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Melhoramento genético Kiwi: lucratividade define a seleção

POR ERIC GANDHI SILVEIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/05/2013

8 MIN DE LEITURA

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Vaca kiwicross comendo silagem sobre o pasto

O gado leiteiro neozelandês já é conhecido mundialmente pela eficiência em produção de leite a pasto, mas estando aqui na Nova Zelândia e também por ter trabalhado com essa genética no Brasil não é bem isso que se conclui com o gado kiwi. O que se vê são vacas que produzem altos rendimentos de sólidos do leite, longevas, conversoras eficientes de alimento em leite, saudáveis e férteis, fácil para ordenhar e manejar, capazes de caminhar e pastejar longas distâncias todos os dias sem problemas de casco. Quais dessas características não são importantes para uma vaca de leite? Nesse caso o que se conclui é que a vaca neozelandesa tem que ser flex. Produzir tanto a pasto quanto em confinamento. A produtividade média da vaca neozelandesa é de 3883 litros/vaca/255 dias de lactação, ou seja, em torno 15 litros por dia. Lembrando que a produção é estacional devido ao inverno rigoroso impossibilitando a produção fora de free-stall.

Para alguns produtores brasileiros acostumados com produções em free-stall de mais de 30 litros/dia a produção parece baixa, mas temos que levar em consideração que é fisiológicamente impossível para a vaca alcançar essa média sob pastejo. Em um free-stall a vaca não anda muito, tem um ambiente climatizado e o alimento está prontamente disponível. Na NZ as vacas precisam colher o seu alimento, caso recebam ração na ordenha sempre será em pequenas quantidades para não atrasar a ordenha, enfrenta uma variação anual de temperatura de -15ºC a 30ºC e ainda existe propriedades que a vaca pode andar até 10km para ordenha.

Além disso, os neozelandeses não selecionam a vaca mais produtiva e sim a mais eficiente. E para aniquilar de vez a ideia que a produção por vaca na NZ é baixa veja que a produção média por vaca no sul do Brasil, onde se tem a maior densidade de produção do país é de 2628 litros/vaca/ano (Embrapa gado de Leite, Zoccal,2011). Contudo, a grande maioria das fazendas neozelandesas usa uma grande quantidade de suplementos sem sair do sistema a pasto. Quer seja para segurar maiores lotações com o fornecimento de silagem sobre o pasto ou corrigir a deficiência do pasto com o fornecimento de ração concentrada no cocho durante a ordenha. Portanto, o sistema neozelandês, em grande parte, não é 100% a pasto e, ao contrário do que ouvi de muita gente no Brasil, está longe de ser de baixa produtividade. A produção por hectare média na NZ está em torno de 11319Litros/ha onde a maior produtividade foi na região de Marlborough-Canterbury com 16115Litros/ha e a menor produtividade foi em Northland com 7788Litros/ha (DairyNZ,2011) e ainda assim é maior que média brasileira de 246 litros/ha (SEBRAE,2005).

O que o neozelandês busca é o maior rendimento possível. O lucro mesmo. O importante é ganhar dinheiro e a melhor vaca tem que ser a que dá mais dinheiro para o produtor de leite. Parece redundante, mas é bom frisar que o melhoramento genético de uma raça leiteira tem que objetivar o produtor de leite, não o marketing -a empresa leiloeira, a pista de exposição, o “showbusiness”, etc. Cerca de 80 a 90% da receita dos produtores neozelandeses vem do leite e 10 a 20% vem da venda de animais excedentes e descartes. Portanto, “alto mérito genético” de uma vaca kiwi é de acordo com as características citadas anteriormente.

O mérito genético, também muito usado em melhoramento genético no Brasil, foi usado na Nova Zelândia entre 1952 e 1997 a partir do índice genético para gordura, proteína e volume de leite por receita total. A partir de 97 foi mudado para “Breeding Worth” (mérito econômico) acrescentando peso, longevidade e algum dos principais custos. O BW atualmente é usado para touros e vacas e mostra a capacidade do animal de gerar lucros incluindo receita total do leite mais receita pela venda de vacas descartes e bezerros, alimento requerido para produção, a alimentação requerida para manutenção e para crescimento, alguns custos de produção e longevidade, medidos em dias de vida.

