Será assinado nesta sexta-feira (01) um acordo para a doação de R$ 10,6 milhões para o programa ABC Cerrado, que será executado pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) no Cerrado brasileiro, que inclui áreas em Minas Gerais. O recurso é proveniente do Programa de Investimentos em Florestas (Fip) - iniciativa mundial executada pelos Fundos de Investimentos em Clima (Cif) - e será liberado e administrado pelo Banco Mundial (Bird).

O ABC Cerrado pretende incentivar e difundir a agricultura de baixo carbono, com a adoção de práticas sustentáveis em áreas rurais para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O objetivo é sensibilizar o produtor para que ele invista na propriedade de forma a ter retorno econômico, mas mantendo o meio ambiente preservado.

A iniciativa vai atender os nove estados do bioma Cerrado (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí e Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema de plantio direto e florestas plantadas.

O Senar será responsável pela capacitação nas tecnologias, formação profissional e pela assessoria em campo. O serviço de aprendizagem atuará em parceria com Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

O projeto prevê, entre outras ações, a realização de seminários, capacitação tecnológica de produtores e gerentes de propriedades e, ainda, treinamento dos técnicos que atuarão na assessoria em campo para os produtores. Ao todo, 1,2 mil propriedades serão atendidas nos projetos pilotos. Esses estabelecimentos terão o compromisso de executar uma das tecnologias aprendidas e serão transformadas em cases de estudo e vitrines tecnológicas a serem divulgadas internacionalmente.

Mineiros - Entre as propriedades mineiras que participarão do ABC Cerrado estão a Fazenda Bora, em Presidente Juscelino, e a Fazenda São Geraldo, em Inimutaba, ambas na região Central de Minas. As propriedades foram visitadas na última segunda-feira por uma missão do Banco Mundial, que acompanhará de perto a execução do programa. Tais propriedades têm potencial para a implementação de técnicas da ABC (Agricultura de Baixo Carbono).

O proprietário da Fazenda Bora, Márcio Roberto Diniz Gomes, pretende destinar 160 dos 600 hectares da sua área para cultivar eucalipto e, dessa forma, integrar a floresta com a pecuária de corte e de leite, principal atividade da sua propriedade. Animado com os resultados de produtores vizinhos, ele enxerga que o Projeto ABC permitirá o aproveitamento de uma área improdutiva para a produção de madeira e aumento de renda do seu negócio. "? uma ótima opção. O eucalipto é uma planta que cresce bem e se adapta com facilidade ao nosso clima. Além disso, temos muita demanda para siderurgia na região", avalia.

Mesmo com as dificuldades enfrentadas em área de 470 hectares com sistema silvopastoril - onde a falta de orientação técnica adequada fez a pastagem desaparecer -, o administrador da Fazenda São Geraldo, Geraldo Antônio França Almeida, não deixa de acreditar nas vantagens das técnicas de ABC. Hoje, somado com outra propriedade da mesma família que ele gerencia, são mais de 2 mil hectares plantados com eucalipto, no sistema integração pecuária-floresta.

"Não seguimos a posição solar correta para o plantio e faltou manejo. Acabamos perdendo a pastagem. Mesmo assim, tenho certeza de que as práticas de ABC são boas. Permitem a recuperação de pasto, o aproveitamento de áreas degradadas e dá um ganho ao gado, pois tem sombreamento e alimento até mesmo em épocas de seca", confirma.

O acordo para a doação será assinado em Brasília pelo Bird, Senar, Embrapa e pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). As informações são do Senar e do Banco Mundial.

A notícia é do Diário do Comércio.