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Os prejuízos causados pelo Estresse Térmico

NOVIDADES DOS PARCEIROS

EM 20/07/2012

8 MIN DE LEITURA

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O Estresse Térmico pode ser definido como o ponto em que o ganho de calor supera a quantidade de perda desse calor (Shearer and Beede, 1990b), e todos nós sabemos que possui importantes consequências para o bem estar e para a performance das vacas leiteiras, e tem sido relacionado como a mais importante razão para a menor produção de leite durante o verão (Armstrong, 1994; Silanikove, 2000).

A foto a seguir ilustra os desafios do Estresse Térmico no Brasil. A foto foi tirada em Junho, no meio da tarde e mesmo assim existem pontos do corpo da vaca como a cauda e o úbere (os mais brancos, conforme escala na parte de baixo da foto) com temperaturas de até 42°C.



Mudanças na genética e na fisiologia dos animais de produção estão tornando-os menos aptos a regular a temperatura corporal, especialmente as vacas leiteiras, que são selecionadas para a produção de leite.

A figura 1 nos mostra que as vacas leiteiras mantêm a temperatura normal enquanto elas estão na Zona de Conforto, ou próximo dela. A temperatura corporal se manteve ideal (em torno de 38,5°C) até que a temperatura ambiente chegou aos 25°C, mas após esse limite, subiu gradativamente, trazendo todos os prejuízos que vamos abordar neste artigo.



Vacas apresentam elevação de temperatura corporal durante o calor, pois não são capazes de eliminar de forma eficiente o calor metabólico produzido em seu organismo. Como as vacas de alta produção de leite geram mais calor que as de baixa produção, os efeitos do estresse térmico são mais intensos à medida que aumenta a produção leiteira. A depressão de fertilidade é mais intensa e mais prolongada durante o verão em vacas que produzem acima 9.000 kg de leite por lactação que em vacas que produzem entre 4.536 kg e 9.072 kg de leite. As vacas que produzem menos de 4.500 kg de leite apresentam redução menos expressiva da fertilidade (Hansen, 2010).



Isto significa que à medida que continuarmos a aumentar a produção de leite (através de seleção genética, melhores práticas nutricionais, etc.), as vacas ficarão mais suscetíveis ao estresse térmico. Muito se discute quanto à menor fertilidade atual da vaca leiteira se comparada a níveis de 20 ou 30 anos atrás. Parte deste declínio se deve à maior suscetibilidade do gado de leite ao estresse térmico.

Impacto do Estresse Térmico na Reprodução

A redução do impacto do estresse térmico sobre a reprodução é uma das maneiras de reverter parcialmente esta diminuição histórica da fertilidade de vacas leiteiras.

Considerando o comportamento das vacas, não causa surpresa de que tantos estros não sejam detectados. Em um estudo na Flórida, por exemplo, mais de 40% dos períodos de estro não foram detectados nos melhores meses. Nos meses piores, associados ao estresse térmico, o índice de falha de detecção de estro chegou a 75-80%. A dificuldade de detecção de estro durante o verão acontece, pois o calor reduz tanto a duração do estro quanto o número de montas.

Segundo Chuck, 1998 a Retenção de Placenta trará um atraso de 15 dias para a vaca emprenhar, diminuindo em 250 kg/leite na lactação, prejuízos que somados, podem custar em torno de R$300,00 a cada caso de retenção de placenta ocorrido na fazenda. Sabemos que no verão os casos de retenção aumentam consideravelmente, e os autores do experimento mostrado na Tabela 1 confirmaram isso, quando os casos de retenção dobraram (24,1 vs 12.2%) do verão para o inverno (Dubois and Williams, 1980). Ainda teremos os custos indiretos da retenção, que são: menor produção de leite no pico de lactação (em torno de 3,5kg/vaca), em torno de 30 dias a mais no período de serviço e menor taxa de prenhez (35% menor).



Diversos pesquisadores têm mostrado que as vacas sofrem mais problemas com Estresse Térmico de acordo com a região onde produzem o leite. Eles avaliaram a taxa de não retorno ao cio em dois estados americanos, a Georgia, com clima temperado e na Flórida, com clima sub-tropical e essa taxa aumentou de 60 para 210 dias. Cartmil, 2001 avaliou que sempre que o THI ultrapassou 72, as vacas foram detectadas menos em estro e a taxa de concepção foi menor. Em outra fazenda, a taxa de concepção caiu de 66 para 35% quando o THI foi de 68 para 78 dois dias antes da inseminação (Ingraham, 1976).

Os dados da Figura 3 também foram levantados por Thatcher na Universidade da Flórida e mostram claramente a taxa de prenhez caindo mais de 50% no verão, com as temperaturas médias chegando a 32-35°C se comparadas ao inverno, ao longo de 3 anos.



Como não poderia deixar de se confirmar, nossas fazendas têm grandes problemas com o Estresse Térmico, precisamos melhoras as avaliações e evitá-los. Foi realizado um levantamento de dados (Vasconcelos e outros,2010) em uma fazenda do sudoeste de Minas Gerais , com vacas holandesas em sistema de free stall, medindo-se a temperatura retal no momento da inseminação e posteriormente avaliou-se a Taxa de Prenhez, que diminuiu de 30% para 23% quando a temperatura ultrapassou 38,3°C, até menos do que a maioria das pesquisas demonstram (38,5°C).



