“O pesadelo está se tornando realidade. As cotas de produção de leite serão abandonadas definitivamente em abril. Seguirá uma onda de leite derramado nos mercados europeus onde os produtores mais fracos serão afogados para o desgosto da agricultura europeia, afetando não só os empregos, mas também o consumidor. Embora o comissário Hogan e ministros nacionais tenham anunciado que não havia crise, milhares de produtores pagam para trabalhar e se encaminham para uma falência anunciada. Soluções existem!”, disse Marc Tarabella, encarregado de Proteção do Consumidor e da Agricultura no Parlamento Europeu.

300.000 europeus trabalham diretamente no setor leiteiro e esse número poderia cair no futuro.

As razões:

1. Leite inundando o mercado

Já em outubro de 2014, a produção de leite da Europa foi 3,4% maior que em 2013. O fim das cotas significa uma produção ilimitada e uma explosão em países onde o custo é mais baixo ou onde a infraestrutura é melhor.

2. O preço do leite está caindo

Para o produtor não perder dinheiro, um litro de leite deveria custar € 0,37 (US$ 0,42). No momento, os preços oscilam em torno de € 0,31 (US$ 0,35). Em outras palavras, os cidadãos pagam pelo direito de trabalhar e trabalham com perdas. O excesso de leite poderia reduzir o preço para € 0,25 a € 0,20 (US$ 0,28 a US$ 0,23), preço que era pago em 1979. Uma situação de falência garantida para muitos trabalhadores do setor. Além disso, esses declínios não são repassados aos consumidores. Entre 2000 e 2007, os preços ao produtor caíram em 6%, enquanto os preços ao consumidor aumentaram em 17%.

3. Volatilidade do mercado

Na Europa , o preço do leite caiu 11% em 2014, mais de 20% na Bélgica e até 40% em alguns países como a Estônia. O embargo da Rússia aumentou a pressão sobre o mercado, mas isso por si não é suficiente. Desde 2008 o mercado não está beneficiando os produtores.

Soluções:

Diante disso, vale a pena questionar as declarações otimistas de vários governos e do Comissário Europeu para a Agricultura. Os países e os representantes mais conservadores, que defendiam a liberação excessiva do mercado, pressionaram pelo fim das cotas, mas não quiseram se preparar para o período pós-quota.

1. As autoridades precisam fazer o monitoramento

O mercado não se regula sozinho e há um espectro político por trás disso. Um mecanismo de governo, como já foi proposto, sem sucesso, em 2012, é essencial.

2. Gestão do abastecimento é parte da solução e não o problema

Com exceção do Canadá, a situação dos produtores de leite se deteriorou dramaticamente em todo o mundo. Não somente o sistema de gestão da oferta do país não custa ao contribuinte, mas, além disso, impede a liberação de fundos de emergência para resgatar um setor estratégico. Paradoxalmente, no âmbito do acordo de livre comércio com o Canadá (Ceta), a Europa, ao invés de aprender com o sistema de lá, pediu que o país parasse com esse tipo de gestão para não causar concorrência desleal.

3. Sistema de catraca

A ideia é simples: quando o preço exceder um limite positivo, uma parte dos lucros é colocado em um fundo comum e redistribuído quando o preço cair abaixo de um limiar. Esta é uma medida que não é suficiente, por si só, mas pode ser complementar.

4. Rede de segurança: garantindo produções

Se algumas pessoas podem especular sobre o leite, por que não podemos ter certeza da produção? Os produtores decidem se concordam ou não com os seguros e escolhem o nível de cobertura.

5. Rotulagem da origem do leite

Não há legislação europeia sobre a indicação da origem do leite.

Conclusão

Embora alguns governos e políticos estejam relutantes em admitir, a Europa está diante de uma crise sem precedentes no setor leiteiro. “Parar um sistema sem ter estabelecido uma alternativa para substitui-lo é uma aberração”.

“A Comissão Europeia apresentará um parecer em 28 de fevereiro; vamos ver se os trabalhadores do campo e líderes progressistas serão finalmente ouvidos”, concluiu Tarabella.

A reportagem é do https://www.web-agri.fr, traduzida e adaptada pela equipe MilkPoint.

Em 19/01/15 – 1 Euro = US$ 1,15605
0,86393 Euro = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)