De 30 de maio a 05 de junho, Reinaldo e Pedro, veterinários da Fazenda Figueiredo, que ocupou o 14º lugar no Top 100 2015, estiveram visitando o México juntamente com outras 11 pessoas, as quais formaram o "Profit Tour México". Eles visitaram 11 fazendas leiteiras, que chamaram atenção pelo profissionalismo e o tamanho – e onde puderam ver de perto o manejo, alimentação, genética, construções, e detalhes das grandes propriedades mexicanas.

A primeira propriedade visitada foi o Establo Pio X, que teve seu início em 1955 com vacas importadas do Canadá. Hoje conta com 960 vacas em lactação com 35 litros vaca/dia, 16% de taxa de prenhês, 174 dias de DEL, 13,6 meses de intervalo entre partos. Uma fazenda bem antiga, com pouca manutenção e muita produção. Produzem sua própria energia e fazem compostagem com separação de sólidos do esterco.

A Segunda fazenda, a 210 Km de distância, foi o Establo Carranco, que teve início em 1885 e é o maior criador de Jersey da América Latina, tem 1.700 vacas em lactação com 27,4 litros por vaca/dia, 24% de taxa de prenhês, 185 dias de DEL, 13,2 meses de intervalo entre partos, 4,6% de gordura e 3,6% de proteína no leite. A propriedade surpreendeu pela dimensão. A família tem um laticínio na própria fazenda no qual fazem queijos especiais e regionais.

Dia 02 de junho visitaram o Establo San Francisco Del Castillo, uma fazenda típica Mexicana, “com instalações muito simples, porém funcionais”, segundo Reinaldo Figueiredo. O proprietário diz que para ser um bom produtor de leite, primeiramente tem que ser um bom agricultor. Iniciaram em 1999, estão a aproximadamente 2.000 metros de altitude e com período de sol muito grande. Contam com 590 vacas em lactação, 31 litros por vaca, 21% de taxa de prenhês. Seguiram para o Establo Mezquite, administrada pelo filho do proprietário, um jovem muito empreendedor, que afirmou que ainda serão o maior produtor de leite do México. Os veterinários ressaltaram o fato de que os barracões de vacas estão construídos em um nível muito alto - em um morro sem terraplanagem, o que eles acreditam prejudicar os animais. São 2.000 vacas em lactação, 28 litros por vaca/dia e 18% de taxa de prenhês.

Visitaram ainda a Villa de Guadalupe, que hoje é administrada por dois irmãos, um deles veterinário e com um filho também veterinário. O proprietário conta que 80% da sala de ordenha foi o próprio que instalou - e ele fez uma mistura de marcas de ordenha. Eles usam sêmen da CRI – empresa responsável pela excursão dos veterinários ao México - há 18 anos, e que sempre deixou o programa fazer as escolhas pelos touros. Os animais, principalmente o lote de novilhas, mostrou-se de alto padrão, muito uniforme, com belos sistemas mamários, pernas e pés. “Com toda certeza, uma das, se não a fazenda com maior eficiência: 750 vacas em lactação, 36 litros por vaca/dia, 22% de taxa de prenhes e com aproximadamente 20% de taxa de descarte, a menor taxa entre todas que visitamos”, conta Reinaldo.

O Establo Montoro, com 2.800 vacas em lactação, 32 litros por vaca/dia, 18% de taxa de prenhês e 35% de taxa de descarte também foi visitado - e impressionou pelo profissionalismo da equipe. Segundo Reinaldo: “Sua recria é toda fechada, um manejo impecável de novilhas, uma estrutura física impressionante, com certeza a melhor estrutura de todas que visitamos. Só uma coisa ficou a desejar: as camas eram de colchão e as vacas estavam sofrendo muito mais do que as vacas das outras fazendas”.

