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Setor lácteo tenta recuperar credibilidade no RS

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 05/01/2015

6 MIN DE LEITURA

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Os casos de adulteração de leite investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público (MP) ao longo de 2014 provocaram uma crise sem precedentes na cadeia leiteira do Rio Grande do Sul, que resultou em laticínios fechados, suspensão de pagamento a produtores e queda no preço do produto. Com a imagem manchada e a estrutura estremecida, o setor inicia o ano de 2015 com o desafio de recuperar credibilidade. Para isso, canaliza esforços em medidas que buscam o aperfeiçoamento da coleta e transporte do leite, com investimento em tecnologia e legislação específica.

Até meados de dezembro, de acordo com o MP gaúcho, a Operação Leite Compensado havia prendido 41 pessoas e denunciado 65 por adulteração de produto alimentício em diferentes cidades. Os acusados participavam de esquema de fraude que consistia em adicionar água e sal para aumentar o volume do produto transportado às indústrias. Em outros casos, usavam substâncias como peróxido de hidrogênio e soda cáustica para recuperar leite estragado. Iniciada em 2012, a operação teve desdobramentos nos últimos meses que causaram um impacto expressivo no mercado do leite gaúcho. As investigações continuam.

"2014 foi um ano para esquecer", afirmou o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva. Se o setor já vinha sofrendo com as dificuldades financeiras apresentadas por algumas indústrias, o problema foi potencializado pela descoberta das fraudes. "Estimamos que 8 mil produtores tenham saldo a receber das empresas. Produtores que entregaram leite nos últimos meses e ainda não receberam", disse Silva. Segundo ele, a dívida com os pecuaristas do Estado pode alcançar R$ 60 milhões.

Embora a maior parte das irregularidades ocorresse no transporte do leite cru, indústrias e postos de resfriamento também foram alvo da operação. Um exemplo é a Hollmann, da cidade de Imigrante. Conforme o MP, a empresa sabia do esquema que corrigia a acidez de leite velho com substâncias químicas, e aceitava receber a carga adulterada. O proprietário chegou a ser preso como parte da investigação e, em julho, a Hollmann entrou em recuperação judicial.

Além disso, a diminuição das vendas em consequência das fraudes prejudicou as finanças mesmo de indústrias que não tiveram envolvimento com o escândalo. Silva entende que a situação comercial tende a se normalizar já que novos players começam a entrar no mercado gaúcho, assumindo, inclusive, as operações de empresas que estão em recuperação judicial. Ele cobra, no entanto, maior atuação dos governos estadual e federal para escoar a oferta do Estado, convertida em leite em pó para ter maior durabilidade. "Estamos com armazéns abarrotados e precisamos vender para outros Estados, até para outros países", explicou.

O objetivo é interromper a trajetória de queda do preço do produto. Segundo Silva, o litro do leite que já foi vendido por R$ 1,15 era comercializado pelos produtores por R$ 0,94 em meados de dezembro. Em regiões onde ocorreram as fraudes, o preço fica ainda menor.


Ação do governo

De acordo com o secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Claudio Fioreze, o governo já está fazendo a intermediação para desovar o estoque do leite em pó, por meio de políticas sociais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA). O secretário observou que o Rio Grande do Sul produz uma média de 11 milhões de litros de leite por dia e que os lotes adulterados, identificados pela Operação Leite Compensado, representam menos de 0,5% do volume total do produto que circula no Estado.

Para Fioreze, a descoberta dos casos de fraude comprova que existe um bem-sucedido processo de fiscalização do leite gaúcho. "Criou-se uma imagem de que o nosso leite é ruim. Não é. Os dados do Ministério da Agricultura mostram temos o maior índice de conformidade com os padrões de qualidade", disse. "O que está sendo feito é separar o joio do trigo. Uma depuração da cadeia produtiva, dolorosa mas necessária, e que vai acabar, a médio e longo prazos, se revertendo em maior qualidade do leite."

Ele reconheceu, porém, que a Operação Leite Compensado afetou o mercado e que é necessário adotar ações para profissionalizar a cadeia e recuperar a confiança do consumidor. Uma das principais medidas defendidas por Fioreze é a aprovação do projeto de lei 187, apresentado em setembro deste ano pelo deputado Luiz Fernando Mainardi, e que aguarda apreciação da Assembleia Legislativa gaúcha. A ideia é acabar com a figura do transportador que opera adquirindo o leite in natura dos produtores para revender às indústrias, sem ter vínculo com nenhuma das partes.

Como as fraudes costumam ser praticadas nesse processo intermediário, o projeto de lei prevê que o comércio de leite seja feito diretamente entre produtores e indústrias ou cooperativas e indústrias, cabendo a esta última a responsabilidade de controlar a qualidade do produto recebido. Hoje, apenas 50% da transação comercial é feita de forma direta. De acordo com Fioreze, existe um acordo para votação em fevereiro de 2015. "Há consenso para aprovação, estamos empenhados nisso", comentou.

Para representantes do setor, outra ideia a ser estudada no futuro é a mudança da forma de pagamento do produto. "No Rio Grande do Sul, se paga o leite por quantidade, não por qualidade. É preciso mudar isso", disse Silva, da Fetag.