Segundo o Professor Colin Homes em média a vaca nascida em 1985, e com a avaliação TOP foi dado o valor $0,0 e valor médio das vacas em 1998 foi aproximadamente $30. Isto significa que em 1998 uma vaca teve a habilidade genética para gerar $30 a mais de receita líquida por lactação. Em 1998 o touro teve em média um BW de cerca de $90. Portanto em média as novilhas produzidas pelo acasalamento em 1998 teve BW de ($90 + $30)/2 = $60 (citado por,AGUIAR, 2009).

Novilhas geração 2011 prenhes com parto previsto para agosto de 2013











Outra ferramenta usada no melhoramento genético neozelandês é o cruzamento do holandês de linhagem neozelandesa chamado de holstein-frisian com o Jersey. O fruto desse cruzamento é chamado de kiwicross. Com isso o kiwi explora o vigor híbrido, ou seja, a superioridade dos filhos em relação aos pais. As vantagens do vigor hibrido não estão inclusos no BW, todavia espera-se um acréscimo de $17 por lactação em novilhas oriundas desse cruzamento (MONTGOMERIE,201_). Veja abaixo uma tabela mostrando o impacto do primeiro cruzamento do Kiwicross.

Percentual do melhoramento de desempenho do primeiro cruzamento
Holandês x Jersey na Nova Zelândia causadas por vigor híbrido

Característica                Impacto do vigor híbrido
Gordura                                                           + 4.7%
Proteína                                                           + 4.6%
Peso vivo                                                         + 2.1%
Fertilidade da vaca*                                         + 5.2%
Contagem de células somáticas                       - 4.1%
(Favorável)
Dias de vida no rebanho                                  + 13.5%

*Número de vacas prenhas nos primeros 42 dias de lactação
Fonte: MONTGOMERIE,201_

Atualmente 41% das vacas ordenhadas na NZ são kiwicross (LIC,2011).

O trabalho de melhoramento e disseminação da genética neozelandesa é feito pela “Livestock Improvement Corporation” (LIC). A LIC, assim como a Fonterra, é uma cooperativa pertencente aos produtores neozelandeses e domina cerca de 70% do mercado de sêmem da Nova Zelandia. O banco de dados da LIC conta com registros de 93% de todos animais do país além de 81% das produções de sólidos do leite. Para se ter uma idéia do impacto disso com acesso à praticamente todo rebanho neozelandês a LIC faz o teste de progênie com apenas 300 touros por ano filhos de 0,02% de todas vacas que a LIC tem acesso. O teste é feito inseminando esses touros com 100.000 vacas em 550 rebanhos e, assim, são medidas todas as características requeridas do BW nas novilhas frutos dessa inseminação. Depois do teste feito, são selecionados 5% desses touros para ficarem de 3 a 5 anos no time de reprodutores da LIC. Com uma base genética tão grande e uma seleção tão criteriosa, qualquer informação de um touro tem pelo menos 90% de confiabilidade.

A fazenda que estamos hospedados é uma das colaboradora da LIC. Todas as vacas tem identificação eletrônica com um chip que comunica direto com o banco de dados da LIC. Em média, o semêm de touros em teste fica em torno de NZD$17,00/dose com o serviço de inseminação. A inseminação é feita pelo técnico da LIC todos os dias pela manhã e à tarde. O semêm é diluído a fresco e permanece com o inseminador, sendo separado em códigos.

Jeremy Casey com tinta na mão pronto para identificar a vaca inseminada pela inseminadora da LIC







A LIC foi criadora do diluente de semem a fresco, contudo exporta mais de 600.000 doses de sêmem congelado para 50 países inclusive o Brasil.

Enquanto e LIC usa o seu banco de dados para descobrir os grandes touros o, produtor usa outra ferramenta muito comum na NZ, mesmo antes de começar o teste de progênie, para selecionar suas vacas: o descarte. O produtor não tem apego, como tem muita escala e a reposição é garantida pela recria bem feita, o critério de descarte é muito rígido.

Normalmente os motivos de descarte de vacas são: problemas de casco, alta contagem de células somáticas, frequente ocorrência de mastite, vaca com dificuldade de ordenha, quer seja por má conformação de úbere ou por temperamento (essa nem espera o fim da estação para descartar), vacas com problema de fertilidade e baixo BW.

Uma idéia de como o descarte é importante, imagine um rebanho de 100 vacas com BW médio de $30 digamos que se descarta 15 vacas por motivos não genéticos e mais 5 com BW zero.

