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Alterações comportamentais em vacas acometidas por mastite clínica

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 11/04/2015

4 MIN DE LEITURA

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Por Renata de Freitas Leite* e Marcos Veiga dos Santos
A mastite bovina, processo inflamatório da glândula mamária, é uma das doenças que mais afeta os rebanhos leiteiros. Vacas acometidas por esta doença desenvolvem um comportamento doentio, que se manifesta por meio de uma série de alterações fisiológicas e comportamentais para recuperação da glândula mamária. Dentre os sintomas gerais deste comportamento, podem ser citados: a) alterações comportamentais; b) redução do consumo de água e alimentos; c) redução da produção de leite; d) aumento da CCS; e) aumento das proteínas inflamatórias; f) aumento da enzima lactato-desidrogenase.
Diversos estudos relacionados ao comportamento doentio de vacas acometidas por mastite foram feitos utilizando-se a indução experimental da doença, em sistema tie-stall, com pequeno número de animais. Estes estudos investigaram principalmente alterações do tempo que as vacas permaneciam deitadas, nível de atividade e o consumo de alimentos. Entretanto, nos casos de ocorrência natural da mastite, alguns fatores importantes como a competição e a hierarquia entre as vacas, o sistema de ordenha e o tipo de instalação podem gerar interferências no comportamento.

Pensando nisso, pesquisadores dinamarqueses realizaram um estudo com o objetivo de avaliar os sinais clínicos da infecção mamária, consumo, atividade comportamental e comportamento das vacas durante a ordenha de vacas em sistema free-stall durante e após o diagnóstico de mastite, totalizando um período de dez dias. Também foi realizada a comparação entre o comportamento de vacas sadias (grupo controle) e o comportamento de vacas naturalmente infectadas e tratadas com antibióticos, ambos os grupos mantidos em um mesmo ambiente.

Para tanto, dois grupos de 60 vacas em diferentes fases de lactação foram avaliados. As vacas foram ordenhadas em sistema de ordenha voluntário (robotizado), sendo as que apresentassem DEL inferior a 150 dias foram ser ordenhadas com um intervalo mínimo de 5 horas ou produção de 7kg leite/ordenha; já as vacas com DEL>150 foram ordenhadas em intervalos de 8 horas ou 8 kg leite/ordenha. Independentemente do DEL, vacas com intervalo de ordenha superior a 15 horas eram ordenhadas duas vezes/dia.
As vacas foram monitoradas diariamente para diagnóstico de mastite e, em casos de aumento da lactato-desidrogenase, CCS ou da condutividade elétrica, o CMT era realizado. O CMT era classificado em escores de negativo (<200,000 células somáticas) a 4 (>5,000,000 células somáticas). Dos casos que apresentassem escore de CMT positivo, amostras de leite foram coletadas assepticamente para cultura microbiológica.

No total, foram utilizadas 30 vacas com mastite e aquelas que apresentassem outras doenças, além da mastite, não foram utilizadas no estudo. As vacas infectadas foram tratadas por três dias apenas com antibióticos específicos para cada bactéria identificada. O dia de início do tratamento foi chamado de d0, no qual eram aplicados os tratamentos local e sistêmico; já nos dias consecutivos (d1 e d2) era realizado apenas o tratamento sistêmico.

Para comparação, cada vaca com mastite era pareada a uma vaca do grupo controle que apresentasse fase da lactação, DEL, produção de leite, escore de claudicação e ECC semelhantes. Além disso, as vacas do grupo controle deveriam apresentar CCS<100,00 células/mL e ausência de histórico de tratamento médico nos últimos 30 dias.  As variáveis analisadas foram baseadas em registros automáticos por meio de sensores fixados nos animais e nos equipamentos. O consumo de alimentos (kg/d) foi avaliado pelo número de visitas aos cochos de alimentos e o tempo de cada refeição; já a taxa de consumo era calculada de acordo com a quantidade de alimento ingerida por minuto (kg/min). Para avaliação da atividade dos animais, foram mensurados o tempo que permaneciam deitados, números de deitadas e número de passos, do d0 ao d10.

Quanto ao comportamento durante a ordenha, este foi avaliado à partir de 48 horas antes da aplicação de antibióticos até o d10. Para esta análise, foi posicionada uma câmera no sistema automático de ordenha e duas pessoas treinadas avaliavam as vacas. Junto à aplicação dos antibióticos e nos dias consecutivos, foram realizados exames clínicos das vacas, os quais incluíam avaliação do úbere, aferição da temperatura retal e CMT.