Divergências

Outra bandeira do governo estadual é o Instituto Gaúcho do Leite (IGL), que foi criado no início deste ano para realizar ações que visem a aumentar a qualidade do leite gaúcho, a inovação tecnológica e a promoção comercial do produto. O IGL será alimentado por recursos provenientes do Fundo Estadual do Leite (Fundoleite), com contribuições da indústria e do governo.

Tanto o IGL como o Fundoleite sofrem resistência da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). "Já temos um fundo, o Fundesa (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal). Não haveria por que criar um novo tributo", argumentou o presidente da Comissão de Leite da Farsul, Jorge Rodrigues.

Segundo Rodrigues, mais do que combater a terceirização da coleta e transporte do leite, o importante seria informatizar e sistematizar o processo, desde a retirada do produto da propriedade rural até a chegada à indústria. "Isso vai tirar a possibilidade de aumento ou diminuição de carga", disse. Rodrigues acrescenta que equipamentos e procedimentos nesse sentido estão sendo testados, e que os recursos para a implantação das novas ferramentas poderiam ser aportados pelo Fundesa.

Assim como a Farsul, o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS) questiona a arrecadação do Fundoleite - e chegou a entrar com uma ação na Justiça para suspender o recolhimento. Contudo, o secretário-executivo da entidade, Darlan Palharini, reconhece que a medida foi na verdade uma forma de chamar a atenção do governo para ampliar o diálogo. "Não somos contra a taxa, sabemos que é necessária. Em 2015 deve haver uma conversa mais próxima para discutir o setor e encontrar um denominador comum", explicou. A nova diretoria da entidade assume em janeiro.

Palharini revelou que o Sindilat-RS deveria terminar em dezembro uma pesquisa qualitativa e quantitativa para avaliar efetivamente se as prisões e casos de fraude abalaram o consumo de leites e derivados produzido no Rio Grande do Sul. "Queremos saber se o consumidor migrou para outras marcas. Esses dados vão basear as próximas ações", informou.

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WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 11/01/2015

O RS está servindo de exemplo ao país. Onde há dinheiro envolvido há estruturas de poder por trás sem interesse em mudanças e em exposição.



Todo esse movimento se origina de ações do MAPA em 2012, apertando postos e indústrias como nunca.



Os artigos "Transportador de Leite Parte I" e "Parte II" que publiquei aqui no MilPoint em fev./2013 ( https://goo.gl/3Qsd3i ) ajudaram a expor a complexidade do problema e a mostrar que não eram só produtores que fraudavam, visão que predominava até então.



Nos comentários destes artigos há dezenas de contribuições expondo IGUAIS PROBLEMAS EM VÁRIAS UF. No caso do PR, teve até uma FFA contribuindo. Pergunto: Por que só o RS se mexeu e por que SC só entrou puxada por ligações com fraudadores do RS? Isso ficou mal.



Durante o almoço com os demais palestrante do último Interleite Brasil numa mesa com vários colegas, fui questionado: "o que está acontecendo com o RS"? Lhes respondi: 1) Estamos tendo coragem de enfrentar o problema e as forças por trás dele; e 2) As fraudes NÃO SÃO EXCLUSIVAS DO RS, isso é um problema endêmico nacional, tal qual a corrupção política. Poucos dias depois apareceu SC igualmente envolvido.



Por que será que os MPE de outros estados parecem não ter feito nada até agora? Creio que o MAPA, como entidade federal, deveria seguir o exemplo de seu braço gaúcho e fazer seu trabalho nas demais UF. Por minha experiência rodando este país, tenho certeza que uma série de outras UF irão também mostrar sérios problemas, até maiores.



Se nos basearmos no perfil de produtores e indústrias do RS não teríamos razão nenhuma para crer que aqui se concentram pessoas mais corruptas, mais desonestas ou consumidores menos exigentes. Pelo contrário. O que se vê não é a indicação de um estado com leite de menor qualidade e sim, de um povo que não aguenta mais ser passado para trás por espertos que querem colher o que não plantaram.



Que bom que a FFA Ana Stepan faz o registro acima, pois a matéria não cita o MAPA. Muita coisa boa aconteceu por aqui desde que publiquei aqueles dois artigos e o MAPA tem grande mérito nisso, embora só o trabalho do MPE-RS apareça. Os transportadores eram o elo esquecido, não são mais; as fraudes eram sempre pensadas como vindo de produtores, ocasionalmente de indústrias, hoje não mais; os elos não se falavam, hoje não mais; os treinamentos era soltos e de total responsabilidade das indústrias, hoje não mais; os produtores e suas instituições eram o patinho feio da história, hoje não mais; as fiscalizações nas esferas federal, estadual e municipal não se entendiam, hoje não mais; ninguém se preocupava com tecnologia de coleta, hoje várias empresas de vários países competem para colocar seus coletores automáticos no RS, enfim um série de mudanças.



