O ser humano nasce e, salvo alguma especificidade, durante seis meses não precisa de outro alimento que não seja o leite da mãe. Passados os anos iniciais, entretanto, muitos começam a debater: o alimento, especialmente quando proveniente de outros animais, ainda é necessário na nossa alimentação? Especialistas ouvidos pelo jornal O Povo Online entraram em consenso sobre o caráter inofensivo (para indivíduos que não têm nenhum problema relacionado ao consumo) e necessário da bebida.

“Em alguém saudável e que faça um consumo adequado, não há comprovação de que o leite cause algum malefício para a saúde”, assinala a professora do curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza (Unifor), Nara de Andrade. A quantidade proposta para uma alimentação equilibrada é até de três porções por dia - seja de leite líquido ou de derivados. “Alguns estudos mostram que, a partir dos cinco anos, o ser humano reduz a capacidade de digerir o leite, mas outros mostram que as pessoas que continuam a consumir mantêm essa capacidade digestiva”. Na dieta de adultos e idosos, ela indica, o ideal é que o leite consumido seja o desnatado, devido à quantidade reduzida de gordura saturada. Para crianças e gestantes, não há ressalvas com o leite integral.

É muito importante que o consumidor esteja atento para evitar correr riscos quando consumir o leite, ressalta Cláudio Guimarães, professor de Laticínios do Departamento de Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC). Com garantias da origem e da conservação, a bebida não representa riscos. “Desde que a humanidade é humanidade, o leite é consumido pelas suas propriedades. Ele é um alimento completo porque é fonte de proteínas e minerais, entre eles, o cálcio. Isso faz com que ele seja importante em todas as idades”.

Cada indivíduo, frisa o professor, tem uma reação específica ao consumo do leite - assim como de qualquer alimento. O principal grupo de pessoas que não deve fazer uso da bebida é o que tem intolerância ao açúcar (lactose) ou alergia à proteína. Outra reação adversa comentada é a de que o leite aumentaria a acidez do organismo e, ao invés de depositar o cálcio, faria o inverso: retiraria dos ossos, onde está a maior reserva do mineral. Isso, entretanto, seria um problema apenas para indivíduos que têm hiperacidez, de acordo com Cláudio. Por ter grande quantidade de cálcio, ele também não é indicado para quem tem cálculos renais.

Imprescindível na fase inicial da vida, a necessidade do consumo do leite vai perdendo a relevância com o passar do tempo, explica o gastroenterologista José Milton de Castro Lima, professor do curso de Medicina da UFC, porque outros alimentos passam a ser inseridos na dieta. “Progressivamente, conforme vai diminuindo a quantidade que usa na dieta, há uma redução na produção da enzima que quebra o açúcar do leite. É uma ação natural”, pontua. “O leite é um alimento como outro qualquer”.



“Existe o mito de que só quem deve beber leite é o bezerro. Se a pessoa não tem intolerância ou não é alérgica, ela pode consumir sem nenhuma contraindicação. Ele funciona como uma proteína como qualquer outra”, afirma Milton. O segredo é justamente atentar para fazer um consumo moderado - como deve ser feito com todos os alimentos. “É possível ter uma alimentação saudável com leite”, assegura a nutricionista.

"A quantidade proposta para uma alimentação equilibrada é de até três porções por dia - seja de leite líquido ou de derivados"

As informações são do Jornal O Povo Online.