A partir desta agenda de futuro e com a presença de especialistas e empresários do Brasil e de fora, o 1º Latin America Dairy Congress, uma parceira da Zenith com a AgriPoint, discutiu os principais gargalos, oportunidades e insights do setor no Continente e no mundo. Abaixo, confira as palestras do painel “Sustentabilidade: caso empresarial e tendências”.
Piercristiano Brazzale, coCEO da Brazzale Company, a mais antiga fábrica de queijos da Itália em atividade, abordou a sustentabilidade no âmbito da indústria citando o exemplo da Brazzale e os impactos da imagem da empresa. “Em 1920 a Brazzale construiu a primeira planta industrial para a fabricação de manteiga na Itália e em 1945, iniciou a produção de queijo Grana Padano. Uma das nossas metas é desenvolver cada fase de produção no melhor local possível, explorando nossa longa tradição e conhecimento”. Na sequência, o palestrante falou sobre os passos da empresa até chegar aos dias atuais. “Buscamos sempre oferecer aos nossos clientes uma boa relação custo-benefício e qualidade. A ideia é desenvolver a nossa empresa além dos princípios da corporação”.
Piercristiano comentou que todas as decisões da empresa são focadas no consumidor e na satisfação do mesmo. “A indústria sempre tem que se lembrar do meio ambiente, ela deve ser ecológica. Há uma demanda cada vez maior dos consumidores pelas informações do produto, como foi produzido, quanto de água foi utilizado para ser fabricado, entre outros. Nossa empresa tem certificações, rastreabilidade e conformidade com os padrões internacionais, porém, isso já não é mais suficiente, pois todos os nossos concorrentes também têm”.
Ele apresentou as iniciativas eco-sustentáveis da empresa e o esforço em melhorar e respeitar o meio ambiente. “Em 2011, o Gran Moravia (produzido na República Tcheca) foi o primeiro queijo do mundo a avaliar sua Pegada de Água (WFP) e a comunicá-la aos consumidores. A WFP é a quantidade de água doce utilizada na produção de determinado produto. É uma ferramenta preciosa para a integração das informações implícita e explícita que o consumidor usa para tomar sua decisão final e fornece indicações sobre a qualidade e saudabilidade do produto, e não apenas do meio ambiente. Além disso, precisamos saber como comunicar as informações para não criar confusões ou passar dados errados”.
Encerrando a sua apresentação, Brazzale apresentou alguns dados práticos e exemplos para aumentar a sustentabilidade ambiental e econômica da produção, como: economia de eletricidade e energia térmica, recuperação de energia de subprodutos, economia e melhor uso da água assim como, transformação de dejetos em energia. “Sempre há espaço para melhorias”, findou ele, dizendo que as iniciativas relativas a sustentabilidade em sua empresa se pagam através da economia de energia e água, bem como através da imagem.
Em seguida, Brian Lindsay, Diretor de Desenvolvimento na Dairy Sustainability Framework, questionou a todo o público sobre o que o setor lácteo está efetivamente fazendo em relação à sustentabilidade. “Para muitas empresas, a sustentabilidade está apenas relacionada ao meio ambiente, porém, ela está relacionada a diversos outros fatores. Queremos progredir a uma taxa mais rápida na área de sustentabilidade. A sustentabilidade é uma jornada e queremos sempre melhorar, sabendo que temos que trabalhar para alcançá-la”.
Brian ressaltou que estamos evoluindo e que a nossa melhoria é contínua, mas que ainda precisamos amadurecer muito. “Priorizem sempre as melhorias contínuas, desenvolvendo uma ferramenta para comprovar a efetividade dessas medidas. Também precisamos saber como apresentar os recursos naturais nos produtos, pois os consumidores querem saber o alimento do gado, se estão sendo criados com bem-estar, de forma sustentável, entre outros.”
Ele ainda citou que hoje há algumas propagandas incentivando as pessoas a não consumirem leite porque a sua produção gera danos para o meio ambiente. “Precisamos fazer a nossa parte com o intuito de alinhar o setor, visto que ele ainda é bastante fragmentado”.
Equipe MilkPoint