O leite gaúcho era tão bom quanto de qualquer UF, hoje está entre os melhores por tudo isso que apontamos. O Brasil passa por uma depuração e teremos orgulho dessa fase muito em breve. Duro agora, mas frutos virão.
ANA LÚCIA STEPAN

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 07/01/2015

Complementando o comentário postado ontem, faltou destacar que o Instituto Gaúcho do Leite (IGL) tem sido um importante parceiro nas ações desenvolvidas no Rio Grande do Sul para a melhoria da qualidade do leite. Dois cursos de formação de consultores do PAS Leite Campo, realizados no estado em 2014, tiveram o aporte de recursos do Fundoleite através do IGL. Dentro do projeto denominado "Melhoria da Qualidade e Segurança do Leite Gaúcho Através da Implementação das Boas Práticas Agropecuárias e de Fabricação", construído numa parceria entre IGL, SENAI-RS, SEBRAE-RS, SEAPA e SFA-RS/MAPA serão realizados, em 2015 e 2016, uma série de cursos para capacitação de consultores de campo, transportadores de leite e técnicos de indústrias, além de fiscais agropecuários.
ANA LÚCIA STEPAN

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 06/01/2015

As operações de combate à fraude do leite no Rio Grande do Sul, conhecidas como Operação Leite Compen$ado, foram frutos de ações conjuntas do MP-RS e dos Fiscais Federais Agropecuários (FFAs) do MAPA. A PF participou nas investigações sobre o envolvimento de alguns servidores do MAPA em ações de corrupção, encaminhadas pelo MP-RS. Analisando-se todas as etapas da Operação, observa-se que os fraudadores estão em todos os elos da cadeia. Assim, para que o cenário sofra alguma alteração é necessário trabalhar todos os elos, incluindo os consumidores, os quais infelizmente valorizam mais o preço baixo do que a qualidade do produto.

Quanto aos produtores, esses devem ter mais cuidado ao escolher a empresa para a qual vão vender o leite, exigir o pagamento pela qualidade e o fornecimento de assistência técnica qualificada. Enquanto os produtores trocarem de laticínio, ou pior, entregarem seu leite para atravessadores por qualquer centavo a mais por litro não teremos melhoria da qualidade.

Vale lembrar também que para a comercialização do leite ser realizada somente entre o produtor e a indústria, ou ainda, para que o leite seja pago por qualidade não é preciso uma nova lei estadual, basta que a indústria queira. Se lei resolvesse o problema, as fraudes não estariam acontecendo, afinal já existe uma lei que estabelece que a adulteração de alimento é crime.

Sobre a "Ação do Governo" o artigo aborda somente aquelas realizadas pela Secretaria da Agricultura, não sendo elencadas aquelas realizadas pelo MAPA. Entre as ações desenvolvidas pelos FFAs do MAPA no RS está o fomento às Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) através da implantação do Programa de Alimento Seguro Leite (PAS Leite) em parceria com o SENAI e SEBRAE. Na área do PAS Leite Transporte, em apenas 4 meses de 2014, foram capacitados 556 transportadores de 17 laticínios com SIF e CISPOA. Várias empresas e cooperativas já capacitaram 100% de seus transportadores e a APIL tem estimulado seus associados a participarem. O objetivo foi padronizar o conhecimento dos transportadores e conscientiza-los da importância de seu trabalho na qualidade e segurança do leite que é um alimento de vital importância. Os cursos serão oferecidos sistematicamente, assim todos os transportadores gaúchos deverão ser treinados pelo menos uma vez ao ano. Este é o "pacto" que está sendo construído no estado. Em relação aos produtores (PAS Leite Campo) foi iniciado um Projeto Piloto em 12 produtores no município de Carlos Barbosa. Para massificar o processo, foram capacitados 71 técnicos ligados a laticínios e autônomos, que deverão difundir técnicas simples e acessíveis aos produtores gaúchos para produzir leite seguro e de qualidade. Muitas outras ações estão previstas para 2015. Espera-se que outros parceiros como o SINDILAT, a FARSUL, o SENAR e a própria SEAPA se integrem a esta corrente, pois é trabalhando de forma sinérgica e mostrando ações concretas que se recupera a credibilidade!
DANIEL DE SOUZA LENHARDT

XAXIM - SANTA CATARINA - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 06/01/2015

Bom dia a todos!!!

Ao meio de tantas medidas e formas de resolverem os problemas ocasionados  pelos infratores, deve se questionar se é possível mesmo se controlar a qualidade do leite que sai dos produtores e chega a industria?...hora é claro que se tem, mais o que precisamos acabar é com passação de mão, pois em meio a isso sempre tem os "os não me toque" que acham que estão acima das leis, e não estamos falando so de industria ou atravessadores, mais também de produtores. A partir dai quando todos os envolvidos dessa cadeia se conscientizarem e tratarem o produto em questão como alimento de verdade, e acabarem com a palhaçada do deixa para depois iremos começar a ter realmente resultados em vez de fogo de paia.
ANDRE LEANDRO DE PAIVA SOARES

RIO VERDE - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 06/01/2015

Alguem ja escutou akela musica q fala assim, ta bom vc me engana e eu finjo q acredito, ta bom ahãam, ahãm...,

Os entrevistados dessa materia ta dessa moda.

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