O que podemos esperar após a pandemia? A maioria dos economistas espera um momento de recessão, claramente demonstrado por quedas significativas nas bolsas de valores de todo mundo. Outra parte começa a desenvolver teorias da conspiração sobre as grandes economias mundiais — em especial a China — beneficiando-se desse momento para comprar ações, companhias e, obviamente, terem desenvolvido o vírus que causou todo impacto. Por outro lado, o agro não pode parar! As pessoas precisam comer.
É óbvio pensarmos que as coisas irão mudar! As relações já estão e irão mudar mais ainda, pois o isolamento prolongado e as redes sociais com suas fake news, discussões e reflexões impactam profundamente. Nossas casas cheias aproximam nossas famílias e distanciam nossos colegas. As relações de trabalho começam a mudar, permanecendo as realmente relacionais e indo-se as transacionais. Em um meio em que o cliente sempre tem razão, somente aqueles que estão cultivando a amizade, relacionamento e convivência conseguem continuar vendendo. Aqueles que dependiam de visitas, de discussões acaloradas com “puxa-saquismo”, se vão, se perdem e irão desfalecer.
Por trás de toda a crise temos que olhar as oportunidades, frase pronta e de muita veracidade. Principalmente nas postagens de redes sociais daquela tia, daquela senhora, ou daquele senhor que gosta de apimentar nossos grupos com encaminhamentos todos os dias. Pois bem, existe um ciclo na Terra, uma geração de movimentos que geram desconforto e, assim, crise, mudança e evolução. Não somente na teoria Darwiniana, mas no contexto da mudança necessário para as empresas adaptarem-se ao novo momento.
A crise de proporção global surpreendeu empresas dos mais diversos tamanhos e setores, incluindo executivos experientes e consultores. “Se me pedissem hoje para fazer um plano estratégico, estruturar uma empresa na área de inovação, eu não saberia nem me comportar”, diz Fabian Salum, professor de estratégia, modelo de negócios e inovação da Fundação Dom Cabral. Ele conta que os empresários com quem tem contato partilham do mesmo sentimento: todos estão repensando tudo, de modelo de negócios à relação com a tecnologia.
Em meio a um mar de incertezas, há uma percepção que parece unânime: a crise do coronavírus terá efeitos perenes sobre a forma de trabalhar. O isolamento vai provocar a criação de novos hábitos e comportamentos no universo corporativo, com revisão das reais necessidades de se manter processos e estruturas.
“Algo que pode ter um efeito marcante é a preocupação com as pessoas”, diz Joana Story, professora de gestão na Fundação Getúlio Vargas. “Estamos lidando com uma questão global que tem impacto nas pessoas e é preciso entender que os modelos de gestão serão diferentes. Não se pode priorizar o lucro neste momento: o gestor deve pensar de forma mais ampla sobre as consequências e impactos sociais para resolver a crise.”
A forma como atenderemos os produtores, a preocupação das pessoas de como está sendo produzido o leite, a relação da produção com a cidade, a aproximação da cidade do campo, o isolamento e a preocupação com o próximo, os números da redução dos gases nocivos ao meio ambiente e a globalização em si, o pensamento da universalidade, de modo que o ocorrido em qualquer país, ou local, poderá afetar nossa fazenda diretamente no interior do Brasil. São especulações, posições e certezas que nas próximas semanas poderão se concretizar. A relação de compra, tecnologia, lógica de funcionamento das organizações, tudo irá mudar.
O desemprego por trás da crise baterá naqueles que não enxergaram a necessidade de atualização. A economia mudará e, por consequência, a lógica de se trabalhar e por fim, a lógica de produção. Aonde está, portanto, a oportunidade nisso tudo?
A cadeia láctea terá oportunidade de demonstrar o zelo na produção, o impacto positivo de suas iniciativas para evitar que outras pandemias ocorram. A forma de comercialização irá mudar pensando em uma estrutura relacional, conectando compradores e vendedores que irão cuidar ao máximo de seus clientes, colaboradores e família.
As startups, consultores, sistemas de controle e tecnologias que podem mudar isso estão à porta. Começamos a era de oportunidades para vender melhor, construir melhor e desenvolver habilidades.
Começaremos uma era em que as visitas dos consultores nas fazendas será focada nas vacas, no trabalho e no processo. Passaremos mais tempo no que é necessário e menos tempo nos momentos de pouca produção. O processo será mais claro, mais rápido, mais focado e com toda certeza, trará oportunidades para profissionais que focam no que é de valor.