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Perspectivas e Avanços na Nutrição de Gado de Leite no Brasil - Entrevista: Alexandre Pedroso

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 24/09/2014

9 MIN DE LEITURA

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Com muita honra, oficialmente, anunciamos ao mercado o ingresso em nossa equipe de Alexandre Mendonça Pedroso, engenheiro agrônomo, D.Sc pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), como consultor associado. Alexandre é autor de inúmeros artigos técnicos e científicos, publicados em diferentes periódicos nacionais e internacionais, sendo uma das personalidades de destaque do setor na área de NUTRIÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS. Com a entrada de Alexandre em nossa equipe, tornamos nosso time de consultores ainda mais seleto e qualificado, apto, cada vez mais, a contribuir e suprir diferentes demandas e desafios de clientes específicos e exigentes na cadeia produtiva do leite no Brasil. Acompanhe a seguir sua entrevista exclusiva para o nosso Blog.

1-) Nos últimos anos a nutrição de vacas leiteiras sofreu avanços significativos e expressivos em termos de tecnologia disponível para obtermos resultados expressivos em produção individual de leite, seja através do fornecimento de ingredientes adequadamente formulados, ou através do uso de implementos e equipamentos eficientes capazes de maximizar a ingestão de alimentos com melhores resultados. Quais foram os principais avanços e mudanças , na sua opinião?

A cada ano surgem novidades no mercado de nutrição e alimentação animal. Novos aditivos e suplementos, novos equipamentos, softwares de gestão de rebanhos e formulação de dietas, fica até difícil acompanhar tantas novidades disponíveis para técnicos e produtores. Mas entendo que o maior avanço é silencioso, mas vejo cada vez mais profissionais do setor buscando trabalhar com elevada eficiência. A demanda por serviços técnicos de alta qualidade está aumentando, pois de nada adianta termos grandes novidades em produtos a cada ano, se o produtor não tiver o devido suporte técnico para poder usufruir de toda a tecnologia disponível. Me parece que o setor produtivo está amadurecendo, o que é fundamental para sermos um país competitivo em produtos lácteos.

2-) Hoje em dia, contamos com uma grande variedade de produtos e tecnologias disponíveis no mercado em termos de nutrição de bovinos leiteiros, capazes de aumentar a produção de vacas leiteiras. Entretanto, ainda temos muita confusão sobre como, onde e como aplicar determinados conceitos e produtos de modo que venhamos a obter resultados satisfatórios. De que maneira podemos melhorar ou devemos trabalhar tais conceitos no meio técnico, para que a nutrição possa, de fato, “fazer a diferença” dentro de sistemas de produção de leite?

Pois é, como eu disse anteriormente, não adianta termos um milhão de novidades em produtos se os produtores não sabem como tirar o melhor proveito deles. A única forma de trabalhar corretamente as novas tecnologias disponíveis é através de capacitação dos técnicos consultores. Os produtores de leite devem cobrar isso dos seus prestadores de serviço, é fundamental buscar não apenas as notícias, mas também o conhecimento, e como aplica-lo da melhor forma em cada propriedade. Os técnicos precisam estar permanentemente atualizados a fim de oferecerem serviços de alta qualidade a seus clientes, ajudando-os a ter lucro.

3-) A nutrição de bovino leiteiros é um tema de extrema relevância para a saúde financeira de propriedades de leite, seja pelo seu impacto em termos produtivos (fazer mais ou menos leite com um determinado arraçoamento) ou simplesmente pelo impacto da alimentação no custo de produção do litro de leite produzido. Na sua opinião como estamos situados no momento, em termos de Brasil? O produtor evoluiu, tem trabalhado corretamente e dado a devida atenção ao manejo nutricional ou ainda temos muito a aprender e melhorar?

Eu acho que sim. Hoje temos no Brasil muitos produtores absolutamente profissionais, que trabalham com elevada eficiência produtiva, notadamente o que se refere ao manejo nutricional de seus rebanhos. Mas ainda há muito o que melhorar. Precisamos de mais técnicos capacitados, com foco na solução dos problemas dos clientes, entendendo que cada fazenda tem as suas particularidades e as soluções devem ser individualizadas. Para isso esses técnicos precisam investir permanentemente em sua formação, e estar totalmente atentos para o que os institutos de pesquisa no mundo todo estão produzindo em termos de informações úteis aos produtores de leite.

