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Conceitos atuais sobre mastite contagiosa ou ambiental - Parte 1

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 20/12/2012

4 MIN DE LEITURA

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3
Marcos Veiga dos Santos e Tiago Tomazi*

Os microrganismos causadores de mastite são classicamente divididos em espécies contagiosas ou ambientais. A distinção entre estes dois tipos de microrganismos depende, principalmente, de sua forma de transmissão. O perfil de bactérias contagiosas é caracterizado pela transmissão de vaca para vaca, enquanto o perfil de transmissão ambiental é caracterizado pela infecção da vaca por bactérias de origem do ambiente.

Microrganismos contagiosos são tipicamente mais adaptados à vaca e causam infecções persistentes sem sintomas clínicos graves. Os agentes contagiosos mais comumente isolados da mastite são Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. O principal reservatório destes patógenos é o úbere de um animal infectado, e as infecções são disseminadas entre as vacas ou entre os quartos mamários durante a ordenha por meio de equipamentos contaminados, mãos dos ordenhadores, ou panos usados em mais de uma vaca. Neste caso, as infecções tendem a persistir na glândula mamária apresentando-se na forma subclínica com episódios clínicos intermitentes. Mastites contagiosas são associadas com redução da produção e aumento na CCS do leite de tanque. Como a transmissão de vaca para vaca é a fonte primária de novas infecções intramamárias (IIM), práticas de manejo como desinfecção dos tetos pós ordenha, segregação de vacas, tratamento durante a lactação e protocolos de secagem e descarte de vacas infectadas fazem parte de programas de prevenção contra mastite contagiosa.

Por outro lado, microrganismos ambientais são considerados agentes oportunistas que normalmente causam mastites transitórias, porém com maior frequência de casos clínicos graves. Os agentes ambientais de maior relevância em IIM são os coliformes e espécies de estreptococos, exceto o S. agalactiae. A fonte principal de agentes ambientais é o próprio local onde a vaca vive. Normalmente, a mastite ambiental apresenta-se mais na forma clínica que subclínica e é caracterizada como uma infecção curta, que resulta em queda brusca da produção de leite, e até mesmo, a morte da vaca. Infecções intramamárias ambientais normalmente têm origem no período seco, e independem da presença de outras vacas infectadas pelo mesmo microrganismo. Casos de mastite ambiental são mais comuns em propriedades com baixa CCS do leite de tanque. A manutenção do ambiente seco e limpo e a estimulação da resposta imune das vacas são as principais práticas de manejo adotadas em programas de prevenção deste tipo de mastite.

Com base em estudos com ferramentas de biologia molecular, várias técnicas que estudam o material genético de microrganismos têm sido utilizadas para identificar espécies e subespécies bacterianas na Medicina Veterinária. O avanço das técnicas de microbiologia molecular possibilita a distinção entre surtos de mastite clonais (causados por uma mesma cepa bacteriana) de surtos não-clonais (causados por cepas ou espécies distintas) em nível de rebanho. Os estudos atuais demonstram que em surtos de mastite causados por bactérias com perfil de transmissão contagioso, um único tipo de cepa bacteriana é isolado em vacas infectadas. Em contraste, em IIM com perfil de transmissão ambiental, é mais provável que qualquer infecção esteja relacionada com sua própria cepa de coliforme ou estreptococo.

Embora exista uma divisão clássica das espécies quanto ao perfil de transmissão, estudos recentes apontam para uma dificuldade de classificação dos agentes causadores de mastite como contagioso e ambiental. Na representação esquemática abaixo, S. agalactiae é considerado totalmente contagioso e a E. coli totalmente ambiental, sendo que os demais agentes apresentam padrões intermediários de modo de transmissão.


Figura 1: Escala comparativa de classificação entre agentes causadores de mastite contagiosa e ambiental.
Fonte: Adaptado de Zadocks e Schukken (2003).

Com a disponibilidade de técnicas de diagnóstico cada vez mais precisas, a distinção clássica entre microrganismos causadores de mastite ambientais e contagiosas parece ter cada vez menos sustentação. Um estudo mais detalhado dos surtos causados por espécies bacterianas classicamente definidas como ambiental mostrou que estas espécies (ou surtos) podem ter características de agentes contagiosos. Um exemplo disto foi a ocorrência de dois surtos de mastite por Klebsiella spp. observados por pesquisadores americanos. Os isolados de Klebsiella do leite, fezes, e instalações foram comparados por meio de uma técnica de identificação por microbiologia molecular (PCR de DNA polimórfico amplificado ao acaso). O primeiro surto de mastite foi causado por uma cepa comum de Klebsiella pneumoniae isolada no leite de oito vacas. Esta mesma técnica foi utilizada em amostras coletadas dos conjuntos de teteiras após a ordenha e das camas das vacas infectadas. A predominância de uma cepa comum em todas as vacas infectadas poderia ter indicado tanto o potencial de transmissão contagiosa do microrganismo, quanto a exposição de várias vacas a um mesmo reservatório ambiental. No entanto, quando métodos de controle foram utilizados com objetivo de prevenir a transmissão pelo equipamento de ordenha, nenhum caso novo de mastite foi observado.