Matemáticamente seria:

100vacas x BW30 = 3000
subtrai (15vacas x BW30) + (5vacas x BW0)= 450
BW novo rebanho com descarte= (3000-450)/80=31,87 

Além disso, deixaria de gastar com as vacas com problema e ganharia uma renda extra com a venda dos animais para o frigorífico. Sem contar o acréscimo no BW médio com as novilhas de BW maior por ser fruto de touros de alto mérito econômico.

Com ou sem programas de melhoramento o Kiwi sempre buscou selecionar as suas vacas de acordo com o seu sistema. O melhoramento genético baseado na técnica veio para dar um rumo na seleção e credibilidade no que o produtor neozelandês sempre buscou no seu rebanho: a vaca que dá mais dinheiro.

ERIC GANDHI SILVEIRA

Consultor pela Alcance Consultoria e Planejamento Rural
Acompanhou 8 fazendas na Nova Zelândia durante 18 meses na Nova Zelândia.

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GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/04/2014

Prezado Daniel Dalgallo: Os demais alimentos vêm da indústria (farelo de soja, polpa cítrica, caroço de algodão, mineralização e aditivos). Mas, por favor, não me venha com a conversa (já ouvi diversas vezes isso) de que tenho que contabilizar a área da soja que eu não plantei (e, portanto, não utilizei) e que já foi cotada a favor de quem a plantou (não eu), da plantação de laranjas (que não é minha), do algodão, entre outros artifícios para justificar o pasto.
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK - FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
www.fazendasesmaria.com
Facebook: Sesmaria Faz
=HÁ NOVE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
DANIEL DALGALLO

PORTO UNIÃO - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/04/2014


Caro Sr. Guilherme Franco

Meu intuito não é discutir este ou aquele sistema, mas considerando os dados de área e produção de leite por hectare mencionada, as vacas comem somente silagem de milho e cana de açucar? Se não, de onde vem os outros alimentos? Com estas informações poderemos chegar a um dado mais acurado.
Parábens ao autor da matéria.
Grato
MOYSES LOURENÇO BOSSI LIMA

CARLOS CHAGAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/05/2013

Caro Eric,
tenho 16 anos de graduado em medicina veterinária e desde o 1o dia da escola (5 anos antes) venho tentando desvendar o caminho que devemos trilhar para a evolução da pecuária leiteira brasileira. Tenho que confessar que os argumentos do confinadores tem me incomodado pois não vejo o confinamento como uma solução para o Brasil de norte a sul, mas também acho que algumas regiões não deveriam produzir nem mesmo a pasto. Vejo também que o maior problema não está na raça que se cria e sim em quem cria. Usar vacas em pasto para produzir leite com usos variados de concentrados não é crime. Já vi posts aqui no site que afirmavam que somente vacas confinadas merecem ingerir este tipo de alimento e as vacas a pasto deveriam se contentar com seus 5 kg. Bom, se é para comparar tem que comparar os sistemas com mesmo grau de tecnificacao.
Seu artigo é um brisa fresca para nós que queremos encontrar o caminho para produzirmos o leite que o Brasil vai beber daqui para frente.
Parabéns e obrigado!
JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA

EM 27/05/2013

Parabéns pelo artigo
Parabéns ao Milkpoint pela abertura que vem dando ao sistema de produção neozelandês que sem dúvida tem maior potencial em contribuir com a melhoria dos sistemas de produção de leite no Brasil que o modelo americano de confinamento.
O pesquisador brasileiro precisa abrir os olhos pois o que determina a sobrevivência do sistema de produção é a eficiência econômica e não a eficiência técnica.
Espero que nossos centros de pesquisa, Universidades Federais e Institutos Federais se interessem e avaliem com profundidade o sistema Neozelandês pois o sistema americano já está bem estudado em nossas grandes universidades, já temos muita informação sobre este.
Porém, muito pouco trabalho de pesquisa tem sido feito com a produção de leite a pasto que sem sombra de dúvida é o melhor sistema de produção para a maior parte dos produtores de leite do Brasil.

