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Como a duração do período seco pode interferir no desempenho da vaca em lactação?

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 02/10/2015

6 MIN DE LEITURA

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Bruna Gomes Alves* e Marcos Veiga dos Santos

Diante da grande evolução na produção de leite no país, as propriedades leiteiras vêm utilizando várias alternativas em busca de vacas mais longevas, que sejam capazes de persistir melhor na lactação, sem prejuízos à saúde em geral ou da glândula mamária. A utilização de novas tecnologias, sistemas mais tecnificados, assim como a aplicação de novos conhecimentos contribuem para o aumento da produtividade por vaca. Por muitos anos, entretanto, pouco avanço científico ocorreu quanto à duração do período seco de vacas leiteiras, sendo recomendado um período entre 50 e 60 dias como padrão ótimo. É certo que a existência do período seco é uma necessidade fisiológica durante o ciclo de produção da vaca leiteira e sua ausência pode corresponder por até 25% de redução de produção de leite da próxima lactação.

Do ponto de vista nutricional, o período seco de 60 dias é geralmente dividido em duas fases, sendo a primeira a pós-secagem (denominado em inglês de “far-off”), no qual as vacas recebem uma dieta de baixa energia e alta fibra, para facilitar o processo de secagem; e uma segunda fase de cerca de 21 dias pré-parto (denominado em inglês de “close-up”), no qual o teor energético e proteico da dieta aumentam, quando comparados aos fornecidos durante a primeira fase. Esses últimos 21 dias com dieta de maior densidade energética tem como objetivo compensar parcialmente a menor ingestão de matéria seca pela vaca, que ocorre durante esta fase e adaptar a maior ingestão de concentrado das dietas do início da lactação. Embora essa divisão das fases tenha sido bastante usada, ainda não existe um consenso quanto à ótima duração total do período seco e principalmente qual manejo nutricional será aplicado.

Algumas pesquisas demonstraram que a diminuição do período de 60 dias para 28 dias não altera a produção de leite da próxima lactação, enquanto outros indicaram que essa redução pode ser prejudicial ao próximo ciclo de lactação. Porém, mais do que a duração do período seco, alguns estudos sugerem benefícios quando as vacas são alimentadas com uma dieta energeticamente mais densa contrastando com algumas pesquisas que sugerem que a restrição energética no período seco aumenta o consumo de alimentos após o parto e reduz algumas doenças metabólicas e infecciosas mais comuns no período de pós-parto imediato.

O uso de dietas com maior densidade energética durante o período seco pode ter como consequência a maior a mobilização das reservas corporais da vaca no período pós-parto, o que aumenta o déficit energético e agrava o balanço energético negativo (BEN). Sendo assim, o encurtamento do período seco seria benéfico considerando que a vaca tenha uma única dieta, podendo reduzir as alterações provocadas pela mudança de energia da dieta e consequentemente pelo estresse causado. Adicionalmente, pesquisas anteriores indicaram que as papilas ruminais necessitam de 5 a 6 semanas para se adaptarem a uma dieta de alta energia, o que seria mais difícil em uma dieta pré-parto de apenas 21 dias.

Devido às similaridades das dietas de pré-parto e lactação, o aumento do período de pré-parto facilitaria a adaptação da microbiota ruminal à dieta de alto amido após o parto. Assim, um estudo recente foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da diminuição da duração do período seco para 40 dias; sobre a produção de leite, o consumo de alimentos e o balanço energético durante o período de transição, início e meio de lactação.

O estudo foi conduzido na Universidade de Manitoba, Canadá, com 26 vacas da raça Holandesa, nas quais 11 estavam na 2ª lactação e 15 na 3ª. As vacas foram aleatoriamente direcionadas em dois tratamentos: 1) período seco convencional de 60 dias, destes 39 dias de pós-secagem e 21 dias de pré-parto (chamado de grupo convencional - PSConv); 2) período seco encurtado para 40 dias, todo este com dieta pré-parto (período seco curto - PSC). Todas as vacas foram alojadas em sistema do tipo “Tie-Stall” e a dieta durante a lactação não diferiu entre os grupos. Adicionalmente, ambos os grupos tiveram procedimentos de secagem similares, pela redução da frequência de ordenhas, alimentação e aplicação de antibiótico intramamário para vacas secas.

