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Um ano complicado...

VÁRIOS AUTORES

PANORAMA DE MERCADO

EM 11/03/2015

4 MIN DE LEITURA

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O ano de 2015 começou bastante dificil para o produtor de leite brasileiro. Depois de uma queda de preços considerável até dezembro de 2014 (oficialmente foram 18 Centavos de Real/litro mas sabe-se que, em muitos casos, chegou a mais de 40 Centavos de Real/litro), 2015 começou com preços deflacionados (isto é, já considerando a inflação do período) cerca de 10% abaixo dos valores de 2014 (veja o gráfico 1 com os valores médios Brasil apurados pelo Cepea).



Adicionalmente, o cenário de poder de compra do leite em relação ao milho e a soja é bem pior este ano do que foi em 2014. Observando a evolução (também deflacionada, no gráfico 2) do indicador Receita Menos Custo da Ração (RMCR = para uma vaca de 20 litros/dia, quanto de receita sobra depois de subtrairmos dela o custo de uma ração com 67% de milho, 30% de farelo de soja e 3% de mineral), verificamos que, os números para janeiro e fevereiro deste ano foram, respectivamente, 11,6% e 11,1% menores do que nos mesmos meses de 2014, isto é, hoje sobra para o produtor, em sua receita diária descontada do custo do concentrado, 11% menos de dinheiro do que no ano passado (no gráfico 2, veja as áreas marcadas com os círculos vermelhos pontilhados).



A perspectiva de preços de soja e milho também não é muito alentadora. Em 10/03, no cenário de custo a ração com milho + soja era cerca de 7% mais cara em 2015 do que em 2014, variação puxada, principalmente, pelo milho (com os preços médios projetados para 2015, de acordo com os contratos futuros da BMF Bovespa, cerca de 10% acima da média em 2014).
Assim, é reforçado o cenário de oferta de leite bastante pior este ano, com um crescimento de volumes que deve ser bem modesto.

Sinais diferentes no varejo e no atacado

Ao mesmo tempo, os preços de varejo parecem demonstrar que a demanda por lácteos patina este ano. Os valores deflacionados de fevereiro, tanto para o UHT quanto para a muçarela, caíram em relação a janeiro (até aqui nenhuma grande novidade!) e estiveram, em ambos os casos, abaixo dos patamares praticados no ano passado (no caso da muçarela, praticamente 10% abaixo em termos reais – observe os gráficos 3 e 4).



Na contramão do varejo (ao menos neste momento!) o atacado vem mostrando aumentos significativos de preços. No levantamento semanal de mercado realizado pela equipe do MilkPoint Mercado, o leite UHT, por exemplo, já indica uma recuperação de preços de 42 Centavos de Real/litro em relação ao menor valor praticado (lá de janeiro/15 – observe o gráfico 5). O spot segue o mesmo caminho e, no nosso levantamento quinzenal, a primeira quinzena de março já acumula mais de 20 centavos de Real/litro de aumento de preços desde a menor cotação, também verificada na segunda quinzena de janeiro (gráfico 6).



Segundo as informações de muitos agentes do setor, estes aumentos de preços, tanto no atacado quanto no mercado spot, são originados numa oferta menor e não em variações positivas de demanda. Desta forma, e observando as variações diferentes entre varejo e atacado, é de se esperar uma “briga de foice” entre indústrias e varejistas por repasses de preços, já que na gôndola final aparentemente o consumidor não vem respondendo.

A “esperança” pode vir do mercado internacional e de uma posível janela de oportunidade para exportações, que pode-se abrir com uma combinação de preços internacionais (em elevação, como já vimos comentando aqui no MilkPoint) e desvalorização de nossa moeda (hoje, 10/03, o mercado já vem praticando negócios acima de R$ 3,1 por dólar).



Como mostra a tabela 01, esta combinação de preços internacionais e taxa de câmbio permitiria hoje um custo de leite de R$ 1,03/litro na exportação de leite em pó integral – lembramos que o preço médio do Cepea para fevereiro foi de R$ 0,923/litro e que o mercado spot, na primeira quinzena de março, tem preço médio de R$ 0,97/litro.
Porém, há o outro lado da moeda. Com a forte desvalorização do Real, certamente haverá aumento de custos de produção ao longo do ano, já que medicamentos, alimentos, equipamentos, combustível e outros itens são direta ou indiretamente atrelados ao dólar. Esse aumento de custo em reais, traduzido em inflação, corroerá o poder de compra da população, afetando o consumo, em um processo parecido com o que houve na Argentina, nos últimos anos. É, realmente, um ano complicado para a economia brasileira, refletindo no setor lácteo. Em resumo, de positivos para o mercado tem-se a oferta baixa e a possibilidade de exportações. De negativo, todo o resto.


ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

CARLOS EDUARDO PULLIS VENTURINI

Economista formado pela ESALQ/USP; Coordenador de Conteúdo do MilkPoint Mercado

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MARIA LUZINEUZA ALVES GOMES DA MAIA

MARABÁ - PARÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 26/06/2015

Meus caros colegas do setor, essa baixa no preço do leite já causou um grande impacto na economia brasileira, e se falando de Pará, sul e sudeste, temos casos de produtores que venderam seus rebanhos, por não suportarem a baixa do preço em quase 30% do valor, produtores que recebiam até R$ 0,90 no litro de leite, atualmente estava recebendo R$ 0,65  a 0,70 e isso causou um grande impacto no orçamento dessas propriedades. A crise no setor, afeta diretamente o nosso trabalho, que buscamos organização da produção através de  investimentos com consultorias e do produtor com a implementação das mesmas, e que ao avaliar não valeu a pena, ou seja, o produtor está desmotivado, a implantar os conhecimentos adquiridos através das capacitações recebidas. Esta  é a nossa realidade hoje no Pará!
EZEQUIEL GUILHERME FIOREZE

COLORADO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/03/2015

A pergunta que tenho aos amigos é a seguite. o fundo do poço já passou ou ainda estamos nadando nele? de acordo com meu entendimento o mercado sinaliza aumento de preço (pago ao produtor) mas como no Brasil a teoria está anos luz distante da prática eu acredito que ainda teremos longos 3 meses até que o produtor realmente possa voltar a respirar embasado por um aumento realmente relevante do preço do leite. Nos resta lamentar e contabilizar o prejuízo ou podemos voltar a planejar o futuro?
THIAGO

AMAMBAI - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/03/2015

Bom dia, aqui em Amambai hoje quem esta pegando  o leite e a FRIMESA de PR + quem recolhe o leite e transporta ate ela e a Copagril  eu recebi agora dia 13 o leite de fevereiro veio 0.59 o litro e muito barato aqui muita gente ta parando com leite.



Um ano atrás tinha um laticínio aqui na cidade e na época eles pagavam 0,77 litro. Veio essa frimesa  ofereceu + a turma passo a entregar pra ela e o laticínio  da cidade fecho, depois disso a frimesa  jogo o preço la em baixo complicado.



Aqui um ano a atrás se vendia um bezerro nelore por um preço de media de 800 hoje  o preço de media ta em 1400 ele aumento bem agora o leite não aumenta ano a ano se pegar por exemplo o reajuste do salario mínimo nos últimos ano e se colocasse no leite o mesmo reajuste era pra estar bem melhor, tudo sobe sal mineral remédio ração salario de pessoal.
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/03/2015

Obrigado Marcos pela esclarecedora resposta!
MARCOS SCALDELAI

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/03/2015

Prezado Eduardo Amorim, o preço do leite ao consumidor não impactará o volume consumido. Quando o leite UHT chega ao "topo", cerca de 3,00, o consumidor não reclama desse preço, quem faz esse papel é o varejo.

Portanto leite a 1,50 ou a 3,00 o litro é perfeitamente assimilável pelo poder de compra do consumidor, pois o montante do orçamento doméstico envolvido nessa compra é pouco relevante, diferente de energia, combustível...
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/03/2015

Prezados(as) colegas produtores,



Torço e espero que o prognóstico do colega Roberto Jank esteja certo, como de costume. Há boatos de toda ordem, uns dando conta que a conjunção (preço da arroba elevado - abates - e preço do leite baixo) já está tendo reflexos no volume de leite captado e o aumento do Spot daria sustentação a esta corrente. O fato é que temos um cenário muito complexo e difícil pela frente. Como não me canso de ressaltar até quando o preço do leite irá ficar orbitando sobre o desestimulante valor de R$ 1,00 ou até menos. De 2007 para cá se passaram quase 8 anos e o leite só perdeu poder de compra, basta pegarmos o preço da época R$ 0,99 (2007) e aplicarmos a inflação do período. Intrigante que o preço da arroba do boi e outros produtos agropecuários vem apresentando ganhos ou recuperação ao longo dos anos enquanto o leite sequer consegue repor as perdas inflacionárias que em minhas contas já estão em 59,3677% pelo IGP-M) desde 31 julho de 2007. Com o dólar a R$ 3,10 temos um valor por litro de US$ 0,33 com custos elevados e que podem se elevar ainda mais. É triste ver um alimento nobre ser utilizado nas prateleiras dos grandes varejistas como chamariz barato para outros produtos de maior valor agregado. Minha pergunta é a seguinte: Será que o consumidor final que paga R$ 2,50 a R$ 3,00 numa lata de refrigerante diminuiria ou deixaria de consumir leite se os preços fossem sendo recompostos?
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/03/2015

Por mais complicado que pareça, acho os atuais fundamentos positivos. Recuperação muito clara do $ no atacado (UHT), porém sem o mesmo reflexo no preço ao produtor. Certamente a redução do índice de captação e o descasamento entre preço ao produtor e e preços no varejo e atacado levarão a uma recuperação rápida dos preços ao produtor. No pó e muçarela também me parece uma curva de recuperação parecida com a de 2014.

Como o U$ nos ajuda no cenário externo, não acredito que o ano seja tão complicado assim.  

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