Saudações e obrigado pelas informações
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/05/2013

Prezado Michel Válter Kazanowski: Obrigado pelas informações. Mas, aqui em Minas Gerais, as dificuldades de se conseguir financiamento oficial são grandes, não só pela exigência de garantias reais quanto com relação aos montantes disponibilizados. Por isso afirmei que o dinheiro maior está disponibilizado ou para os mais empobrecidos (assentados, pequeníssimos agricultores e pecuaristas e outros) ou para os mais bastados (grande produtores). Para produtores como a amiga Diana (até 200 litros/dia) pode haver crédito fácil e barato. Não sei se em quantidade financeira suficiente para o que ela pretende: se para compra de vacas, já que uma vaca mediana não sai por menos de R$ 2500,00 (dois mil e quinhentos reais) aqui na minha região. Para comprar dez, lá se vão R$ 25000,00 (vinte e cinco mil reais). Se para outras modalidades de custo, não sei. Um trator pequeno, pelo sistema "Mais Alimentos", não sai por menos de 65000,00 (sessenta e cinco mil reais). Então, não é tão fácil assim. Pronaf, realmente, como se destina à Agricultura familiar, pode ser que haja alguma facilidade, mas, assim mesmo, não garanto.
Um Projeto, elaborado por um bom Técnico, não fica menos que R$ 6.000,00 (seis mil reais).
Por isso, "na maioria das linhas o valor financiado é sempre abaixo do valor disponibilizado".
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 27/05/2013

Caro Guilherme,
O acesso aos créditos de PRONAF é tão fácil e tão rápida que não acessa quem não quer.
Basta ter em mão um projeto técnico, levar ao banco e usar o dinheiro efetivamente naquilo que está financiando. As linhas estão abertas o ano todo. Quanto ao enquadramento, se sua renda for superior ao limite, podes entrar com projeto em outras linhas, também com recursos abundantes, o que diferencia é o juro levemente maior. Crédito para investimento é o que não falta, tanto que a maioria das linhas o valor financiado é sempre abaixo do valor disponibilizado.
JOSÉ PATRÍCIO DA SILVEIRA NETO

PIRAPORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/05/2013

Cara Diana, aqui no Norte de Minas os pronafianos têm um tratamento diferenciado e se gastar o dinheiro do financiamento corretamente não tem erro. O juro é muito baixo. Não sei ai em São Paulo se os benefícios são os mesmos. É que em Pirapora estamos no polígono das secas e tem juros de 1% ao ano. Já vi casos de pronafianos que nem mesmo o principal pagaram. No entanto as exigências de enquadramento são muito rígidas. Eu pelo menos não tenho este benefício. Meu crédito é para juros anuais de 5,5% e nas linhas do FINAME (equipamentos) de 3% ao ano. Se conselho valer, procure um bom técnico, com experiência comprovada, para assistir seu projeto. Acredite em seus sonhos e compartilhe eles com o seu próximo, os sonhos só deixam de ser sonhos quando compartilhados. Boa sorte.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/05/2013

Prezada Daina Guedes Alves: Vamos esperar o desfecho, com o valor a ser financiado para compra de vacas. Espero, sinceramente, que tenha êxito, embora não acredite.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 26/05/2013

Parabéns pela estreia, Eric! A quantidade de interações mostra o acerto desse primeiro artigo.
DAIANA GUEDES ALVES

ÁGUAS DE SÃO PEDRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/05/2013

Em relação ao amigo Guilherme ter mencionado sobre PRONAF, cheguei da Nova Zelândia em 03/2013 e posso me considerar uma micro produtora, não mais de 200l por dia, já estou esperando a visita do técnico do Banco do Brasil para realização do projeto do meu sítio e, assim, definir o valor do financiamento pra compra de vacas. Além disso, temos um valor extra que pode ser utilizado para época de seca ( como um segundo financiamento). Enfim, pra mim, está se ótimo! É sim, um processo burocratico, mas POSSÍVEL! Boa sorte! Abraço!
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/05/2013

Prezado Eric Ghandi Silveira: (continuando...) Já o Holandês, o Jersey e o Gir, estes sim, são raças cultivadas, selecionadas e dirigidas, há longo tempo, para os fins a que se propuseram seus idealizadores, possuidores de um padrão biológico de indivíduos, que não se encontra nos cruzamentos que vemos por aí.
Amigo, cuidado com informações como "nosso gir leiteiro se parar de coice na ordenha" - fui dizer isso, há tempos atrás, aqui no MIlk Point, e quase fui crucificado (rsrsrs).
Como você verifica, estamos precisando muito deste "high imput", aqui no Brasil, para não perecermos (rsrsrs).
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/05/2013

