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Embrapa desenvolve teste que promete melhorar o diagnóstico da tuberculose

POR FLÁBIO ARAÚJO

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 17/04/2014

4 MIN DE LEITURA

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A tuberculose bovina é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium bovis que afeta principalmente bovinos e bubalinos. Ocorre em diferentes partes do mundo, causando prejuízos anuais estimados em 3 bilhões de dólares. Os programas de controle da doença, na maioria dos países, envolvem a identificação e o abate sanitário dos animais infectados, o qual reflete a maior parte das perdas ocasionadas pela tuberculose bovina. Além disso, constitui-se uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida ao homem, principalmente pela ingestão de leite cru e seus derivados, de animais infectados.

 
Embora não seja devidamente quantificável, um aspecto importante é a estigmatização das propriedades com tuberculose, já que há um receio (justificável) das pessoas em consumirem produtos de fazendas em que foi comprovada a presença de tuberculose.
 
Nos bovinos e bubalinos, a tuberculose causa lesões em diversos órgãos e tecidos, como pulmões fígado, baço e até nas carcaças. Podem ser encontradas também lesões no úbere das vacas (Figura 1). Por ser uma doença de evolução crônica (longo tempo), na maioria das vezes, os animais não demonstram alterações perceptíveis ao produtor, sendo o diagnóstico feito por meio de técnicas específicas, sob a responsabilidade de um médico veterinário.









Figura 1. Lesões tuberculosas (seta) no úbere de vaca infectada.







Fonte: Flábio Araújo. 

No Brasil, desde 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) instituiu o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e TuberculoseAnimal (PNCEBT), o qual foi regulamentado em 2004. Este programa visa baixar a prevalência e a incidência da brucelose e da tuberculose e certificar um número elevado de estabelecimentos de criação, nos quais o controle e a erradicação destas enfermidades sejam executados com rigor e eficácia, objetivando aumentar a oferta de produtos de baixo risco para a saúde pública.

O PNCEBT regulamenta o diagnóstico da tuberculose bovina no Brasil, por meio do uso de provas intradérmicas, que consistem na injeção de um composto de proteínas da bactéria denominado Derivado Proteico Purificado ou PPD. Animais infectados manifestam um aumento localizado da espessura da dobra da pele 72 horas após a injeção do PPD, o qual é medido com o auxílio de um cutímetro (Figura 2).


Figura 2. Leitura da espessura da dobra da pele com cutímetro, na prova intradérmica para tuberculose com PPD.






Fonte: Flábio Araújo. 


As provas intradérmicas são feitas por médicos veterinários, habilitados pelo Mapa, que devem marcar os animais reagentes positivos a ferro candente no lado direito da cara com um “P” (positivo) conforme Figura 3. Estes animais deverão ser isolados de todo o rebanho e sacrificados, no prazo máximo de 30 dias após o diagnóstico, em estabelecimento sob serviço de inspeção oficial indicado pelo serviço de defesa oficial federal ou estadual.






Figura 3. Animal positivo para tuberculose ao teste intradérmico, marcado na face com um “P”.





Fonte: Flábio Araújo. 


As provas intradérmicas detectam a chamada resposta imune celular dos animais à infecção por M. bovis. No entanto, esta não é a única resposta produzida na infecção. Os animais também respondem produzindo anticorpos contra a bactéria. De fato, parte dos animais, sobretudo aqueles em estágios mais avançados da doença, com lesões extensivas, passam a não responder aos testes intradérmicos (reações falso-negativas), podendo permanecer infectados dentro dos rebanhos.

O PNCEBT reconhece, em seu artigo 33, a importância da constante busca por melhores alternativas de diagnóstico, face aos avanços tecnológicos resultantes da pesquisa científica. A Embrapa, como braço de pesquisa do Mapa, tem entre as suas atribuições o papel de gerar tecnologias para o apoio aos programas sanitários oficiais. Nesse contexto, a Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS) desenvolveu um teste para a detecção de anticorpos contra a bactéria causadora da tuberculose bovina.

Este teste, denominado ensaio de imunoadsorção enzimática – ELISA, é feito usando um antígeno recombinante, ou seja, uma substância produzida por engenharia genética, o qual reage com anticorpos presentes no soro de bovinos/bubalinos com tuberculose. Ao final do teste, ocorre formação de uma coloração nas amostras positivas (Figura 4), a qual é medida em um aparelho, gerando uma intepretação de positivo ou negativo, dependendo da intensidade da coloração.

Figura 4. Placa de ELISA para tuberculose, mostrando coloração amarelada (seta) em poços com soros positivos para anticorpos contra a bactéria causadora da tuberculose bovina.



 Fonte: Flábio Araújo.

A Embrapa Gado de Corte foi contactada por uma empresa americana, em conjunto com uma distribuidora no Brasil, que mostrou interesse em comercializar o teste em diferentes países. A parceria incluiria testes de estabilidade, produção de embalagem para o kit, distribuição e validação do produto nos serviços oficiais de defesa sanitária dos distintos mercados, incluindo o Brasil.

A vantagem do uso do teste ELISA seria o aumento da cobertura diagnóstica, ou seja, quando usado em conjunto com as provas intradérmicas, animais em diferentes estágios da infecção poderiam ser diagnosticados com maior eficiência, acelerando o saneamento de propriedades com tuberculose.

Os cuidados com a tuberculose bovina podem ser resumidos nos seguintes pontos:

• Não existe vacina nem tratamento para a tuberculose bovina, portanto a prevenção da entrada da doença é a chave do controle.

• O produtor deve ter o cuidado de adquirir apenas animais negativos ao teste intradérmico para tuberculose. Quando os animais não tiverem este teste, o produtor deve solicitar o exame a um médico veterinário habilitado, antes de realizar a compra.