Perdas Econômicas devido ao Estresse Térmico

Um grande levantamento de perdas econômicas foi realizado por St Pierre, 2003, para tentar medir a grandeza financeira que o Estresse Térmico traz ao dia a dia das fazendas leiteiras americanas, onde se avaliou: a queda na performance (menor produção de leite, menor ingestão e menor crescimento). Os dados climáticos foram coletados de 257 estações climáticas ao longo de mais de 100 anos, para calcular o THI máximo e mínimo e o THI limite para as vacas entrarem em Estresse Térmico (>70) em diversas localidades e para entender o período em que estes animais permaneceram em THI adverso.

A tabela 2 nos mostra o THI (Índice de Temperatura e Umidade) de acordo com as mais diversas combinações climáticas, chamando muita nossa atenção de como é fácil a vaca entrar em Estresse Térmico (faixa amarela) no dia a dia das fazendas leiteiras do Brasil.



Neste levantamento foram idealizados alguns modelos que podem predizer a capacidade aparente de diminuição de THI, de acordo com o sistema de resfriamento utilizado pela fazenda, conforme mostramos na figura 5. O gráfico da esquerda mostra um sistema moderado de resfriamento, apenas com ventiladores, já o da direita mostra como o THI reduziria quando utilizado um sistema intensivo de resfriamento evaporativo.Simulando-se um ambiente com temperatura de 35°C e umidade relativa do ar de 65%, a redução aparente do THI seria 1,01 e de 5,6, respectivamente, para os sistemas moderado e intensivo, mostrando a importância de se resfriar corretamente.

Os resultados encontrados variaram bastante entre os estados americanos, sendo os estados do norte (mais distantes do Equador) com menores prejuízos e os estados do centro-sul (Florida e Lousiania) com maiores prejuízos. Na Flórida, as vacas passaram 50% do ano em Estresse Térmico (no Brasil estima-se que seja mais de 70% do ano) e perderam aproximadamente 2.000kg de leite, aumentando em 57 os dias em aberto.

Todos esses valores nos trazem a certeza da necessidade de investimento, mas no geral, os atuais sistemas de resfriamento dos animais não são muito eficientes. O consumo de energia dos sistemas intensivos de resfriamento é alto e é necessário que se tenha eficiência física dos sistemas. Em fazendas leiteiras, é necessário em torno de 150 litros de água para resfriar uma vaca por dia, o que traz uma alta demanda de água para as fazendas dispostas a investir em aspersores.

Este levantamento mostrou que existe uma perda entre 897 milhões a 1,5 bilhão de dólares nas fazendas leiteiras americanas anualmente.



Resfriando as vacas

Em um resumo de estudos onde se resfriou os animais com aspersores e ventiladores, Armstrong mostrou aumento na ingestão de alimento (entre 7,1 a 9,2%), na produção de leite (7,1 a 15,8%) e diminuição da temperatura retal (até 0,5°C) e da frequência respiratória (17.6 a 40.6%).

Existem diversas maneiras para se resfriar os animais dependendo do sistema de produção da fazenda, mas independentemente se a fazenda produz leite com gado a pasto, confinado ou semi-confinado, investimentos devem ser realizados. Outra solução para priorizar os investimentos e primeiro investir no lote do pré-parto, local que a fazenda aloja em torno de 10% dos animais em lactação (dependendo da época do ano e da concentração de parição, um pouco mais) e que todo investimento neste local traz diversos benefícios durante toda a lactação seguinte, conforme mostrado no gráfico abaixo, quando as vacas produziram em torno de 4,0kg a mais de leite:



Em outro trabalho, Urdaz e outros adicionaram ventiladores e sombra no cocho onde 475 animais no pré-parto se alimentavam em uma fazenda de semi-confinamento. Todos os animais tinham aspersores, mas metade deles (239 vacas) teve acesso ao resfriamento adicional. O manejo desses animais no pós-parto foi idêntico. A temperatura média do lote com resfriamento adicional foi de 25,1°C enquanto que no local onde só existia aspersor, foi de 26,4°C durante toda a duração do experimento. Devido ao maior conforto, as vacas que tiveram acesso ao resfriamento com ventiladores e sombra no pré-parto tiveram uma lucratividade de US$2.131/vaca na lactação, com uma rentabilidade de 94% sobre o capital investido.

O uso de vários métodos de resfriamento pode melhorar a fertilidade de vacas sob Estresse Térmico quando comparadas com vacas não resfriadas. Devido aos efeitos negativos terem sido identificados na reprodução desde 42 dias antes da IA até 40 dias depois, deve-se prover resfriamento contínuo para as vacas. Programas de IATF (inseminação em tempo fixo) podem eliminar falhas na detecção do cio e melhorar a reprodução em períodos de Estresse Térmico.

Sempre se deve consultar algum técnico especializado para ajudar na escolha das prioridades a se investir na Fazenda. Para qualquer tipo de investimento deve-se levar em conta o retorno que ele deve trazer para a Fazenda, e, por tudo o que discutimos anteriormente, sabemos que o custo-benefício de sistemas de combate ao Estresse Térmico são positivos, e mesmo assim, deve-se saber onde melhor investir o capital disponível de acordo com o sistema de produção da fazenda. Lembre-se que, antes de discutir a necessidade de maiores investimentos em tecnologia, devemos lembrar que as vacas necessitam de água para beber, em grande quantidade e qualidade e também de sombra: requisitos básicos para as vacas produzirem leite.





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