Prezado Eric Ghandi Silveira: Parabéns. Você começa a desenhar seu pensamento, nos mostrando que, realmente, possui os requisitos do "técnico que procuramos": mente aberta a outras formas de manejo, que não o pasto, e capacidade ímpar de assimilar novas ideias e novos rumos para o mesmo fim. Com profissionais como você, temos a esperança do Brasil evoluir muito e alcançar o lugar que merece na produção de leite.
Quando discorro em estratégia de "marketing" em relação à produção por hectare, é porque este tipo de parâmetro mascara a realidade das coisas. Como expliquei, levando em consideração meu caso pessoal, se formos lançar mão deste quesito, o confinamento integral de bovinos de leite é imbatível. Veja que meus pobres dados já causaram dificuldades na comparação com os daí, da Nova Zelândia: imagine os da Agrindus, do amigo Roberto Jank, que produz infinitamente mais que eu, em espaço proporcionalmente igual (rsrsrs).
Com certeza, forneço mais que cana de açúcar e silagem de milho: soja e outros implementos alimentares também fazem parte de minha dieta total. Quando ao volume de farelo de soja, você chegou bem perto, já que o consumo está entre 3 e 4,5 quilogramas/animal/dia.
Outro aspecto importante em sua fala é a constatação de que a Nova Zelândia não possui grãos, o que faz com que ela, em sua grande maioria, tenha que continuar a pasto, ao contrário de nós, com nossas expressivas safras graneleiras.
Se eu estivesse na Irlanda, com estes dados de subsídio informados, ou se os tivesse aqui, no Brasil, já estaria rico (rsrsrs).
Engana-se quanto aos subsídios de Pronaf, "Mais Alimentos" e Banco do Nordeste": são destinados somente aos assentados e aos que deles não precisam, os grandes produtores. Nós, pequenos e médios, não conseguimos ter acesso a estes, seja por falta de garantias reais, seja pela enorme burocracia que os cerca. Em resumo, só existem, em grande parte, no papel.
O leite produzido pela "Leite Verde", com certeza, não custa só R$ 0,30 (trinta centavos).
Muitos acham que eu sou fanático pelo confinamento. Isto não é verdade, tanto que já passei por todos os outros sistemas de produção, até chegar a ele. Não se trata de paixão, mas de estudo, de experiência, de vida. Se, amanhã, os ventos me levarem de volta ao pasto, voltarei sem pena, mas, acho muito difícil disso acontecer.
Holandês, sim, é paixão. Mas, uma paixão voltada à sua imbatível produtividade (rsrsrs). Claro que os animais domésticos, em algum ponto de sua história, desenvolveram-se de outros já existentes, há milhares de anos. Claro que a raça holandesa não é diferente. O que eu critico é que isto leva milhares de anos para ser alcançado e as mestiçagens que hoje temos, estão em fase muito embrionária para serem apregoadas como raças: são meros mestiços. Um dia poderão constituir novos nichos raciais, mas, no momento, ainda não. (continuo...)

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
ERIC GANDHI SILVEIRA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/05/2013

Caro Tiago H.
Obrigado pela gentileza do comentário. Em Santa Catarina você pode usar o HF da NZ se for pago por volume de leite. Se não, você pode optar por girolando(de boa procedência), jersey ou Kiwicross...
Abraços
ERIC GANDHI SILVEIRA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/05/2013

Caro Michel Valter. O seu comentário poderia ser a minha resposta a sua pergunta. Usar a genética neozelandesa é o caminho mais curto para se chegar a vaca que dá mais dinheiro. Contudo essa vaca dá mais dinheiro ao neozelandês... Na verdade o meu objetivo é despertar no brasileiro o interesse de criarmos a vaca que nos dá mais dinheiro. Para as nossas realidades. O gado kiwi pode ser a base genética pra isso? Pode!!! Assim como o gado norte-americano foi para o neozelandês, ou o nosso gir leiteiro se parar de coice na ordenha e dar uma bezerro por ano. Minha família cria gir leiteiro mas eu não vou mudar a raça porque conheci outra melhor. Eu vou colocar o rumo da nossa seleção como meta onde a outra raça está. Nem que demore 500 anos... O importante é dar o primeiro passo e caminharmos juntos...
Abraços
ERIC GANDHI SILVEIRA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/05/2013

