Você também está na dúvida se deve permanecer na pecuária leiteira ou produzir soja? Quem sabe os dois? Veja a opinião de profissionais e produtores!

Neste mês, João Ricardo Alves Pereira publicou no Blog AgriMilk o artigo "Produzir soja ou leite?" que teve grande repercussão entre os leitores do MilkPoint. No artigo, Pereira compara os custos de produção, a produtividade e o retorno sobre o custo total por área das duas atividades e no final sugere uma integração. Ele cita que os altos custos na produção de leite estão levando muitos produtores a abandonarem a atividade em troca da produção de soja. Contudo, houve divergência de ideias e opiniões com alguns leitores o que gerou um debate bastante produtivo e o MilkPoint considerou interessante trazer para conhecimento do demais leitores do site.

O segundo artigo escrito por João Ricardo começou com uma abordagem a respeito da supersafra cultivada em 2012/2013 e sobre o desenvolvimento da produtividade e da tecnologia de cultivo dos grãos brasileiros, e do seu desempenho nos mercados interno e externo. Posteriormente, o colunista colocou em debate um comparativo entre a produção do leite o o cultivo da soja com relação aos custos de produção, produtividade e rentabilidade do leite e da soja, expondo seu ponto de vista com base em dados levantados por um estudo realizado pelo CEPEA. Em cima deste debate iniciado por Pereira, vários comentários de leitores foram surgindo, alguns expondo contrapontos e outros complementando o assunto com novos argumentos.

O primeiro a levantar uma discussão foi Wagner Beskow, colunista do Blog Transpondo no MilkPoint. Um dos principais questionamentos de Beskow foi com relação à comparação das duas atividades que, segundo ele, estão em patamares evolutivos diferentes em termos de tecnologia, gerenciamento e qualidade do produto final. Enquanto a soja do Brasil na opinião dele já é "top", no leite, Beskow disse que há muito o que se corrigir, ajustar e ganhar. Assim, o consultor pede cuidado com a comparação. Com relação aos valores e cálculos apresentados no artigo, Beskow diz que "tudo depende de como é feito, onde, quando e sob que condições". Afinal, há diversos níveis de produtores em ambas atividades com rentabilidades completamente diferentes. Ao mesmo tempo, Beskow concorda com Pereira sobre os aspectos positivos da integração lavoura-pecuária de leite dizendo que elas tem muito a ganhar uma com a outra, caso sejam manejadas de forma adequada - ideia defendida pelo autor no final de seu artigo como uma opção de renda adicional. Ambos citaram também nos comentários a questão da área de produção. Beskow disse que "a vasta maioria dos produtores de leite do país estão em propriedades que variam de 10 a 100 ha. Soja não é viável em propriedades desse tamanho, mas mesmo assim uma fração importante destes planta soja". Pereira concorda dizendo que tem visto no Brasil situações preocupantes de pequenos produtores de leite (até 20 ha) optarem pela soja, mesmo não sendo viável, e que uma boa parte deles tem baixos níveis de tecnologia, com baixas produtividades.

Pereira coloca novamente em discussão as questões de custo de produção dizendo que o produtor de leite tem dificuldade em fazer uma eficiente avaliação econômica do seu negócio, e que, por isso muitas vezes as tomadas de decisão são equivocadas. "Muitas vezes ele não tem um bom gerenciamento e, por isso, não possui valores mais exatos do seu negócio e, ainda, se for procurar análises econômicas para nortear suas decisões vai encontrar desde valores negativos (prejuízo com leite) até valores de rentabilidade muitíssimo superiores à soja. E em nenhuma situação encontramos as planilhas 'abertas', apenas valores finais". Ele complementa o assunto em um outro comentário dizendo que acredita que a falta de informações é justamente uma das maiores dificuldades de um produtor de leite no que se refere à viabilidade econômica sua atividade.

Diante das colocações de Beskow e Pereira, o Consultor do Paraná Walfredo Genehr disse que "seria interessante para o produtor o desenvolvimento de módulos de produção que ofereçam maior eficiência no ponto de equilíbrio da produção. Bem como, avaliar qual seria o reflexo do aumento na oferta de produto no sistema de produção de leite e/ou soja, isto com relação à capacidade de consumo e remuneração do mercado consumidor". Ele diz também que o processo integração lavoura-pecuária leiteira é uma das melhores alternativas para se atingir a tão sonhada sustentabilidade em um sistema de produção, mas que é preciso mudar a forma que o produtor vê o sistema de produção. Segundo o produtor Rogério Rames Basilio, de Ipameri Goiás, não há como viver na pecuária de leite sem a ideia da integração.

É justamente neste ponto que o autor quis chegar. Apesar dos questionamentos e levantamentos da inviabilidade da substituição de uma atividade por outra por diversas razões e fatores levantados pelos leitores, Pereira diz que o objetivo do seu artigo não foi sugerir a troca de atividade leiteira por soja, mas sim de questionar o motivo que está levando produtores a fazerem isso, o que tem sido uma realidade comum. Ele diz ainda que a soja foi apenas um exemplo, pois há também a saída da pecuária leiteira para o desenvolvimento de diversas outras atividades. Além disso, Pereira insiste na defesa da integração lavoura pecuária dizendo que os produtores poderiam aproveitar esse bom momento da soja para custear a tão necessária e esperada reforma das pastagens, bem como ampliar as reservas de comida dos animais. Contudo sua preocupação é que, em alguns casos, a cultura tem concorrido com as áreas de produção de alimento no verão.

Diversos outros aspectos foram discutidos nos comentários do artigo que envolvem desde a área plantada, o nível de tecnologia empregado, os impostos pagos, à dependência de alavancagem com empréstimos, além de vários outros cálculos de custos. Leia os comentários na íntegra acessando o artigo "Produzir soja ou leite?" no Blog AgriMilk e participe também deixando a sua opinião a respeito do assunto. Para ter acesso ao artigo, basta acessar aqui.