Nascido na Holanda, Bosch tinha 10 anos quando chegou ao Brasil com sua família. Formado em Farmácia e Bioquímica, com especialização em Tecnologia de Leite, feita na Holanda, desenvolveu toda a sua carreira no segmento de laticínios. Atuou por 20 anos na Batávia e cinco na Eleva, antes da incorporação dessas empresas pela Perdigão, além de três anos na Parmalat.

Como diretor técnico lácteo da BRF, a grande tarefa de Bosch será promover a sinergia e padronizar o modelo de operações entre as fábricas de lácteos da empresa espalhadas por todo o país.

O Jornal Cadeia do Leite, de Porto Alegre, realizou uma entrevista com o diretor técnico lácteo da BRF, que pode ser conferida abaixo.

O que é a Nutrifont?

Peter: É uma empresa formada por 50% da BRF e 50% da Carbery para processar o soro de queijo gerado nas fábricas de queijo mussarela em Três de Maio e de queijo prato em Ijuí. A fábrica foi construída para atender todas as exigências de qualidade. Passaremos por muitas auditorias e devemos estar preparados. Os produtos de Três de Maio irão para o mundo. Isso é bom, mas traz muita responsabilidade desde o produtor do campo até a indústria. O cliente quer saber de que soro o produto dele é feito, assim eles inspecionam a fábrica de queijo e querem também, saber de onde vem o leite. Consequentemente a exigência de qualidade do leite terá que subir.

Por que foi formada uma joint venture (JV)?

Peter: a BRF com a entrada da nova fábrica de mussarela na cidade de três de Maio, com capacidade de produção de 2.000 toneladas de queijo por mês, teria uma grande geração de soro, em torno de 350 milhões de litros de soro por ano. Com esse imenso volume disponível decidimos por iniciar um projeto de agregar valor ao soro. Nós tínhamos matéria-prima, mas não tínhamos tecnologia de fabricar WPC (Whey Protein Concentrate ou Soro de Leite Concentrado) e lactose. Então, fomos procurar um parceiro que tivesse a tecnologia e, principalmente, uma carteira de clientes para estes produtos e know-how de comercialização. Após muitas visitas a diversos países, chegamos à Carbery, uma cooperativa irlandesa que já produz esses itens há muitos anos.

Quem tocou o projeto na prática?

Peter: As duas pessoas que fizeram acontecer a construção da indústria foram Gary Lynch, gerente de Projeto da Nutrifont pela Carbery e Eder Marcon, gerente de Projeto da Nutrifont pela BRF. Esses dois são os grandes responsáveis pela condução das questões legais, da engenharia, etc.

Qual a capacidade de produção da Nutrifont?

Peter: 3.350 toneladas/ano de WPC e 7.500 toneladas/ano de lactose.

Quais as principais utilizações?

Peter: Os principais clientes são fabricantes de produtos de nutrição infantil, esportiva e funcionais. São produtos especiais, de alto valor agregado, e os fabricantes exigem muita qualidade.

Podemos considerar o complexo industrial de Três de Maio como o mais moderno do Brasil?

Peter: Sim. As três fábricas conjugadas, leite em pó, queijo mussarela e WPC e Lactose, utilizam a tecnologia mais moderna disponível no mundo hoje.

Além de WPC e Lactose irão produzir outros produtos?

Peter: Sim. O próximo passo será transformar o WPC em WPC Hidrolisado, que é composto de peptídeos bioativos com muitas propriedades funcionais já conhecidas e possibilita a descoberta de novas propriedades a cada dia. A Carbery tem uma relação muito próxima com a Universidade do North Caroline nos Estados Unidos, que está na vanguarda da pesquisa de Peptídeos Bioativos originários das Proteínas de Soro de Queijo.

No começo do ano o MilkPoint divulgou a inauguração da Nutrifont, que você pode reler aqui.