceder para realizar a cultura microbiologia do leite? Pode ser em laboratório humano mesmo ou tem algum laboratório específico que me envie o kit de coleta para eu enviar as amostras? E qual é o preço medio por cada exame? Obrigado
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/08/2016

Prezada Amanda,

A mastite ambiental pode ser causada por vários agentes causadores, sendo que alguns apresentam maior ou menor taxa de cura. O que ser recomenda é o tratamento da mastite clínica (com grumos no leite), que deve ser feita com antibióticos intramamários e sistêmicos, quando recomendado.

No entanto, não é possivel fazer recomendação de tratamento, sem informações sobre a fazenda, histórico da vaca, etc., com o auxílio de um médico veterinário.

Atenciosamente, Marcos Veiga
AMANDA1993

TARUMIRIM - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 03/08/2016

Ola gostaria de saber se a mastite ambiental tambem e curada com antibioticos?
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/08/2016

Prezado Rafael,

A recomendação geral é não tratar mastite subclínica causada por S. aureus e sim somente tratar a mastite subclínica causada por Strep. agalactiae. Nete casos de mastite subclínica, a recomendação geral é tratar na secagem.

Para fins de segregação, somente estes dois agentes seria recomendado (S. aureus e Strep. agalactiae). No entanto pelo que você colocou na mensagem, a sua situação é de mastite clínica (grumos) e sendo assim, todas as vacas deveriam ser tratadas, pois quando é feito o tratamento ainda não se sabe o agente.

Para vacas que já foram feitos mais de 3 tentativas de tratamentos, a recomendação seria parar os tratamentos e secar o quarto de forma permanente ou então descartar a vaca (última opção).

Eu não recomendo o uso de antibiograma, pois não oferece bons resultados para escolha de antibióticos para a mastite.

Atenciosamente, Marcos Veiga
RAFAEL COSSETIN TASSOTTI

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - OVINOS/CAPRINOS

EM 03/08/2016

Ola
Meu rebanho esta com aureus e agalacitiae, comecei a fazer linha de ordenha colocando vacas coms esses dois agentes para o final, no lote intermediario vacas com stap. epidermidis, pseudomonas aeruginosa no lote intermediario correto? ja experimentei tratar vacas de todos esses agentes elas até pararam de grumar algumas voltam dali algum tempo, mas continuam aparecendo positivas no cmt(foram tratadas apos antibiograma com antibioticos sensiveis), seria só na secagem a hora correta?
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/08/2016

Prezado Gustavo,

Numa situação ideal sim, seria necessário coletar 3 amostras de leite para confirmar um animal negativo, mas esta situação é somente quando tem suspeita de S. aureus. Os demais agentes não tem esta necessidade.

Além disso, tem que considerar se o rebanho tem um programa específico de controle de S. aureus e se tem alta prevalência. Estas 3 coletas seria recomendadas quando se tem como objetivo reduzir as novas infecções por S. aureus em um rebanho com alto padrão de controle de mastite.

Atenciosamente, Marcos Veiga
GUSTAVO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 03/08/2016

Após o diagnóstico microbiológico dos animais em lactação, os animais que vierem a parir (e não passaram pela cultura de leite) podem ser monitorados com apenas uma cultura entre 5 a 10 dias pós parto, ou o professor recomenda que seja feita coleta por 3 semanas seguidas nesses animais também?
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 07/07/2016

Prezado Sidney, a identificação de levedura pode ser uma causa de mastite, principalmente quando existe grande contaminação ambiental (e uso de tratamentos de dosagem múltipla). Deveria ser avaliado o histórico da vaca para ver se tem mastite crônica, que não responde a tratamentos com antibióticos, o que poderia explicar o isolamento de levedura.

Por outro lado, o isolmento de Bacillus somente teria significância quando for um caso de mastite clínica ou que tenha alta CCS, mas pode ser um isolamento sem significância para fins de controle de mastite.

atenciosamente, Marcos Veiga
SIDNEY ANTONIO ESTACIO DE PAULA

PAULA FREITAS - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/07/2016

Boa tarde,coletei 10 amostras e mandei fazer cultura todas elas deram o mesmo resultado,BACILLUS E LEVEDURAS, a mastite desses animais não estou conseguindo curar. O que devo fazer?
JOYCE CRISTINA PIRES

SANTO CRISTO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/12/2022

Deve tirar o agente causador elas bebem água em açude ou água não tratada
KAROLINA TEIXEIRA ABANCA

SENADOR FIRMINO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/07/2016

Obrigada pela atenção Marcos!
ELIOMAR

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/07/2016

Acabei de fazer um curso de vaqueiro , e pude ver que a higiene é tudo , quando se de rebanho leiteiro . Já estou preparando os materiais para fazer os testes de ccs ,cbt e cmt .Com relação à matéria , é ótima e oportuna para nós produtóres .
TÂNIA NASCIMENTO GONÇALVES

PIRACANJUBA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 30/06/2016

Muito boa essa matéria!
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/06/2016

Karoline, não existem muitos estudos sobre a sensibilidade da cultura para identificação das vacas positivas para Prototheca, mas no caso de uma identificação positiva, já pe suficiente para definir a vaca com positiva. De forma geral, não existe nenhuma indicação de trabalhos de pesquisa de que o controle de Prototheca necessite de mais de uma coleta de amostra por vaca.

Atenciosamente, Marcos Veiga
KAROLINA TEIXEIRA ABANCA

SENADOR FIRMINO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/06/2016

Boa tarde! Em casos suspeitos de Prototheca apenas uma coleta é o suficiente para isolamento do patogeno? Como deve ser feito o controle por cultivo de leite em um rebanho com casos de Prototheca?
Obrigada
ALESSANDRA MÓDENA ORSI

TATUÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/06/2016

Obrigada pelos comentários!
LEILA CARLA DE OLIVEIRA LUCAS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/06/2016

EXCELENTE MATÉRIA!
CELSO CARVALHO AQUINO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/06/2016

Esclarecedor! Precisamos sempre de comentários que nos auxilie na melhoria da qualidade do leite.

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