Um segundo surto de mastite causado por Klebsiella spp. ocorreu na mesma fazenda vários meses após o primeiro. No entanto, observou-se que o surto foi causado por cepas distintas desta espécie bacteriana, o que exclui a possibilidade de transmissão contagiosa e indica que infecções oportunistas originadas do ambiente causaram a doença. Estes estudos indicam a necessidade de reavaliação da classificação de espécies bacterianas como causadoras de mastite contagiosa ou ambiental.

Antes de se optar por um programa de prevenção de mastite, é necessária uma melhor identificação do perfil de transmissão dos microrganismos, o que será mais preciso se forem consideradas as seguintes fontes de informação: 1) análise dos dados de CCS e registros de mastite clínica; 2) avaliação dos principais fatores de risco conhecidos na literatura, e 3) perfil de IIM do rebanho baseado em resultados de cultura microbiológica e identificação de cepas bacterianas isoladas no rebanho.

Fonte: publicado originalmente na Revista Leite Integral, edição 44, outubro/2012.
*Tiago Tomazi é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP (https://www2.fmvz.usp.br/nutricaoanimal/)

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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ROSANGELA AVREU

SÃO PAULO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 22/05/2019

Olá!

Preciso de ajuda, sou estudante de veterinária, gostaria que me ajudassem a definir a mastite clínica, a ambiental,a sub clinica, e a contagiosa, embora acredito que todas devem ser contagiosa??!!
Agradeço a atenção, e se for possível aguardo retorno.

Obrigado
Rosangela

rosabreujesus@gmail.com
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/09/2016

Udson, sim, principalmente os estreptococos ambientais (Strep. uberis, Strep. dysgalactiae e outros estreptos que não o Strep. agalactiae).

Atenciosamente, Marcos Veiga
UDSON SÉRGIO

BARRA MANSA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/09/2016

Os agentes ambientais também podem causar mastite subclínica?
Obrigado.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 15/09/2016

José Carlos, sugiro entrar no histórico de artigos do Milkpoint e no site do nosso laboratório (www.qualileite.org) e depois entrar no link do livro que está disponível para leitura online.

Atenciosamente, Marcos Veiga
JOSÉ CARLOS DA SILVA

NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/09/2016

Boa tarde prof Marcos Veigas, meu é José Carlos da silva sou estudante de ciências biológicas, UNIVAG CENTRO UNIVERSITÁRIO , Várzea Grande -MT, estou concluindo o meu TCC sobre mastite bovina li o seu trabalho conceitos sobre mastite ambiental e contagiosa achei interessante. Ia ver a possibilidade de me enviar o artigo para estudo sendo que podia me ajudar para o tcc. Se puder me ajudar eu agradeço !! meu e mail: josecarlos.tecagr@hotmail.com
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/06/2014

Prezado Vilson, eu não tenho conhecimento de nenhum estudo científico que tenha resultados positivos com o uso de homeopatia para tratamento de mastite bovina. Sendo assim, não recoemendo o seu uso. atenciosamente, Marcos Veiga
VILSON LEMAM

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/06/2014

Prezado Sr Marcos.
Muito se fala hoje a respeito dos produtos homeopaticos. Seria coerente dizer que um animal bem nutrido e com bom manejo sanitario ficaria menos sussecivel as mastites, nao precisando o uso de tais produtos .
Abracos
FRANCISCO FORTES NUNES

PASSO FUNDO - RIO GRANDE DO SUL - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 12/02/2013

Srs,

A J-Vac é uma vacina a base de J-5 (toxóide), o seu protocolo simples e flexível permite aplicações a cada 6 meses salvo a necessidade de reforço quando iniciado um protocolo após a primovacinação. Esta vacina é conceituadíssima em todo o mundo, produzida pela Merial, importada dos EUA, e facilmente encontrada nas lojas agropecuárias do RS e de todo o Brasil ao preço mais acessível do mercado, ou seja a melhor relação custo x benefício na prevenção de mastites ambientais.

