Os fabricantes de sorvetes e de ração para cães e gatos informaram que vão repassar aos consumidores o aumento na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Como resultado do reajuste de preços, os representantes das duas categorias esperam queda nas vendas neste ano.

"A indústria segurou em 2015 os reajustes de energia e transportes. Chegou o momento no qual não se consegue mais segurar a alta", disse Eduardo Weiberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis). O executivo prevê reajuste de 10% nos preços, com queda no consumo. "As pessoas não têm como tirar dinheiro de onde não têm", afirmou. Em 2015, o setor de sorvetes teve vendas estáveis em 1,3 bilhão de litros. Em receita, a alta foi de 11,7%, para R$ 25,7 bilhões.

Weiberg considera "inaceitável um reajuste de 650% no IPI sem consulta prévia ao setor, decidido na calada da noite". Antes, chocolates tinham tributação de R$ 0,09 (chocolate branco) e R$ 0,12 (demais chocolates) por quilo. Para sorvetes de 2 litros a alíquota era de R$ 0,10. Para fumo picado, o IPI era de R$ 0,50 por quilo. Com o novo decreto, válido a partir de maio, chocolates e sorvetes terão alíquota de 5% e fumo picado, de 30%. As alíquotas serão cobradas sobre os preços de venda dos produtos.

Na prática, o valor do IPI recolhido por potes de 2 litros de sorvete sobe de R$ 0,10 para R$ 0,75. "O setor está unido e vai lutar para que o governo volte atrás", diz Weiberg. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) informou que avalia os impactos da medida para o setor. Em janeiro, os fabricantes já haviam informado que elevariam os preços de 7% a 10%, devido ao aumento de outros custos. O setor previa demanda estável nesta Páscoa.

A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) também informou que os fabricantes vão repassar a alta do IPI de zero para 10% sobre ração para cães e gatos. O executivo não cita números, mas diz que o setor terá queda nas vendas. "As pessoas tendem a dar alimento humano aos animais, porque é mais barato", disse José Edson Galvão de França, presidente da Abinpet.

A entidade estima, pela população de animais de estimação, que o consumo potencial de ração é de 7 milhões de toneladas por ano. Em 2015, as vendas cresceram 2,8%, para 2,5 milhões de toneladas. 

Entenda o caso: 

Governo eleva IPI de chocolates, sorvetes e outros produtos

As informações são do Valor Econômico.