O grupo investidor Hamouda, um grupo econômico da Palestina que, entre várias atividades, põe forte ênfase no setor leiteiro, instalará uma planta industrial na região da Florida, cidade uruguaia, com um investimento estimado de US$ 30 milhões. A ideia é captar um volume de 50.000 litros diários e convertê-los em vários produtos lácteos destinados à exportação.

O embaixador uruguaio na Palestina, Enrique Ribeiro, disse que “é necessário ir afinando os termos do investimento, mas o grupo já anunciou a decisão de fazer isso junto ao Ministério da Pecuária e, inclusive, manejaram que, para fevereiro ou março de 2017, a planta começará a ser construída”. Além disso, a indústria de lácteos, que representará uma nova fonte de trabalho na Florida para 100 operários, tem interesse em apostar em empreendimentos associativos com os produtores locais e, inclusive, com alguma outra empresa láctea já instalada.

O grupo Hamouda, segundo confirmou o embaixador Ribeiro, visa “comercializar 90% de sua produção industrial de lácteos e derivados em colônias árabes e palestinas que estão na América do Sul (Brasil, Chile e Peru) e América Central”. É um mercado complementar que o setor leiteiro uruguaio hoje não tem ou apenas participa em pequenos nichos. Hamouda tem presença no setor leiteiro da Jordânia e da Palestina, mas também comprou plantas lácteas na Romênia. Por sua vez, já tem negócios em alguns países, que formam os Emirados Árabes Unidos.

O diplomata uruguaio agregou que tudo surgiu com a visita do prefeito da Florida, Carlos Enciso, à Ramallah – capital provisória – após um convite da Palestina, onde foram assinados acordos municipais para dar conteúdo à relação bilateral entre ambos os países. Esse relacionamento é muito jovem (há apenas um mês e meio o Uruguai abriu uma embaixada na Palestina). A partir daí, houve contatos empresariais e surgiu a possibilidade e o interesse do grupo econômico antes mencionado de estar presente no Uruguai. Após dois meses dessa visita de Enciso, o grupo investidor chegou ao Uruguai e foi recebido pela comissão diretora do Instituto Nacional do Leite (Inale), pelo Congresso de Prefeitos, pelo vice-secretário de Pecuária, Enzo Benech, e pelo chanceler, Rodolfo Nin Novoa.

Durante sua visita ao Uruguai, os investidores visitaram várias fazendas leiteiras na Florida, conheceram o setor leiteiro uruguaio com base pastoril, a sanidade do país, as certificações de produtos e os mercados para os lácteos, assim como a parte normativa jurídica vigente no país, entre outros aspectos que são básicos para o investimento. Nesse sentido, o embaixador Ribeiro garantiu que o “Uruguai oferece uma quantidade de vantagens como país, tem segurança jurídica, tem qualidade de produto e matérias-primas de elite, mas, além disso, tem acordos comerciais assinados que permitem exportar com reduções tarifárias a vários mercados”.

A meta dos investidores é levar tecnologia para a planta que instalarão, apostando na melhora da eficiência de processamento do produto, mantendo sua qualidade e inocuidade. “Em uma segunda etapa, armarão no Uruguai uma plataforma de negócios onde se incluirão outros setores e caberia a possibilidade de novos investimentos”, disse o embaixador uruguaio na Palestina.

Ribeiro explicou que a nova fábrica que o grupo Hamouda construirá na Florida “levará entre 14 e 18 meses” e, uma vez funcionando, “contratará entre 90 e 100 operários. De agora até o fim do ano, se trabalhará para afinar todos os aspectos que impulsionem a tomada de uma decisão final, aspectos financeiros, econômicos ou bancários. Vamos manejar isso em diversas reuniões em Ramallah e Montevidéu”.

O presidente do Inale, Ricardo De Izaguirre, disse que o setor leiteiro uruguaio tem “uma sólida cadeia de produtores, é de base pastoril, respeita o bem-estar animal e conta com uma genética muito boa”, aspectos que também são muito atraentes para os investidores.

As informações são do El País Digital, traduzidas pela Equipe MilkPoint.