Protocolo J-Vac:
Rebanho: Vacinar no Dia 0: 1ª dose - No dia 21: 2ª dose - Após 6 meses: 3ª dose.
Vacas secas: Vacinar na secagem (60 dias antes parto): 1ª dose - 21 dias após: 2ª dose - Revacinar quando secar novamente, salvo em situações de lactação prolongada ou grande desafio ambiental, revacinar após 6 meses.
Novilhas: No 7º mês de gestação - 21 dias após: 2ª dose - Revacinar quando secar novamente, salvo em situações de lactação prolongada ou grande desafio ambiental, revacinar após 6 meses.

Aproveito a oportunidade e sigo as recomendações do Dr. Marcos apresentando as nossas soluções:

Vaca seca: Ememast VS (Espiramicina + Neomicina)
Selante: Ememast Selante.
Vacina: J-Vac
A um custo aproximado de R$ 50,00 esse protocolo.

Salvo que uma mastite aproxima-se de R$ 300,00 em tratamentos. Uns R$ 120,00 em descarte de leite, sem contar o comprometimento da saúde da vaca no rebanho interferindo diretamente no desempenho da atual lactação e as demais lactações, em casos extremos até mesmo ter que descartar esses animais.

Sem a menor dúvida a prevenção é a melhor solução.

Atenciosamente.

Francisco Fortes Nunes
M.V. Consultor Técnico
Miagro Distribuidora - Distribuidor Merial - RS

TIAGO BORDIN

NOVA ALVORADA - RIO GRANDE DO SUL

EM 08/01/2013

Bom dia Professor Marcos Veiga Santos e Tiago Tomazi. Primeiramente gostaria de cumprimentálos pelos ótimos artigos escritos no site do Milk Point a respeito da mastite, enfermidade esta que causa sérios prejuízos à bovinocultura de leite e está fortemente presente no dia-a-dia das fazendas. Aproveito e envio um forte abraço ao meu amigo Tiago Tomazi, colega da FAMV-UPF e dizer que nos sentimos orgulhosos em ver que estas fazendo um belo trabalho na área da pesquisa. Continue nos auxiliando com estas informações relevantes, pois só assim com auxilio das pesquisas minimizaremos os problemas causados pela mastite nos bovinos leiteiros. Muito Obrigado!
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 31/12/2012

Prezado Fernando, obrigado pelo comentário, Atenciosamente, Marcos Veiga
FERNANDO MELGAÇO

GOIÂNIA - GOIÁS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 31/12/2012

Professor Marcos Veiga Santos,
Acredito que os Streptococcus estejam presentes em quase todos os casos de mastites contagiosas. Estas são bactérias que exigem um meio de cultura muito rico (contendo sangue ou soro sanguíneo) e condições de micro- aerofilia para crescerem.
Seus crescimento são bem mais lentos que do Staphylococcus aureus. Acredito ainda, que os Estafilococos são bactérias oportunistas, exigindo uma lesão inicial para se desenvolverem.
Quanto a vacinas de Coliformes e outros germes Gram- negativos, pela minha experiência de laboratório na fabricação de vacinas bacterinas, estas bactérias não são bons antígenos, após inativação.
Atenciosamente,
Fernando Melgaço.
GUILHERME HELLER

GUAPORÉ - RIO GRANDE DO SUL

EM 24/12/2012

Olá Prof. Marcos
Gostaria de saber o seu ponto de vista sobre a utilização de medicamentos homeopáticos no tratamento da mastite.
Abs.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 23/12/2012

Prezado Paulo Bento, minha recomendação seria usar as vacinas conforme recomendação de bula ou por recomendação de um médico veterinário. Não tenho informações para recomendar este tipo de protocolo que foi descrito na mensagem. Atenciosamente, Marcos Veiga
VERUSCA BALEN

PAULO BENTO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/12/2012

Caro Marcos, quanto às vacinas preventivas:TOP VAC e J-VAC. Gostaria de saber se poderia usar um protocolo desta maneira: TOP VAC a cada 4 meses e J-VAC a cada 6 meses. Posso utilizá-lo?
Obrigado pela atenção.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/12/2012

Prezado Eder, as principais ferramentas que temos atualmente, além de medidas gerais de melhoria de higiene de ambiente são: trratamento de vaca seca, selante de tetos na secagem e vacinação contra coliformes (vacina J5).

Estas são as medidas mais eficazes para prevenção e controle de novas infecções no período peri-parto e início de lactação.

Atenciosamente, Marcos Veiga
EDER GHEDINI

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 21/12/2012

Referente ao pré-parto, apontado neste artigo como um possível período de IIM ambiental pergunto lhes, qual o melhor protocolo preventivo a ser utilizado, salvo manejo, frente a possibilidade de este animal vir a apresentar uma futura infecção desta origem no período produtivo?
Obrigado pela atenção!
Forte abraço!

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