4-) A nutrição de bovinos leiteiros no Brasil sempre esteve centrada no modelo norte-americano em função da quantidade de trabalhos publicados, dos centros acadêmicos de excelência (Universidades) e grande número de pesquisas com rebanhos comerciais. No Brasil, houve significativa mudança no volume de trabalhos realizados, com maiores dados publicados, mas ainda temos certa carência de dados de pesquisa realizados em nossos rebanhos comerciais. Esse fato deve ser encarado como uma limitação para tomada de decisões práticas e de manejo alimentar em fazendas do Brasil?

Pela minha experiência na Universidade e na EMBRAPA posso afirmar que aqui no Brasil há grupos de pesquisa em nutrição de bovinos que são tão bons ou até melhores do que muitos estrangeiros, e muita informação importante é gerada em nossas instituições, mas comparativamente o volume ainda é pequeno. Temos em nosso país uma diversidade grande de sistemas de produção de leite, e ainda há muita coisa a ser entendida no que se refere ao manejo nutricional, especialmente em rebanhos mantidos em pastagens. Entendo que a realização de pesquisas de alto nível em rebanhos comerciais é uma etapa importantíssima para o avanço do conhecimento nessa área, e essa prática infelizmente ainda é restrita no Brasil.

5-) Quando falamos em nutrição de bovinos, principalmente em propriedades.
produtoras de leite, sempre afirmamos haver uma grande diferença prática entre a dieta idealizada e formulada e aquela, efetivamente, fornecida (e consumida) pelas vacas. Esse talvez seja o maior desafio para implantação de programas de sucesso de alimentação de bovinos leiteiros. Muitos atribuem esse problema à mão-de-obra desqualificada ou mesmo à falta de recursos ou possibilidade de mistura adequada e uso de equipamentos corretos para alimentar os animais. Estes seriam os principais e mais importantes desafios do produtor em termos de manejo da alimentação ou temos questões adicionais ?


Sem dúvidas a qualidade do manejo da alimentação das vacas leiterias é uma questão crítica, e talvez a grande responsável pela eficiência (ou ineficiência) produtiva de boa parte das fazendas leiteiras, mesmo as baseadas em pastejo. Problemas de mistura mal feita infelizmente são muito comuns, mesmo em fazendas com alta inclusão de tecnologia, pois isso não depende dos equipamentos, mas sim de quem planeja e executa as tarefas. É preciso entender que os equipamentos são ferramentas de trabalho – utilíssimas – mas não são auto suficientes. A qualidade da mão de obra é fundamental para que o manejo da alimentação seja adequado.

6-) Em tempos de alta de preços de determinados ingredientes, sempre vem à tona a questão de estratégias alternativas de alimentação em termos de uso de ingredientes como opção para se baratear o custo de alimentação. Estamos falando de resíduos de alimentos e subprodutos. Infelizmente, nem sempre sua compra é possível para um bom número de produtores, seja por inviabilidade de custo (frete caro para buscar determinado alimento) ou pelo fornecimento irregular destes, ao longo do ano. No caso de produtores que trabalham com ingredientes tradicionais como silagem de milho, feno, caroço de algodão, polpa cítrica, farelo de milho e soja e núcleos minerais, como enfrentar alta de preços de insumos tradicionais? É possível ser eficiente e ter bons resultados mesmo quando tais alternativas não são opção?

O foco tem que ser na eficiência de uso dos nutrientes, que passa pela formulação correta das dietas, manejo de cochos, misturas adequadas, condições de armazenamento dos alimentos, manejo da alimentação evitando desperdícios, correto agrupamento de vacas, conforto animal, enfim, todos os fatores direta ou indiretamente ligados à eficiência com que as vacas utilizam os alimentos. Mesmo quando há poucas alternativas para baratear diretamente a dieta é possível conseguir ganhos em eficiência através de um bom programa de alimentação e boas condições de conforto animal. Aliás não é mais possível separar o manejo alimentar do conforto, técnicos e produtores precisam entender isso e trabalhar visando dar às vacas as melhores condições de conforto para que possam aproveitar ao máximo os nutrientes ingeridos. Obviamente considerando as questões econômicas da fazenda.