Continuando: como você acha que Alexandre "o grande" puxava seus carros de guerra quando invadiu a Índia. Era com seus bois taurinos que com certeza alguns ficaram por lá se misturando com as vacas "sagradas". Com essas informações eu aprendi bem cedo que bairrismo é bom quando você objetiva contribuir com a cidade. Ou seja, continue fazendo o melhor para melhorar o seu holandês para que outros possam usar sua base genética da forma que lhe convir. Espero que não doa nos seus ossos em saber que até o holandês um dia já foi mestiço... Agora eu vou parar o debate por aqui pois preciso me concentrar no próximo artigo que pretendo publicar semana que vem a respeito da aplicação constante de tecnologia na NZ o chamado "high imput". Convido o amigo a continuar o debate no próximo artigo. Abraços
ERIC GANDHI SILVEIRA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/05/2013

Continuando... Eu sou técnico, não posso me apegar a nada. A não ser ao bom resultado. Se a industria remunerar o produtor por sólidos temos que produzir leite com alto teor de sólidos. Na NZ não tem outro jeito aqui você só recebe por sólidos, apesar da industria usar á água do leite para produzir outros derivados. Todavia ninguém reclama, pois o cooperado confia na sua cooperativa e no fim do ano sabe que a sua parcela dos lucros da empresa é garantida. Ainda não ouvi falar de corrupção por aqui... A industria penaliza o produtor que tem muita água no leite. E o objetivo disso nada mais é que ter eficiência no transporte. Um litro de água pesa 1kg. Um litro de leite pesa menos de 1Kg, lembra!? Tudo que é feito na NZ pode ter certeza que é buscando eficiência. Por outro lado existe o mercado de leite de bebida este, vale o volume que produz mas isso não justifica a não produção a pasto, tanto que os neozelandeses que produzem leite para população usam vacas holandesas (holstein frisian) a pasto mesmo. Claro que essas vacas são mais eficientes e menores que as norte-americanas. No caso hoje na NZ funciona o seguinte: o Kiwicross produz leite para industria e o holandês produz leite para a população. O leite chega á população através de outros laticínios menores e geralmente quem fornece para esses laticínios são novos produtores que não têm condições de comprar um cota na Fonterra. Por falar nisso aqui também existe alguns confinamentos também desses novos produtores, mas só são usados na entressafra quando o leite tem maior valor. Voltando ao vigor hibrido é mais acentuado no primeiro cruzamento mesmo. No mesmo trabalho em que peguei a tabela diz que cada geração que você cruza animais cruzados você perde 50% do vigor hibrido. Isso quer dizer que a melhora que ocorria em relação aos pais vai perdendo força até deixar de existir. A partir desse momento você pode ter criado uma raça sintética ou mestiça como preferir chamar. Isso acontece em qualquer espécie se você tem um cavalo ou cachorro de raça provavelmente suas origens são em outras raças. O próprio gado holandês teve que se render ao cruzamento no passado. No final do século XVIII quase todo gado holandês desapareceu do mundo em decorrência de várias epidemias consecutivas. Com isso começou-se várias importações de gado da Inglaterra, Europa continental, América do Norte, Índia, África do Sul, Australásia, etc. Isso está no site oficial do holandês. Da pra acreditar que até a índia contribuiu na formação do holandês? Imagina se o povo desse tempo se recusasse a fazer cruzamento com touros de outra raça com medo de "sujar" a barriga de suas vacas. Até o Zebu teve influencia de taurino no passado. A Dra. Tatiane Tetzner realizou uma pesquisa no seu doutorado investigando DNA mitocondrial de todas as raças zebuínas. Ela constatou que todas elas, apesar de puras, possuem carga genética de taurinos. Não era para ser surpresa, explico o por que no próximo comentário....
ERIC GANDHI SILVEIRA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/05/2013

Caro Guilherme, seus comentários dariam bons artigos... Como eu falei antes, eu prefiro o sistema a pasto, mas trabalho tanto em confinamento quanto a pasto. Preciso levar em consideração vários fatores para se indicar um sistema. Se no seu caso o confinamento foi a melhor opção por mim tudo bem. Espero que você continue lucrando. Não entendo porque você fala sobre estratégia de marketing para justificar um sistema. Eu não vendo pasto. Eu não vendo sistema. Eu sou consultor. Eu vendo idéias. A sua produtividade realmente é impressionante como meu pai disse seria bom se eu puder visita-lo quando voltar para o Brasil, mas é impossível alcança-la somente com cana e silagem. Você deve dar muita ração concentrada para suas vacas. Talvez 10kg/vaca/dia. Não sei só estou chutando... De qualquer maneira você importa muito alimento para o seu sistema. Acredito que sua vaca de 40litros come cerca de 5 kg de farelo de soja por dia. Em 305 dias você gastaria 1525 kg de farelo de soja. Para se produzir 1kg de farelo de soja a industria precisa processar 1,28kg do grão ou seja cada vaca dessa gastou 1955kg de soja. A produtividade média de soja no Brasil é de 3106kg/ha. Nesse caso sua vaca comeu mais 0,62 ha de soja. Fora o grão de milho que poderiamos fazer outra conta dessas. No entanto onde quero chegar é que o neozelandês não tem grão. Se ele for confinar a sua vaca ele teria que importar grãos. Uma vez que a produtividade precisaria ser alta para justificar o custo do free-stall. Se for fazer produção de leite confinado só com volumoso a produtividade não seria muito diferente do pasto. Eu tive a oportunidade de conviver com um irlandês na minha casa aqui na NZ e ele me disse que a união europeia paga para o produtor 70% do custo para se construir um free-stall em seu país. Se você tem lucro no Brasil imagina na Irlanda... Mas essa não é a realidade do neozelandês. Para se ter uma idéia o subsidio aqui é menor que no Brasil. Produtor aqui não tem "mais alimentos", "pronaf", banco do nordeste", etc. Tem que baixar custo mesmo e produzir o máximo com isso. Realmente eu não consigo produzir o seu volume de leite/ha a pasto. Contudo se eu assumir que você tem esse custo de 0,6/litro que você diz considerar uma remuneração de 0,9/litro você está lucrando 0,3/litro ou seja fazendo 35485,00/ha/ano. Para eu fazer os mesmos 35485,00/ha/ano a pasto com o custo que você citou de 0,3/litro com mesma remuneração eu preciso de 59141 litros/ha ano. Com vacas produzindo 15 litros a pasto eu precisaria de 10,8vacas/ha. Na fazenda Leite Verde dos neoselandeses na Bahia que você já deve ter ouvido falar se coloca em média 10UA/há/ ano debaixo de pivô irrigando pasto de tifton. Como suas vacas pesam em torno de 420kg eles mantém uma lotação de 10.71 vacas/ha/ano. Ou seja, a pasto é perfeitamente possível fazer o mesmo dinheiro que você está fazendo no confinamento. Meus caracteres acabaram vou continuar no próximo comentário...
TIAGO H. WENSING

ARMAZÉM - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/05/2013

Parabéns pelo trabalho, na minha opinião o ponto de partida sem duvidas é a genética e o manejo animal, que sistema se adotar. Eu moro em SC em uma região de relevo ondulado. você produziria com que raça, a pasto nas épocas criticas chegando a 25 kg de silagem no cocho, entrada e saída de inverno e períodos secos.
JOSÉ PATRÍCIO DA SILVEIRA NETO

PIRAPORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/05/2013

A coisa é simples e não demanda muita discussão, muito embora esta seja benéfica. Quem é o maior exportador mundial de leite? Quem é o mais eficiente produtor de leite a pasto do mundo? Se eu tivesse somente sete hectares e quisesse produzir leite em alta escala com certeza iria fazer uma visita para o colega Guilherme. No entanto se eu tenho condições de produzir a pasto, com certeza iria buscar experiências positivas nessa seara. No fim, dentro da proposta de produção, se esta dá resultado, não tem nada de errado. Cada um se especializa naquilo que lhe mais agradável, fácil e lucrativo. Não sou contra nem "a" nem "b". Sou contra a falta de conhecimento, a falta de polícia no setor, sou contra adicionar ureia no leite, sou contra a falta de assistência ao produtor, sou contra as cooperativas que exploram o cooperado, sou contra eu não poder remunerar o meu produto e ter que aceitar a cada mês o preço ditado pelo comprador. No mais estou de bem com a vida, produzir leite é um prazer imensurável.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/05/2013

Prezado Eric Ghandi Silveira: Ainda sobre o denominado "vigor híbrido", estudos demonstram que o mesmo somente se anuncia nas fêmeas denominadas F1 (meio sangue), perdendo sua força ao longo das demais gerações. Por isso, esta característica não possui a importância que se apregoa e limita a capacidade dos animais mestiços em se transformarem em aptos para as elevadas produções. Por óbvio - e já antevendo as reações a respeito - as exceções existem e confirmam esta regra.
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=

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