ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Nova Zelândia: Cresce apetite por leite cru

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 15/10/2013

9 MIN DE LEITURA

1
0
Não surpreende que haja algumas garrafas de vidro de leite cru no fundo da sala refrigerada da fazenda leiteira de Village Milk, na Nova Zelândia. O que surpreende é o tempo que uma das garrafas está lá sem o leite ter azedado. Esquecida, ela ficou na geladeira por semanas, quando os proprietários da Village Milk, Mark e Phillippa Houston, saíram de férias recentemente. Quando voltaram, abriram a garrafa e a cheiraram cuidadosamente, esperando sentir um cheiro ruim. Ao invés disso, o produto tinha um cheiro de iogurte. “Decidimos deixar o produto na geladeira como um experimento”, disse Mark. Dois meses e meio depois, o iogurte se transformou em uma substância sólida tipo queijo cottage, flutuando sobre um soro de leite aguado. Quando ele ofereceu a garrafa para ser cheirada nessa semana, ainda não estava azedo.

Village Milk
 


Os Houstons – Mark, Phillippa e o filho, Richard – atribuem isso à limpeza do leite cru, significando que não há necessidade de pasteurização para matar os microrganismos. Ele disse que é essa atenção à limpeza, incluindo um regime rigoroso de testes, que está por trás do sucesso de seus esforços em transformar o leite cru em leite real na mente do público. Eles também acreditam que outros produtores de leite cru terão que fazer isso se quiserem garantir que o público possa confiar no produto.


 Mark Houston - CEO da Village Milk com uma de suas vacas

O Ato de Alimentos de 1981 permite que os produtores vendam até cinco litros de leite cru diariamente a compradores que usam o produto ou para suas famílias, e os entusiastas de alimentos integrais e fabricantes de queijos têm organizado clubes de leite cru em pick-ups para entrega.

Os fabricantes de queijos já podem comprar leite cru Wangapeka Downs, em Grape Escape, por exemplo. Porém, as novas máquinas refrigeradas (vending machines), de uso fácil, tornou as vendas nas fazendas ainda mais acessíveis.

Inaugurada no dia 24/07, a “vending machine” de Village Milk vende cerca de 250 litros por dia em Clifton. Com um marketing habilidoso e um acompanhamento dedicado, a Village Milk desenvolveu uma rede de franqueados na Nova Zelândia em apenas um ano, nas regiões de Gloden Bay, Lower Moutere, Hamilton e Greymouth, com Oxford e Timaru abrindo em breve.

“Uma vez que você experimentou o leite real”, é consenso geral dos fãs do Facebook que “você nunca mais volta atrás”.

A causa é ajudada pelo fato de que a nutricionista, Lee-Anne Wann, conhecida por seu papel no programa de TV, Downsize Me, passou a defender o leite cru para melhorar sua saúde.

Porém, são os produtores de leite de Nelson e Tasman que estão liderando esse caminho, com a região tendo mais máquinas automáticas do país. Cerca de meia dúzia oferecem leite entre NZ$ 2 e NZ$ 2,50 (US$ 1,66 e US$ 2,07) por litro nos portões das fazendas leiteiras.


Mark e Richard com a máquina refrigerada - “vending machine” de Village Milk

Nas lojas da Oaklands Farm, em Stoke, da família Raine, suas máquinas de venda de leite atualmente vendem leite levemente pasteurizado e também uma opção de leite cru, que foi adicionada no final desse ano.

Na Riverside Community, em Lower Moutere, as pessoas vêm consumindo leite cru de seu rebanho leiteiro de 160 vacas friesian-holandesas há décadas e a comunidade tem vendido leite cru informalmente por anos. Nesse inverno, o gerente da fazenda, Colin Coles, separou um pequeno rebanho de 15 vacas para fornecer leite à operação de leite cru, com planos de aumentar.