7-) Com o avanço do melhoramento genético, vacas leiteiras especializadas cada vez mais devem ser encaradas como pequenas fábricas e unidades produtoras de leite. Alimentando corretamente, e oferecendo conforto é possível otimizarmos a ingestão de matéria seca e alcançarmos médias elevadas em termos de produção individual. Entretanto, ao desafiarmos animais para médias mais elevadas, corremos riscos de desgastar mais esses animais e termos diferentes distúrbios metabólicos que podem se manifestar em casos subclínicos, causando prejuízos à longo prazo como maior taxa de descarte e menor longevidade de rebanhos. Nos Estados Unidos, por exemplo, é comum vacas leiteiras permanecerem em rebanhos por 2 ou 3 lactações apenas. Como devemos encarar este desafio? Até que ponto é interessante desafiarmos nossas vacas e até que ponto devemos pensar em saúde e maior longevidade?

Eu viso sempre a preservação da saúde das vacas. Não podemos ter visão de curto prazo, focando em uma os duas lactações apenas. Quanto custa repor uma boa vaca? É fundamental fazer com que cada vaca do rebanho dê o maior retorno possível, tanto em leite como em crias. É preciso entender a fundo o ciclo produtivo e a fisiologia das vacas para saber o momento de “ colocar pressão” e o momento de aliviar. O jogo não é apenas produção de leite, a eficiência produtiva da fazenda depende da reprodução e da saúde das vacas, e colocar pressão total nelas é ter visão de curto prazo.

8-) Há um mito na nutrição de vacas leiteiras especializadas de que somente é possível ser eficiente e ter lucratividade se trabalharmos volumosos nobres como silagem de milho ou pastagens de alto valor nutritivo. No entanto essa não é a realidade de muitas fazendas produtoras do Brasil. Você concorda com esse conceito?

Não, em absoluto. Eu costumo focar nos nutrientes e não nos alimentos. Obviamente é fundamental produzir volumosos de alta qualidade, mas mesmo uma cana-de-açúcar pode ser bem utilizada, desde que, dentro de suas limitações, tenha boa qualidade. Os nutricionistas precisam parar de pensar nos alimentos e passar a pensar naquilo que as vacas precisam, independente de onde venha. Claro que devem se preocupar com os custos, mas é possível fazer dietas altamente eficientes para vacas leiteiras utilizando ingredientes considerados “não nobres”.

9-) Se fosse possível enumerar 5 dicas importantes para um jovem produtor de leite, em termos de manejo nutricional, quais seriam essas dicas e cuidados, classificadas em ordem de importância?

1. Produza o melhor volumoso que conseguir, seja ele qual for;
2. Seja um bom comprador, isso faz toda a diferença na qualidade e nos custos;
3. Ouça o que suas vacas lhe dizem;
4. Entenda que quem manda na fazenda são as vacas e não você;
5. O manejo da alimentação deve ser idêntico, todos os dias. Rotina e constância garantem a eficiência.

10-) Você tem uma vasta experiência em formulação de dietas e implantação de programas avançados de nutrição de bovinos, conhecendo diferentes sistemas, propriedades e realidades, no Brasil e no mundo, tendo contribuído muito como pesquisador na área em importantes centros de pesquisa do Brasil (ESALQ-USP e EMBRAPA-Pecuária Sudeste). Como novo consultor da COWTECH, quais são suas expectativas nessa nova empreitada e desafio nessa etapa da sua vida?

Espero poder fazer a diferença no setor produtivo do leite, levando essa experiência para fazendas e empresas do setor. A prestação de serviços de alta qualidade é fundamental para que o nosso país volte a ser destaque no setor de lácteos. Minha expectativa é contribuir decisivamente para a sustentabilidade dos sistemas de produção de leite no Brasil, entendendo que o pilar mestre da sustentabilidade é o lucro. Empresa ou fazenda que não dá lucro não vai se preocupar com as questões ambientais ou sociais, de forma que se quisermos pensar em sustentabilidade, de fato, tudo começa pelo lucro. Ou seja, precisamos ajudar nossos clientes a ganhar dinheiro!

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

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MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 01/10/2014

Parabéns a Cowtech e ao Alexandre pela parceria, tenho certeza que dará certo.
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 29/09/2014

Dr. Alexandre Pedroso,

Parabéns pela entervista clara e oportuna. Desejo-lhe rápido sucesso neste novo caminho que você começa a trilhar.
MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/09/2014

Parabéns Alexandre e boa sorte nesta nova empreitada. Competência você tem de sobra, conte conosco para o que precisar. Um grande abraço.
GETULIO ASSIS

DELFIM MOREIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/09/2014

MUITO BOM. É DE FUNDAMENTAL IMPORTANCIA ESSES COMENTARIOS POIS A NUTRIÇÀO É A GRANDE PREOCUPAÇÀO EM NOSSO NEGOCIO.COM RELAÇÃO A CUSTO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO.

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