Embora o impacto do embargo russo sobre as exportações de soro de leite e lactose seja “limitado”, o preço desses ingredientes provavelmente será afetado, disse a 3A Business Consulting.

O sócio da firma de consultoria em negócios de alimentos e bebidas da Dinamarca, Tage Affertsholt, disse que o embargo russo aos queijos da União Europeia (UE) poderia indiretamente impactar os preços do soro do leite e da lactose.

Em 7 de agosto, o Primeiro Ministro russo, Dmitry Medvedev, anunciou uma barreira de um ano às importações de carne bovina, suína, frango, frutas, vegetais, queijos e leite da UE, Estados Unidos, Austrália, Canadá e Noruega.

Os Estados Membros da UE exportaram cerca de 250.000 toneladas de queijos no valor de aproximadamente €980 milhões (US$ 1,28 bilhão) à Rússia em 2013, “mas o que isso significará para soro de leite e lactose?”, questionou Affestsholt.

“O efeito será mínimo. Somente cerca de 15.000 toneladas de soro de leite e 15.000 toneladas de lactose são exportadas, mas se os preços do leite em pó desnatado caírem, afetariam os preços do soro do leite”.’

Considerando que esse leite que era usado para fabricar queijos e que sobrará no mercado seja convertido em leite em pó, Affertsholt acredita que as implicações seriam “duplas”. Primeiro, os preços do leite em pó seriam impactados negativamente por um volume adicional, disse ele. Segundo, a redução subsequente no soro de leite líquido disponível da produção de queijo “forneceria uma pressão de alta nos preços do soro do leite e da lactose”.

“Como os preços dos produtos básicos de soro do leite, como soro de leite em pó e WPC35, tendem a refletir nos preços do leite em pó desnatado consistentemente, os preços para os produtos de soro do leite são simultaneamente afetados negativamente pelos preços futuros do leite em pó desnatado e positivamente por menos oferta de soro de leite em pó”.

Produtos de soro do leite especializados, como proteína do soro do leite desmineralizada, WPC80, e isolado de proteína do soro do leite (WPI) “dificilmente serão afetados, além da influência mais geral de oferta e demanda”.

Affertsholt não estimou o impacto exato, mas disse que para os próximos seis a nove meses, o cenário deverá ser um tanto quanto negativo. “Eu cheguei à conclusão que prever preços é um jogo perigoso”, afirmou.

De acordo com o último relatório da 3A Business Consulting sobre os mercados de soro do leite e lactose, a UE e os Estados Unidos são os maiores produtores e consumidores de produtos de soro do leite. O relatório avaliou o mercado de soro de leite em pó e de proteínas do soro do leite em aproximadamente US$ 9,8 bilhões – um dado que deverá alcançar US$ 11,7 bilhões em 2017.

O mercado global para lactose, lactose farmacêutica e permeado em pó alcançou US$ 2,3 bilhões em 2013 e deverá aumentar para mais de US$ 2,8 bilhões até 2017.

De acordo com esse crescimento, direcionado em grande parte pela demanda por fórmulas infantis, produtos de nutrição esportiva e clínica, “pelo menos” US$ 2 bilhões foram investidos na produção de lactose e soro do leite em 2012 e 2013, disse Affertsholt.

A principal tendência identificada pela 3A Business Consulting é a consolidação. Essa tendência, de acordo com Affertsholt, foi exemplificada pela aquisição da firma Davisco Foods International pela cooperativa canadense, Agropur, no começo desse ano, e pelas alianças estratégicas garantidas pela Fonterra na Europa. “Isso prova que esse mercado está se tornando um negócio global”.

A reportagem é do Dairy Reporter, traduzida pela Equipe MilkPoint Brasil.