Ao contrário da expectativa inicial, o consumo de matéria seca não foi afetado pelos tratamentos, parições e suas interações, durante as 6 semanas antes do parto até as 4 semanas pós parto. O peso vivo das vacas foi afetado pela ordem de parição antes do parto, no qual as vacas de 2ª lactação tiveram menor peso vivo do que os animais de 3ª lactação (P=0,02). Após o parto (durante as primeiras 4 semanas), o peso vivo das vacas foi semelhante entre os grupos avaliados. Entretanto, o balanço de energia foi afetado pelos pela duração do período seco e a interação com a ordem de parição, nas últimas 6 semanas antes do parto, sendo que as vacas com período seco curto tiveram maior balanço energético do que as do período seco convencional (P<0,01) (Tabela 1).

Tabela 1. Efeitos da duração do período seco curto (PSC) ou convencional (PSConv) e ordem de parição sobre o consumo de matéria seca, peso vivo e balanço de energia durante as 6 últimas semanas pré-parto até as 4 primeiras semanas pós-parto.



1) Os tratamentos consistem em um período seco curto (PSC), de 40 dias e dieta pré-parto e um período convencional de 60 dias (PSConv), composto por dieta pós-secagem e pré-parto. O grupo PAR2 compreendem as vacas de 2ª parição e o grupo PAR3 compreendem os animais de 3ª parição; 2) Erro padrão da média; x Consumo de matéria seca; y Peso vivo; z Balanço de energia.

Com relação à produção de leite, as vacas do período seco curto tiveram menor produção quando comparadas às do período seco convencional (P=0,03). Observou-se também uma tendência do número de parições afetar a produção de leite, sendo que as vacas de 3ª lactação tenderam a produzir menos leite do que as vacas de 2ª (P<0,10). Possivelmente, esse efeito ocorreu em razão da ser menor produção de leite das vacas de 3ª lactação com período seco curto. Apesar de ter sido observada diferenças de produção de leite, não houve alteração nas porcentagens de gordura e proteína entre os grupos avaliados, durante as primeiras 16 semanas de lactação. Durante este mesmo período observou-se que vacas do PSC apresentaram menores porcentagens de lactose e outros sólidos do que as vacas do PSConv (P<0,01). Por fim, a média de células somáticas durante as primeiras 16 semanas pós parto foi afetada pela duração do período seco, sendo que as vacas do PSC apresentaram maior CCS do que as vacas do PSConv (P<0,01) (Tabela 2).

Tabela 2. Efeito da duração do período seco curto (PSC) ou convencional (PSConv) e parição sobre a produção de leite, porcentagens de gordura, proteína bruta, lactose e outros sólidos e CCS durante as primeiras 16 semanas de lactação.


x: Produção de leite; y: Proteína bruta; z: Contagem de células somáticas.

Assim, quando comparamos o período seco convencional de 60 dias com o período seco encurtado para 40 dias, podemos observar que não há redução no consumo de alimentos, apesar de observarmos diferenças no balanço de energia. Estas diferenças de balanço de energia observadas entre os grupos de diferentes parições provavelmente foram relacionadas com as maiores taxas de deposição de gordura corporal pelos grupos de terceira parição. Vacas submetidas ao período seco convencional apresentam maior produção de leite e lactose e menores teores de CCS. Sendo assim, a implementação do período seco encurtado para 40 dias, somente com dieta pré-parto pode ser benéfico para vacas de até duas lactações, em razão dos resultados negativos para o maior consumo de energia de vacas mais velhas.

Fonte: KHAZANEHEI, et al. Effects of dry period management on milk production, dry matter intake, and energy balance of dairy cows. Can. J. Anim. Sci. v. 95, p.433–444, 2015.

*Mestranda do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Produção Animal, FMVZ-USP.
 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 04/11/2015

Quem quiser saber mais sobre o tema, estamos com inscrições abertas para o Curso Online "Aumente o lucro pelo controle e prevenção da Mastite Bovina".
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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 07/10/2015

Prezado Alex, neste estudo, conforme a tabela 2, a CCS foi menor para o período seco convencional (mais longo), mas em razão do número de vacas avaliadas, eu tomaria certo cuidado para tirar uma conclusão mais ampla sobre o efeito em termos de CCS.

Atenciosamente, Marcos Veiga
ALEX JUNIOR ROSSI

ITAPIRANGA - SANTA CATARINA - ESTUDANTE

EM 07/10/2015

Olá Marcos, tudo bem?

Se levarmos em consideração somente a diferença que ocorreu na questão de CCS. Um período seco de 40 dias se torna benéfico?
DOUGLASY CASTRO RATHKE

CONSTANTINA - RIO GRANDE DO SUL - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 07/10/2015

Marcos parabéns pelo artigo, fostes muito feliz na abordagem do assunto e muito esclarecedor.

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