Agora, eles têm um estabelecimento comercial com máquinas de vendas suíças e o leite está disponível a NZ$ 2 (US$ 1,66) por litro. De olho em sua posição privilegiada em Nelson Tasman, o stand de leite é parte da atração de mais pessoas para Riverside, incluindo seu café, galeria e oficina. O gerente, Florian Pauls, disse que há uma tendência mundial em direção ao leite cru e que a Nova Zelândia simplesmente está seguindo essa tendência por um consumo consciente, ou de conhecimento sobre de onde vem o alimento.

O último produtor de leite envolvido é Warwick King em sua fazenda em Glen. Ele vem vendendo uma pequena quantidade de leite, cerca de 20 litros por semana, para clientes que querem fazer queijos. Percebendo uma boa oportunidade de negócios, King está em processo de instalar uma “vending machine” em sua própria fazenda nos próximos meses.

“A maioria das pessoas que entra nesse negócio acha que é maravilhoso”, disse ele. “Podemos ver os benefícios disso, não somente economicamente, mas do ponto de vista de saúde também. Eu acho que estamos em um nicho de mercado aqui, a única fazenda leiteira desse lado de Nelson”.


Village Milk - Produtores de leite de Gordonton - Rebecca e Graham Barlow 
 
Eles têm todo tipo de clientes em Village Milk, disse Philippa Houston: mães, pessoas jovens, casais de idosos e homens solteiros. “Não se trata de um nicho ou de uma coisa alternativa”.

Mark Houston atribui sua popularidade a uma base de clientes que está cada vez mais suspeitando dos alimentos processados e uma crescente quantidade de pessoas que buscam conhecer quem produz o alimento e como estão fazendo isso. Ter seu leite direto embalado na garrafa também reduz a criação de lixos plásticos e a distância que esse alimento percorre.

O aumento do apetite por leite cru aumentou quando o Ministério das Indústrias Primárias revisou as regulamentações de suas vendas, incluindo a autorização de comercialização desse produto para fora das fazendas. A porta-voz do Ministério disse que a revisão ainda está sendo feita e não espera que seja divulgada até o ano que vem.

Sua consulta de 2011 recebeu 1700 envios, a maioria em apoio a maiores limites diários e vendas fora das fazendas, o que mostrou que o consumo era mais extenso do que se imaginava. “Esse é um processo complicado devido a todas as visões científicas diferentes e da demanda do público”, disse a porta-voz.

A recentemente formada Associação de Produtores de Leite Cru criou um código de práticas para garantir aos consumidores que seu produto é seguro e determinar um padrão para ajudar a proteger a reputação dos lácteos da Nova Zelândia.

O presidente da associação, Ray Ridings, concorda com a afirmação de Houston, de que os produtores de leite cru têm que ser extremamente rígidos no monitoramento da limpeza, mantendo os níveis bacterianos baixos, e testando regularmente o produto para proteger a indústria. Ele disse que a produção de leite cru no momento é muito “ad-hoc” e em breve estará fazendo uma pesquisa com seus membros para saber o tamanho do mercado, que atualmente é estimado em cerca de 3%.

“O mercado é muito maior do que o Governo achava antes de fazer sua revisão”, disse Ridings. “Eu citaria um movimento real das pessoas que se voltam a alimentos menos processados e isso é espelhado com mercados de produtores e pessoas produzindo seus próprios jardins. Eles querem ter seus alimentos o mais próximo da fonte possível”.

Ele vê isso como parte de uma mudança social mais ampla. “É em todo o mundo. A internet tem disponibilizado mais informações sobre o que as pessoas estão comendo e bebendo e aquelas que querem se educar encontram informações relativamente de forma fácil”.

O leite cru não é uma ameaça à indústria de lácteos da Nova Zelândia, disse ele. A vasta maioria de nosso leite vai para fora, de forma que o mercado local é pequeno para os produtores. É também um produto diferente. “Algumas pessoas não podem beber leite processado, porque têm reações a ele”.