As vacas com mastite apresentaram menor consumo de alimentos, taxa de consumo e tempo que as vacas permaneceram deitadas. As vacas deste grupo também apresentaram maior frequência de levantamento das patas traseiras e chutes durante a ordenha no equipamento automático; além de um maior número de passos e de número de deitadas. Também foi verificado que o consumo das vacas era menor antes do tratamento com antibiótico (d0 a d3) e aumentou com o tempo em ambos os grupos (controle e mastite).

Assim, os resultados deste estudo demonstraram um comportamento doentio evidente nas vacas acometidas naturalmente por mastite clínica. Até mesmo nos casos sem comprometimento sistêmico (febre, emagrecimento, anorexia), a mastite foi considerada pelos pesquisadores uma doença que causou desconforto para as vacas, uma vez que estas permaneceram inquietas durante a ordenha e ficaram menos tempo deitadas, sinais característicos de desconforto.

Fonte.: HERSKIN et al, 2015. Behavioral changes in freestall-housed dairy cows with naturally occurring clinical mastitis. Journal of Dairy Science, 98:1-9.

*Mestranda do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP), FMVZ-USP.

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 07/05/2015

Prezada Fernanda, recomendo somente o uso de produtos específicos para pós-dipping, pois estes apresentam na composição agentes emolientes para proteção da pele contra o ressecamento e rachadura.

Nao recomendaria o uso deste produto como pós-dipping.

Atenciosamente, Marcos Veiga
FERNANDA BEZERRA

PETROLINA - PERNAMBUCO - PESQUISA/ENSINO

EM 07/05/2015

Prezado,

trabalho com caprinos de leite aqui na Univasf e recebemos no setor um lote de IODOPOLVIDONA (POLVIDINE)(1 % de iodo ativo) ao invés do iodo a 10%, gostaria de saber se posso utilizar para a realização de pos-dipping?

Grata!
MATTHEUS VITTOR VIEIRA SANTOS

IRAÍ DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/05/2015

Obrigado pela atenção e parabéns pelo trabalho que vem denvolvendo.
MATTHEUS VITTOR VIEIRA SANTOS

IRAÍ DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/05/2015

Obrigado pela atenção e parabéns pelo trabalho que vem desenvolvendo.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/05/2015

Prezado Matheus, atualmente, o principal foco do controle de mastite é a reducão da CCS para níveis inferiores a 200.000 cel/ml. Não existe consenso entre os pesquisadores se existe um limite inferior de CCS do tanque. Na minha opinão, esta não deve ser um preocupação para a grande maioria dos rebanhos. No entanto, rebanhos com CCS abaixo de 200.000 cel/ml devem ficar atento para o aumento de mastite clínica, principalmente causada por agentes de origem ambiental.

atenciosamente, Marcos Veiga
MATTHEUS VITTOR VIEIRA SANTOS

IRAÍ DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/05/2015

Bom dia Professor gostaria de saber sobre CCS média do rebanho, qual o melhor um rebanho com CCS muito baixa 10000 ou uma CCS de 300000 devido a imunidade da glândula mamaria do rebanho de modo geral.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 15/04/2015

Prezado Albino,

Os resultados de CMT somente indicam se a vaca tem mastite subclínica (inflamação), mas não traz nenhuma informação sobre o agente causador. Para a identificação do agente causador, é necessário realizar a cultura microbiológica. No caso de identificação de vacas com mastite subclínica causada por Strep. agalactiae, a recomendação é o tratamento com medicamento intramamário, durante a lactação ou secagem (se a vaca estiver próximo da secagem). Com o uso de tratamentos intramamários por 3-4 dias, com medicamentos a base de penicilina ou cefalosporina, a taxa de cura esperada é de 90-95%.

De forma geral, para os demais agentes não é feita esta recomendação de tratamento durante a lactação, pois as taxas de cura média para os demais agentes é menor, o que não justificaria os custos do tratamento. Na minha opinião esta seria a recomendação geral, mas se houver alguma situação particular dentro de cada rebanho, pode-se pensar em estratégias de tratamentos de outros agentes, mas com menores taxas de cura.

Atenciosamente,

Marcos Veiga dos Santos
LEONARDO

CARANGOLA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/04/2015

Muito bom o artigo !
A vaca começa a apresentar sinais clinicos de mastites com qual quantidades de ccs ?
CELESTINO DOS SANTOS PANTALEÃO

CASA BRANCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 15/04/2015

Parabéns pela matéria, interessante.

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