• Seguir a regulamentação de controle da tuberculose bovina, descrita na normativa do PNCEBT, com a identificação e eliminação de animais infectados.

• Não ingerir leite e derivados crus. Estes são veículos de diversas doenças, incluindo tuberculose.

Para saber mais, consulte o manual técnico do PNCEBT disponível AQUI:

Flábio Ribeiro de Araújo é pesquisador da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS. É também Bolsista de Produtividade Desen. Tec. e Extensão Inovadora do CNPq - Nível 2.

Página institucional: https://pandora.cnpgc.embrapa.br/staff/Flabio-Araujo
 

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JULIANA V M S TOKARSKI

JOAQUIM TÁVORA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/09/2015

Boa tarde, já podemos utilizar deste método?
IVAN TOMASI

CAXIAS DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/02/2015

Fábio, bom dia.

Minha pergunta é: qual o período de vazio sanitário, mínimo, que uma propriedade deve ter para receber novos animais depois de ter problemas com a tuberculose em todos os animais anteriores ?

Att

Ivan

Produtor rural
JALES FERREIRA RODRIGUES

SÃO PAULO - TOCANTINS

EM 19/05/2014

até q enfim teremos  mais uma ferramenta na mão para diagnostico da tb, já vi este teste vai ser uma grande ajuda para nós profissionais de campo.
FLÁBIO RIBEIRO DE ARAÚJO

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 26/04/2014

Itamar e Luis, o teste é para ser usado em conjunto com a intradermorreação, justamente para detectar animais em diferentes fases da infecção.



Luís, um abraço ao Professor Lúcio.



Marco, os testes ELISA precisam de um equipamento da sua leitura em laboratório. A Embrapa está em negociação com outra empresa, na Índia, que pretende desenvolver conosco um teste endpoint, ou seja para ser feito para animais individualmente e em condições de campo. Em breve, teremos novidades também nessa área.



Fábio, acredito que os diversos aspectos do PNCEBT devem evoluir em conjunto. Na Embrapa, estamos tentando cumprir nosso papel em desenvolver tecnologias para esta finalidade. Porém, amplas discussões devem ser promovidas e penso que são salutares.



Um abraço a todos e obrigado pelos comentários.
LUIZ CARLOS FONTES BAPTISTA FILHO

RECIFE - PERNAMBUCO - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 24/04/2014

Olá Professor Flábio, tudo bem?



Os resultados com o ELISA obtiveram boa concordância com os do teste imunoalérgico?



A ideia é utilizar o ELISA isolado ou em conjunto com o teste imunoalérgico?



Obrigado e parabéns!
FÁBIO BITTI LOUREIRO

ARACRUZ - ESPÍRITO SANTO - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 23/04/2014

ENQUANTO O PROCESSO DE REALIZAÇÃO DO EXAME COUBER EXCLUSIVAMENTE AO PRODUTOR, sem qualquer programa de apoio financeiro para os caso positivos tato de tuberculose quanto de Brucelose, teremos centenas de colegas que investiram para fazer o curso e a validação junto ao MAPA, com investimento na montagem de laboratórios que ficam as moscas, na maior parte do Brasil!

É o tipo de lei que não tem preocupação com efetiva implementação!

O próprio texto informa: não ingira leite cru. E a contaminação dos rebanhos? Dá para confiar em um sistema de processamento de leite que a cada dia denuncia formol, soda caústica, água oxigenada, e ooutras coisa mais.

A tecnologia é bem vinda, mas creio que se o be a bá fosse feito, a melhoria seria extremamente substancial e nossos colegas que investiram tempo e dinheiro poderiam ter mais uma fonte de renda digna e com convicção de estar prestando um serviço à nação!
MARCO ANTONIO RECKZIEGEL

LAJEADO - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/04/2014

Informação importante! Também espero que possamos utilizar este método à campo, com a maior brevidade possível. Principalmente se propiciar uma maior precisão no sentido de identificarmos animais anérgicos ao teste tuberculínico (os falsos negativos).

Acredito que possa ser mais uma ferramenta a nos auxiliar no saneamento das propriedades leiteiras infectadas.
ITAMAR ANDRÉ DE ARAÚJO

BOM JESUS DA PENHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/04/2014

Este teste seria para ser usado somente em conjunto com provas intradérmicas em rebanhos contaminados pra ter uma melhor cobertura no diagnostico ou poderia ser usado somente ele para identificação de animais positivos?
FLÁBIO RIBEIRO DE ARAÚJO

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 22/04/2014

Prezado Marius, estamos caminhando para ter um diagnóstico mais completo. O programa de erradicação da doença no Brasil é ainda jovem (2001) e está em ajuste para incorporar novas tecnologias.



Prezado Antônio

Estamos terminando a negociação para já iniciar a produção. Esperamos que muito em breve já saia.



Flábio Araújo
RADIF MORAES MOURAO

ITABERAÍ - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/04/2014

Excelente notícia, espero que não demoremos a usar essa nova tecnologia. Quanto mais confiável e preciso... melhor!!!
ANTONIO RENATO PACHECO

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/04/2014

Ótima matéria, como e quando nos veterinários teremos acesso a esta tecnologia?
MARIUS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/04/2014

Sou 100% a favor da exterminação da tuberculose nas propriedades de gado e principalmente o de leite.

Minha pergunta é NÂO tem formulas mais simples e confiaqveis para detectar  a doença.

Tanto nos EUA e União Europreia as sistemas de detecção e controle são muito e muito mais faceis e confiaveis sem a participação do produtor em primeira instancia,só quando detectado o estado entra em ação.Gostaria que alquem me respondese esta minha duvida.Obrigado desde Já.

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