A vontade de conhecer as tecnologias da Embrapa Rondônia para o aprimoramento da cadeia leiteira no estado foi mais resistente que a forte chuva que caiu sobre a capital rondoniense na manhã desta quarta-feira, 24. Sob a chuva que não dava trégua, cerca de 170 produtores, estudantes e profissionais participaram do Dia de Campo de Sistema de Produção de Leite, no Campo Experimental de Porto Velho.

Os participantes percorreram quatro estações, nas quais os pesquisadores e analistas da Embrapa apresentaram soluções para recuperação e manejo de pastagens, suplementação alimentar, controle da mastite e boas práticas reprodutivas. De acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Samuel Oliveira, , o evento foi uma vitrine para a capital e o estado das tecnologias ofertadas pela Embrapa e, ao mesmo tempo, uma forma de mostrar a disponibilidade e o compromisso da Unidade para com toda a cadeia produtiva do leite.

Samuel Oliveira avaliou a presença forte do público com grata surpresa, considerando as condições adversas de tempo e a cheia histórica do rio Madeira, que tem isolado bairros e distritos da capital e municípios de Rondônia. “A resposta do público, com expressivo comparecimento, revela a grande demanda para o sistema produtivo do leite também na região de Porto Velho, em especial, em relação às tecnologias para agricultura familiar que atua na produção de leite. Para nós é motivo de muito orgulho e também aumenta nossa responsabilidade, em fornecer respostas à sociedade”, reforçou Oliveira.

Essa percepção para as necessidades da agricultura familiar, analisa Samuel, mostra a sintonia da Embrapa com a representação da cadeia produtiva do leite em Rondônia. No dia de campo, a maioria do público de produtores, era oriunda da agricultura familiar e não por acaso, pois o setor leiteiro tem forte impacto econômico e social no estado e está entre os principais meios de sobrevivência da população rural de Rondônia, estando presente em aproximadamente 83% dos estabelecimentos rurais, em sua maioria de cunho familiar, de acordo com dados do IBGE.

Diversidade de público

O casal de agricultores Feliciano Velasques e Ana Rita Souza estava muito atento a todas as informações no evento. Eles explicaram que a lida com leite é recente, por isso aproveitam todas as chances de capacitação, visando à qualidade e o aumento da produção do pequeno rebanho que possuem. “Temos apenas 10 vacas e um touro e no dia de campo notamos que estamos indo pelo caminho certo no manejo do pasto, mas que temos que ter mais atenção para a reprodução dos animais, para termos leite o ano todo e garantir todos os meses nossa renda com a produção de leite”, explicou o agricultor.

Interessados em todas as estações, também estavam os estudantes dos cursos de ciências agrárias, que representaram a maior parte do público presente. Audrey Bagoa, professora das disciplinas de veterinária e zootecnia de uma faculdade particular e que acompanhava um grupo de alunos, salientou a importância do dia de campo. “Sair de sala de aula para um evento como este, não apenas amplia o currículo dos alunos, como também os coloca mais perto do mercado, da prática profissional e amplia os horizontes, mostrando que a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias também fazem parte de suas futuras carreiras”, disse a professora.

Aproximar os estudantes dos produtores e das tecnologias da Embrapa é uma forma de investir na cadeia produtiva, como explicou Rhuan de Lima, veterinário da Embrapa e coordenador do evento, ele lembrou que além de um evento de sensibilização para as soluções tecnológicas desenvolvidas, o dia de campo é um espaço de vislumbrar parcerias, também com as universidades que, assim como os produtores que demandam tecnologias, podem demandar palestras, cursos e visitas técnicas para a Unidade. “O estudante é o profissional de amanhã que vai ajudar a fortalecer o setor produtivo do leite, que é tão importante social e economicamente para Rondônia”, avaliou.

A produção leiteira em Rondônia

Os dados do IBGE de 2012 comprovam a importância, mas também servem de alerta para o setor. Rondônia ainda é o maior produtor de leite da região Norte e responde por 43% de toda produção regional, ficando em 10º lugar no ranking nacional de estados produtores, com uma produção de 717 milhões litros por ano, entretanto, registrou queda da produção se comparados os números de 2010, quando foram produzidos 803 milhões de litros de leite. Outro dado que revela essa necessidade da aplicação de tecnologias, é a produção diária de litros por vaca, que chega a apenas quatro litros, bem abaixo da média nacional, de 5,8 litros/dias por animal.

Para Samuel Oliveira, os dados demonstram que Rondônia tem grande potencial, mas o setor precisa investir em processos produtivos mais eficientes, em uma organização mais efetiva da cadeia do leite para tornar o estado mais competitivo, buscando novas maneiras de produzir mais, com mais qualidade, e menor custo aos produtores e sustentabilidade.

As informações são da Embrapa Rondônia.