O MilkPoint, após indicação de um de nossos leitores, realizou uma entrevista com o candidato José Mário Schreiner, para melhor conhecê-lo e questioná-lo em relação às propostas que possui para o setor, sua ligação com a pecuária leiteira e histórico político.

Acreditamos que assim poderemos identificar os (as) candidatos (as) que atuam na defesa dos interesses do setor lácteo.

José Mário Schreiner é candidato a Deputado federal pelo PSD. Confira a entrevista:

MilkPoint: Por que o senhor está se candidatando?

José Mário Schreiner: Nesse pleito estamos sofrendo um esvaziamento da bancada agropecuária na Câmara Federal. No caso de Goiás, por exemplo, importantes parlamentares que sempre tiveram a agropecuária como bandeira não estão disputando vaga na Câmara Federal. Um setor sem representantes fortes e atuantes fica à mercê de quem legisla sem conhecer as especificidades do setor, suas necessidades e sua importância. Muitas das principais decisões que afetam produtores rurais e o setor agropecuário são políticas, por isso sempre defendi que o setor precisa ter parlamentares e membros do Executivo que reconheçam a importância do segmento e sejam sensíveis às suas causas. É preciso reforçar nossa representação política, sobretudo diante do cenário de incertezas que se configura para o próximo ano. Por isso aceitei colocar meu nome a candidato a deputado federal quando fui convocado pela classe agropecuária goiana.

MilkPoint: Qual a sua ligação com o setor lácteo?

José Mário Schreiner: O Setor Lácteo está ligado às minhas raízes. Pertenço a uma família de pequenos produtores de leite e também já fui produtor de leite no Estado de Goiás. Como representante classista sempre procurei trabalhar ações e políticas para Goiás e para o Brasil com foco no crescimento e desenvolvimento da atividade leiteira. Enquanto presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), trabalhei ações políticas de representatividade para ampliar o consumo de leite em Goiás como também investi em um forte leque de programas que trouxeram rentabilidade e qualidade de vida aos produtores de leite do Estado. Programas como Balde Cheio que atende hoje mais de 1000 produtores goianos; programa Mercado Futuro Leite e Gestão da Pecuária Leiteira são alguns exemplos.

MilkPoint: Qual seu histórico político?

José Mário Schreiner: Nunca fui candidato, é a primeira vez que coloco meu nome a uma candidatura parlamentar. Mas sempre atuei com política classista, está em meu sangue. Desde os 16 anos atuo em entidades de classe e cooperativas. Sou produtor rural no município de Mineiros, onde fui presidente do Sindicato Rural do município, e participei de diversas outras associações, sempre militando em favor dos produtores rurais. Me tornei presidente da Agência Goiânia de Assistência Técnica e Extensão Rural (Agencia Rural), hoje Emater, para em seguida assumir o posto de Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Na Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sou, respectivamente, presidente licenciado e vice-presidente licenciado de finanças. E encarando mais um desafio coloquei meu nome à disposição do PSD-GO para uma candidatura a Deputado Federal.

MilkPoint: Quais serão as suas propostas para o setor lácteo?

José Mário Schreiner: Segundo o IBGE existem no Brasil mais de 1,35 milhão de estabelecimentos produtores de leite. O país é hoje o quarto maior produtor de leite do mundo e tem apresentado crescimento continuo da produção. Não obstante a toda essa potencialidade ainda temos inúmeros desafios a serem superados para que a atividade leiteira possa crescer de forma mais sustentável. Desafios como os altos custos dos insumos que compõem a dieta dos animais, a falta de assistência técnica, a capacitação dos produtores e a formalização das relações contratuais entre indústrias e produtores de leite.

Neste sentido é necessário trabalharmos algumas questões de suma importância para fazermos frente a esses desafios. É preciso atuar estrategicamente para ampliar a competitividade do setor lácteo nacional.

Dentre as várias propostas que pretendemos trabalhar destaco as seguintes:

1) Trabalhar para promover a adequação da disponibilidade de crédito aos produtores de leite. Ampliar a disponibilização de linhas de crédito específicas para a melhoria da alimentação do rebanho, para reduzir os custos de produção;

2) Buscar investimentos em tecnologias para a modernização da atividade e, assim, contribuir para a melhoria da qualidade do leite produzido;

3) Trabalhar para a manutenção e ampliação dos programas de incentivo à irrigação e o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (INOVAGRO), visando melhorar a produtividade e a rentabilidade da atividade;

4) Trabalhar para a adequação do preço mínimo do leite, conforme as características e peculiaridades das principais regiões produtoras do País;

5) Apoiar e buscar a maior capilaridade de projetos que visem levar a assistência técnica a todos os produtores de leite que necessitarem. A assistência técnica assume um papel essencial na orientação do produtor, auxiliando na escolha da melhor tecnologia e na forma de administração da propriedade. Para isso vou apoiar projetos como o Balde Cheio, o EDUCAMPO, bem como outros de suma importância para levar a assistência técnica ao produtor de leite;

6) Buscarei fomentar pesquisas nas áreas de agricultura e pecuária de precisão, para elevar a produtividade, atendendo os preceitos de sustentabilidade, qualidade e segurança alimentar;

7) O leite é um dos únicos ou se não o único produto em que não há uma formalização das relações entre produtores e indústrias. Neste sentido, pretendemos trabalhar legislações que possam garantir uma relação mais harmônica e justa tanto para produtores quanto para as indústrias de laticínios;

8) Continuar trabalhando ativamente em políticas que assegurem a qualidade do leite, aspecto de suma importância para garantir segurança alimentar e novos mercados para os produtos brasileiros.

Dentre várias outras propostas que forem necessárias para tornar o setor lácteo nacional como referência mundial de competitividade.