Dia 04 de junho foram à Granja Albia com 1.900 vacas em lactação, 35 litros vaca/dia, 15% de taxa de prenhês, 122 CCS e com duas ordenhas por dia. Pertence a um grupo que possui mais três fazendas e tem a recria em um local apenas. No mesmo dia visitaram também a maior fazenda de leite do México, que conta com 18.000 vacas em lactação, 32,9 litros de leite por vaca/dia, 17% de taxa de prenhes e duas ordenhas ao dia em 5 salas de ordenhas separadas. ”Realmente muito fora da nossa realidade”, afirmou Reinaldo. Por ter muito leite, eles o condensam (retiram a água) e vendem em menores volumes, mais concentrado - “mas mesmo assim desde a hora que chegamos até irmos embora tinha muitas carretas carregando leite, uma atrás da outra”. Nessa mesma fazenda nos deparamos com a maior ordenha rotatória do mundo, com 100 postos. Ainda nesse dia passaram no Establo Dulma, que se mostrou uma fazenda muito boa em suas instalações, mas que hoje está em um momento de pouca manutenção.

No último dia de viagem passaram pelas duas últimas propriedades. A primeira foi o Establo Yunclillos, com 5.000 vacas em lactação, 35,5 litros de média, 20% de taxa de prenhês, 120 de CCS, ordenhando três vezes por dia em duas ordenhadeiras. Depois chegaram ao Establo Chilchota, uma fazenda com 15.000 vacas em lactação, 32 litros de média, 20% de taxa de prenhes e 200 de CCS. Com 9 salas de ordenha, está preparada para crescer ainda mais um pouco, e o mais interessante dessa fazenda é que eles compram quase todas as vacas dos Estados Unidos, uma vez que é bem próximo. As novilhas são inseminadas com sêmen sexado de holandês, mas as vacas são 100% inseminadas com sêmen de gado de corte, como Aberdeen e Charolês, dentre outros.

Ao final, Reinaldo constatou: “As fazendas mexicanas superaram nossas expectativas, não fomos preparados para ver tamanho profissionalismo e tamanha quantidade de leite nessas fazendas. Com chuvas variando entre 250 e 600 milímetros por ano, todos tem poços artesianos, quase todos compram silagem de milho, e olha que a produção de milho é muito grande, variando de 70 a 88 toneladas por hectare. Eles têm milho floculado em todas as fazendas que fomos, e acho que para fechar a alimentação com chave de ouro, todas as fazendas dão alfafa para suas vacas, e as lavouras são irrigadas por inundação. Os modelos de barracão para as vacas são todos iguais, poucas tem camas, a grande maioria tem uma cobertura e um tipo de composto para elas ficarem. Outro ponto interessante foi a segurança das fazendas, todas tinham um portão, ficavam dentro de cidades ou patrimônios, com muros altos e seguranças na entrada. Todas as fazendas tinham pasteurizador de colostro, uma novidade para a maioria dos visitantes. Por se tratar de fazendas muito grandes e com vacas por todo lugar, os funcionários andam de bicicleta e tem carrinhos para carregar medicamentos e botijão de sêmen. As vacas são muito adaptadas ao clima do lugar, não vimos ventiladores nem aspersão nos barracões, mas só de colocar uma cobertura, cai aproximadamente 10 graus de temperatura. Foi muito válida essa viagem, fora do eixo Estados Unidos - Canadá, em regiões com condições um pouco mais aproximadas às nossas. Temos muitas diferenças com relação aos mexicanos, mas uma delas é notável: não temos muitas fazendas no Brasil com mais de 1.000 vacas em lactação... eles são muito mais corajosos que nós!”.

Além da Fazenda Figueiredo, outros representantes de colocados do Top 100 MilkPoint 2015 também participaram da viagem: Leonardo e Felipe da Sekita agronegócios – 6º lugar, ao Fernando Stedile da Fazenda Santo Isidoro, 54ª colocada no levantamento, Lucas Rabbers da Agropecuária Harm, que ocupou o 18º lugar no nosso ranking e Marcelo Nunes Siqueira, da Fazenda São Sebastião da Vargem, 67ª colocada.

As informações são da Fazenda Figueiredo, adaptadas pela Equipe MilkPoint.