A queda rápida do pH esta associada às bactérias lácticas homoláticas (ou homofermentativas) e a uma contagem suficientemente alta das mesmas. Sua principal função é impedir o desenvolvimento dos clostrídios presentes na forragem e sua fermentação butírica.
A conservação da silagem após a abertura do silo depende de uma perfeita compactação em primeiro lugar, como forma de impedir o desenvolvimento de fungos e leveduras, que consomem MS, elevam a temperatura e produzem micotoxinas.
Quando a uma compactação perfeita é impossível, por qualquer motivo (silos aéreos, picado grande, alta matéria seca, etc), a conservação dependerá de substancias que bloqueiem o crescimento de fungos e leveduras ( que são fungos unicelulares).
Sabemos que os ácidos graxos de cadeia curta possuem ação fungistática. Dentre estes ácidos, interessam-nos o acético e propiônico. Sabemos também que o acido propiônico é quinze vezes mais potente como agente fungistático que o acido acético. Portanto, podemos dizer que para obtermos o efeito fungistático de 1 grama de ácido propiônico precisaríamos de 15gramas de acido acético.
Algumas bactérias nos chamam atenção ao estudá-las: Lactobacillus plantarum e Pediococcus acidilacticci pela sua atuação na queda rápida do pH; e Propionibacterium acidipropionici na utilização do acido láctico para produção de acido propiônico e acético: ambos são produzidos por ela numa proporção de 2 gramas de ácido propriônico para 1grama de ácido acético .
A eficiência destas bactérias em nível de pesquisa ou a campo, esta demonstrada há mais de 20 anos em diferentes silagens.
Resultados comprovados:
1) Fazenda Tambo das Pedras – Três Pontas/a MG
Para avaliar a estabilidade aeróbica e a perda da MS utilizou-se uma preparação bacteriana composta por Pediococcus acidilacticci e Propionibacterium acidipropionici numa contagem de 200.000 UFC/grama em silagem de milho que, após o período de fermentação, foi exposta ao ar .
Avaliação dos resultados:
Como vemos, o inoculante diminui a perda de MS em 30,4% com relação à silagem controle e aumentou em 18 horas a estabilidade aeróbica.
2) Os pesquisadores J. Dairy Science ( 81: 1015-1021), T. E Dawson, S.R.Rust, M.T. Yokoyana do Depto Animal Science da Michigan State University avaliaram os efeitos de uma bactéria produtora de acido propiônico, Propionibacterium acidipropionici, na fermentação e estabilidade aeróbica de silagem de milho grão úmido. Eles concluíram que a mesma aumentou o teor de ácido propiônico com relação a uma silagem não inoculada na proporção de 0,35 VS. 0,03gr./100gr de MS, além de possuir maior teor de ácido acético, menor pH, menor contagem de fungos, leveduras, bactérias aeróbicas e matéria seca mais alta.
Após cinco dias exposta ao ar, a silagem inoculada não subiu a temperatura, apresentou 0,61 gramas de acido propiônico por 100 gramas de MS vs.“zero” gramas na silagem não inoculada, e a matéria seca foi mais alta.
3) O Dpto Animal Science da Faculty of Agriculture de Bursa, Turkey, publicou no Jornal of Applied microbiology ( 2004 – 97- 818 – 826) uma análise sobre a eficiência da inoculação com Propionibacterium acidipropionici na estabilidade aeróbica de silagens de milho, sorgo e trigo, comparadas a silos controles. Após o período de fermentação as silagens foram expostas ao ar.
As silagens inoculadas com Propionibacterium acidipropionici apresentaram maiores teores de acido acético e propiônico; a contagem de fungos e leveduras foi menor, bem como a produção de CO² (gás carbônico) e a estabilidade aeróbica foi maior.
Na conclusão os mesmos pesquisadores relatam: “Propionibacterium acidipropionici foi muito efetiva na proteção de silagens de trigo, sorgo e milho expostas ao ar, o que demonstra que as condições ácidas do silo foram benéficas para esse micro organismo”.
Como dito anteriormente, a utilização de bactérias com propriedades fungistáticas é aconselhada sempre nas silagens de grão úmido/hidratado; em forragens, sua utilização somente é necessária quando seja impossível garantir uma perfeita compactação do silo.
Observação:
Ao selecionar bactérias produtoras de ácido propiônico, observe que sejam da espécie Propionobacterium acidicipropionici. Há vários trabalhos publicados que demonstram a ineficiência da propionibacteriun freudenrichi, por exemplo, e a razão é simples: esta bactéria se inativa a pH 5,2 e não tolera, portanto, o baixo pH de uma silagem, que varia entre 3,8, e 4,0.