Os probióticos são microrganismos que conferem uma série de benefícios para a saúde humana e podem ser empregados na produção de derivados lácteos pelas indústrias de laticínios.
O emprego de culturas probióticas em lácteos como agentes promotores de saúde e bem-estar tem aumentado no Brasil e em diversos outros países. Eu apontaria dois principais motivos:
- O primeiro seria o crescente número de artigos científicos apresentando descobertas ou consolidando conhecimentos que nos fazem ter cada vez mais certeza de que os probióticos devem fazer parte da nossa dieta.
- Outro fator determinante é o destaque que a microbiota (antigamente chamada de “flora”) passou a ter, sendo considerada atualmente como um “órgão metabólico” e o intestino não ficou atrás, ganhando status de “segundo cérebro”.
Pode parecer exagero, mas vamos analisar alguns fatos que podem nos ajudar a melhor compreender essas afirmações. Em primeiro lugar existe uma importante supremacia numérica da população de bactérias, fungos e até vírus que vivem em nosso intestino.
Estamos falando de um número tão grande de organismos que supera 10 vezes o número de células do nosso corpo. Isso equivale a dizer que somos o produto da seguinte matemática: 10% células humanas (somáticas) + 90% de células de micro-organismos.
Ficou surpreso? Então escuta essa:
A microbiota apresenta quantidade de genes 100 vezes superior ao conjunto de genes (genoma) humano. Mais de 25.000 diferentes substâncias químicas são produzidas por esses micro-organismos que habitam em nós e nossa qualidade de vida é intimamente relacionada com o equilíbrio desta comunidade.
Conhecimentos recentes têm apontado para relação da microbiota com ganho de peso e até mesmo com humor e ansiedade, levando a um conceito inovador: bactérias “psicobióticas”. Será que futuramente poderíamos prospectar uma troca do consumo de antidepressivos por micro-organismos probióticos?
Mas falando do que já está mais consolidado, o que as bactérias probióticas podem fazer por nós?
O maior foco dos probióticos é a saúde intestinal e manutenção do equilíbrio da microbiota como um todo. Outros benefícios seriam:
- Alívio da constipação intestinal
- Estímulo do sistema imune
- Prevenção do câncer de cólon
- Inibição de bactérias causadoras de doenças presentes no tubo digestivo
- Prevenção de doenças do sistema urinário feminino, entre outros.
Algumas destas culturas têm sido utilizadas com sucesso no tratamento de doenças inflamatórias intestinais. Mas essas são as linhas gerais. Novos estudos têm apontado mais e mais linhas de ação e aplicações potenciais.
Destaque importante é que probióticos também podem (e devem) ser empregados na produção animal com inúmeros benefícios para todos, especialmente pela diminuição da necessidade de uso de antibióticos em alguns sistemas de criação.
E assim seguiremos impulsionados pela curiosidade acerca do mundo em que habitamos e do “mundo que habita em nós”.
Referências bibliográficas
ANTUNES, A. E. C.; SILVA, E. R. A.; MARASCA, E. T. G.; MORENO, I.; LERAYER, A. L. S. Probióticos: agentes promotores de saúde. Nutrire (SBAN), v. 32, p. 113-132, 2007.