Entretanto, é também um produto que precisa ter rotulagens de alerta em grande parte do mundo, incluindo Canadá e Inglaterra, e, além disso, produtos de leite cru são ilegais na Austrália.

O leite cru é o local ideal para o crescimento de bactérias, incluindo Listeria, E. coli e Salmonela, e pode transmitir doenças, incluindo tuberculose, embora o porta-voz do TBfree tenha dito que, em média, uma vaca com tuberculose em seu úbere é encontrada uma vez a cada três anos na Nova Zelândia e que, portanto, o risco é baixo.

Nos últimos dois anos, 55 neozelandeses foram parar em hospitais por infecção alimentar relacionada a produtos de leite cru, de acordo com o Ministério da Saúde, embora a porta-voz do Comitê de Saúde do Distrito de Marlborough Nelson tenha dito que a Saúde Pública não sabe de nenhuma doença notificável surgida do consumo de leite cru que tenha levado à admissão em hospitais.

O Ministério recentemente alertou que os consumidores podem não estar totalmente cientes dos riscos associados ao consumo do leite cru, pelo fato de que o produto não foi pasteurizado para destruir as bactérias patogênicas. O ministério recomendou que crianças pequenas, idosos, mulheres grávidas e qualquer pessoa com o sistema imune enfraquecido evitem tomar esse leite, porque são mais vulneráveis a ficar doentes e sua doença poderia ser mais severa.

O microbiologista de Cawthron, Ron Fyfe, disse que, pessoalmente, ele não beberia o produto. O instituto testa o leite cru da região, embora Fyfe não fale sobre seus clientes. “A maioria das companhias agora tem boas condições de higiene e estão bem quanto aos procedimentos de higiene que estão realizando, mas o leite é uma substância muito rica quando se trata de ser um alimento para bactérias. Existe um mercado limitado para pessoas que querem beber esse leite. A maioria dos outros, incluindo eu mesmo, prefeririam pasteurizado, porque reduz os riscos de bactérias. Na maioria desses exemplos, companhias pequenas estão lidando com pequenos números de cabeças, de forma que eles têm controle sobre o que está acontecendo em seu rebanho. Não há razão pela qual eles não possam ter boas condições de higiene com toda a tecnologia disponível para eles, mas ainda é um risco. Você nunca sabe sobre o lote da semana que vem. Existem muitas variáveis em se lidar com produtos como esse”.

Entretanto, os fãs de leite cru não estão preocupados com infecções. Eles vêm checando os regimes de testes das fazendas e as contagens bacterianas e disseram que o leite tem sabor melhor, melhor digestibilidade, tem mais vitaminas e boas bactérias, e cura alergias, asma, eczema e intolerância à lactose.

Tony Robson-Burrell, chefe do Moutere Inn, experimentou o Village Milk em Takaka e agora vem comprando o leite da “vending machine” em Moutere nos últimos meses. A família bebe cerca de oito litros por semana. “É bem superior ao leite pasteurizado, homogeneizado”, disse ele. “É tão cremoso, tão rico; o sabor é excelente! Eu acho que só acrescenta ao nosso estilo de vida saudável”. Ele gostaria de usar o produto em seu trabalho, como fazer seu próprio sorvete, se a legislação permitisse. “É algo que estaríamos interessados em usar se pudéssemos”.


Andrew e Julia Young em sua propriedade onde produzem leite cru para venda
 
Verena Maeder vem bebendo leite cru de Wangapeka há mais de um ano. Ela tem doença celíaca e disse que é capaz de digerir leite cru, quando antes era um problema. “É uma das melhores opções que temos feito em termos de alimentos”.

A reportagem é do https://www.stuff.co.nz, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
 

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 16/10/2013

Matéria muito interessante. É a venda direta, muitas vezes desestimulada em nossa realidade. Mas que como lá, pode proporcionar ganhos, especialmente aos consumidores e produtores também aqui.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures