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Como reduzir perdas de leite e água em processamento de laticínios?

POR ISABELA MACHADO FERRARI

INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/03/2015

3 MIN DE LEITURA

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A recente crise hídrica que atinge o Brasil fez com que toda a população se conscientizasse na otimização do uso da água.

No curso que ministro através do Curso Online da AgriPoint, chamado Novas Tecnologias para Otimização de Processos em Laticínios abordamos o assunto de consumo de água e geração de efluentes líquidos destinado a indústrias de laticínios no módulo 3.

Já, na introdução do módulo 3, apresentamos uma observação importante, bastante lógica, mas que muitas vezes passa desapercebida: Quanto maior o volume de água gasto pela indústria de laticínios, maior o volume de efluente a ser tratado, e, portanto, mais gasto com o tratamento.

A qualidade dos efluentes varia em função dos produtos industrializados (resfriamento e ensacamento, fabricação de queijos, iogurtes, manteiga, requeijão, leite em pó, etc.), capacidade de produção, “lay-out” industrial, tecnologia utilizada para a higienização das instalações e qualidade do leite utilizado.

A geração de efluentes a partir de laticínios apresentam o principal impacto ambiental desta cadeia produtiva. Os valores de quantidade e qualidade são expressivos e gerados por:

• Lavagem e limpeza de produtos remanescentes em caminhões, latões, tanques, linhas e máquinas e equipamentos diretamente envolvidos na produção;
• Derramamentos, vazamentos, operações deficientes de equipamentos e transbordamento de tanques; descarte de produtos, tais como soro ou leite ácido.
• Perdas no processo, tais como em operações de “partida” e de “parada” do pasteurizador e produtos que extravasam, arraste de produtos na evaporação (leite condensado e em pó) e aquelas resultantes do acerto das embaladeiras, no início do processo de embalagem;

Os efluentes brutos apresentam uma rápida alteração do pH devido à fermentação láctica, o que deve ser considerado em relação aos materiais empregados na execução do sistema de tratamento.

Os efluentes tratados apresentam concentrações inferiores a 10 mg O2/litro em relação a DQO (Demanda Química de Oxigênio). Isto demonstra a excelente biodegradabilidade dos efluentes pois na indústria de laticínios pode-se obter DQO superiores a 7.000 mg O2/litro no efluente bruto.

O cuidado com perdas de leite e recuperação de soro são fundamentais para aumentar a produtividade da empresa, além de diminuir a carga poluidora do efluente final.

Um litro de leite integral equivale a próximo de uma DBO de 110.000 mg/litro e uma DQO de 210.000 mg/litro. Ou seja, através dos resultados das análises de DBO e DQO do efluente a ser tratado, bem como, utilizando o cálculo do balanço de massa, podemos obter o volume de leite perdido no processamento.

Exemplo: Padronização e controle de operações com leite líquido

Sabe-se que a realidade de laticínios de média tecnologia consiste em perdas de leite em várias situações:

• Extravazamento de tanques
• Vazamento de tubulações
• Descontroles nas limpezas CIP (Clean-in-Place) que pode arrastar leite de tubulações e não acusar restos de leite em fundos de tanques.
• Problemas em bombeamento de tanques e silos
• Descontroles em “set-ups” de linhas de produção
• Erros tecnológicos em separações, centrifugações e coagulação de queijos.
• Perdas nos processos de embalamento automático.

Supondo um laticínio que processa 30.000 litros de leite por dia, que separa todo o soro produzido, e que tenha um efluente a ser tratado com DQO de 10.000 mg/L, de quanto seria aproximadamente a perda de leite, em 1 mês?

Sabemos que, para cálculo de estações de tratamento de efluentes, os engenheiros consideram, na prática:

1 litro leite – 1 litro de água potável – 1 litro de efluente
1 litro de efluente tem 10.000 mg DQO – 10 g DQO
1 litro de leite tem 210.000 mg de DQO – 210 g DQO
10 g : 210 g = 4,7 %, ou seja, 4,7% do efluente é leite que foi desperdiçado do processamento.
30.000 L x 4,7% = 1.410 litros de leite x 25 dias = 35.250 litros de leite por mês.

Considerando o preço pago ao produtor mais o custo de tratamento desta carga no efluente, vamos “arredondar” para um custo teórico de R$ 1,00/ 1 litro de leite. Portanto, teríamos um prejuízo de R$ 35.250,00 por mês.

Os exemplos acima são teóricos, mas baseados em dados muito próximos da realidade.

Assim mostra-se a evidente importância da aplicação de cálculos de balanço de massa, com base em alternativas tecnológicas, como um excelente suporte para a argumentação no investimento na manutenção instalações e novas tecnologias, além de investimentos em treinamentos e campanhas contínuas com os colaboradores, com foco na prevenção de desperdícios.
 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

ISABELA MACHADO FERRARI

Engenheira Química, Mestre em Bioprocessos Industriais e Biotecnologia. Trabalha nas áreas de gestão da produção e tecnologia de processo, garantia da qualidade, desenvolvimento de novos produtos e projetos de indústrias de alimentos e agroindústrias

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ISABELA MACHADO FERRARI

CURITIBA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/03/2015

Olá, Pedro Porto.

Obrigada pelos seus comentários, bem como, destaque ao artigo e apoio ao assunto, que consideramos de fundamental importância. Como mencionei, no curso " "Novas Tecnologias para Otimização de Processos em Laticínios" que ministro pela Agripoint, esse assunto é amplamente discutido. Pretendo publicar mais artigos sobre o assunto, principalmente, neste momento de crise. Não sei quando sairá a próxima edição do curso, mas se lhe interessar vc pode comprar o material didático através do site da Agripoint.  Existe um gráfico, aqui, entre meus arquivos que mostra o percentual de consumo de água nos vários setores, e o que mais consome é o setor agropecuário e agroindústria.  Vou continuar falando deste assunto aqui na publicação dos artigos.Abçs
PEDRO PORTO

VASSOURAS - RIO DE JANEIRO

EM 07/03/2015

Bom dia Isabela Ferrari!

Como pode reparar, artigo com este, de "relevante teor", nao surtiu nenhum comentario, pelo menos ate este momento!

Estou com a pagina aberta desde o dia do recebimento, aguardando este momento, primeiro para dar os parabens pelo artigo, ou melhor o alerta, e segundo para dar os parabens de novo por abordar tema tao procupante (CRISE HIDRICA), que parece nao estar preocupando muitos brasileiros (pecuaristas, industrias de lacteos, etc...)

Tenho um micro "mini" laticinio entrando em atividade, e ao visitar outros estabelecimento do porte ou ate maiores que o meu, mesmo antes desta "CRISE", me chocou o desperdicio de agua "potavel" que se promove, tanto nas areas de producao de materia prima o leite, ate as plantas de manipulacao (laticinios). E mangueira ligada esquecida no chao, lavagens desnecessarias, bebedouros com vazamentos, cochos com vazamentos, caixas dagua com vazamento, e por ai vai... mas o que mais me impressionou, foi o sistema de pasteurizacao lenta, onde para resfriar um tanque de 250 litros de leite, gasta... sei la... nao sei quantificar os litros de "AGUA POTAVEL" ,jogado literalmente no ralo,  pior direto na estacao de tratamento de efluentes, gerando uma sobrecarga de dejetos jogado nos corpos hidricos.

Primeira atitude que tomei, foi rever o sistema de pasteurizacao lenta, mais usado em laticinios de pequeno medio porte. No meu caso, procurei orgaos de Inspecao de alimentos , pra saber sobre o processo de fabricacao com leite cru, e outra opcao foi a pesquisa de equipamento que refrigera e recircula a agua de refrigeracao, equipamentos que tem o valor um pouco salgado, porem se for usada a matematica aproximada, sao viaveis o seu uso. Em epoca de "CRISE HIDRICA" ninguem sabe quanto custa o litro de agua... e nem quanto vai custar daqui para frente, entao e melhor comecar a se adequar ja!!!!!!!!!

Forte abraco, Pedro Porto.

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